Ainda no recente Salão de Buenos Aires, em junho, Jaime Ardila, presidente da GM América do Sul, repetia incansavelmente para os jornalistas brasileiros presentes no evento que o Chevrolet Tracker — que estava sendo lançado por lá — era carta fora do baralho no Brasil. O motivo, explicava, seria a impossibilidade de importá-lo por conta do limite no acordo entre o México (o modelo é produzido na unidade de San Luis Potosí) e o nosso país. A “cota” da fabricante estaria sendo preenchida pelo Captiva e pelas duas versões do Sonic, que são oriundas da mesma fábrica.
Em pouco mais de um mês, porém, deve ter ocorrido alguma grande mudança na estratégia da fabricante, pois no dia 13 de julho, um domingo, a GM organizou uma grande festa para convidados VIPs, onde anunciou (com direito a comercial em TV), entre outras coisas, que vai, sim, trazer o Tracker do México. O crossover (como a empresa o define), aliás, é uma das estrelas da nova campanha publicitária da marca, ao lado de Sonic, Camaro, S10 etc. A data de sua chegada, contudo, não foi confirmada. Mas, de acordo com alguns concessionários presentes à cerimônia, a estreia deverá ocorrer em meados de outubro.
Seja qual for o motivo que levou a GM a mu- dar de ideia, o fato é que o consumidor brasileiro ganhará uma opção interessante no segmento dos SUVs/crossovers compactos.
Recordando, o Chevrolet Tracker (que é oferecido como Trax no México) utiliza a mesma plataforma do Sonic e o conjunto motriz do Cruze (motor 1.8 Ecotec e câmbio automático de 6 marchas).
À primeira vista, pode parecer um conjunto bastante satisfatório, afinal, o propulsor gera 140 cv e 17,9 mkgf para movimentar um crossover de 4,24 m de comprimento, 1,77 m de largura e 2,55 m de entre-eixos. Para efeito de comparação, o EcoSport possui os mesmos 4,24 m de comprimento, 1,76 m de largura e 2,52 m de entre-eixos. Um empate técnico, portanto. A diferença é que o Ford traz motor 1.6 com 115 cv e 15,9 mkgf (com etanol) e é flex. Além disso, o EcoSport é mais leve, com 1.243 kg, enquanto o Tracker pesa 1 380 kg, uma diferença considerável.
Além disso — e não menos importante — é que, ao rodar com o crossover, fica nítida a preocupação que os engenheiros da GM tiveram com a economia de combustível. Assim, embora o Tracker exiba mais potência e torque, não será surpresa se, na pista de testes, o Ford EcoSport se sair melhor.
No quesito comodidade, se o modelo produzido na Bahia traz, como um de seus destaques, o sistema multimídia Sync, o Chevrolet investirá na interface MyLink, pela qual aplicativos do telefone celular podem ser conectados. O sistema deverá ser item de série na versão mais sofisticada do Tracker, assim como o volante multifunção e os controles eletrônicos de estabilidade e de tração.
A suspensão do modelo mexicano não deverá sofrer grandes mudanças para o Brasil, já que as características de terreno e a (má) qualidade do piso são similares. Durante a avaliação, o conjunto mostrou qualidades, equilibrando conforto e estabilidade.
Um aspecto no qual o Tracker se destaca é no espaço oferecido aos ocupantes do banco traseiro, bastante elogiável, mesmo com a presença de um terceiro ocupante. O porta-malas, em compensação, é um pouco menor que o do — já criticado — Ford. (São 356 litros do Chevrolet contra 362 litros).
No México, o crossover está disponível em três versões: LS manual, LT automática e LTZ (também automática), a topo de linha. No Brasil, especula-se que haverá apenas duas. A grande expectativa fica por conta do preço.
Ficha técnica – Chevrolet Tracker LTZ
Motor 4 cilindros em linha, dianteiro, transversal, gasolina; Cilindrada 1.796 cm3; Cabeçote 4 válvulas por cilindro; Potência 140 cv; Torque 17,9 mkgf; Câmbio automático, 6 marchas; Tração dianteira; Rodas liga leve, 18”; Comprimento 4,24 m; Largura 1,77 m; Altura 1,67 m; Entre-eixos 2,55 m; Suspensão dianteira McPherson; Suspensão traseira eixo de torção; Porta-malas 356 l; Peso 1.380 kg