A chegada da nova geração do Ford Fusion ao Brasil reforça a evolução da imagem em uma categoria que, há pouco
tempo, era satirizada como a classe dos tiozões ou a preferida dos vovôs. De fato, os preços dos sedãs executivos continuam mais condizentes com o público (digamos) maduro. Mas qual meninão teria coragem de rejeitar um três-volumes de design despojado e repleto de tecnologia?
Difícil hoje é escolher o melhor negócio, pois as opções são muito atrativas na faixa dos R$ 116.000. Com essa quantia é possível comprar, e ainda guardar troco, a versão Titanium – top de linha – do lançamento da Ford, equipada com motor 2.0 turbo de 240 cv e tabelada a R$ 114 990. No entanto, por R$ 1 000 a mais, surge o belíssimo Kia Optima na configuração top, com o valente propulsor 2.4 de 180 cv.
Semelhanças entre os carrões não faltam. Além do visual sedutor e dos “corações” movidos a gasolina, são dotados de câmbio automático de 6 marchas, espaçosos, confortáveis e recheados de itens de série. Ambos trazem, por exemplo, bancos de couro, teto solar, sensor e câmera de estacionamento, controle eletrônico de estabilidade (ESP), botão start
-stop para dar a partida sem uso de chave, bancos com regulagem elétrica, entre outros.
Mas o Fusion, mesmo custando menos, está um degrau acima em termos de tecnologia se comparado ao rival sul-coreano e, por isso, o superou no comparativo.
Entre os recursos diferenciados há o assistente de estacionamento (basta pressionar um botão no console e dar seta para o aparato encontrar uma vaga e estacionar o carro sozinho), faróis adaptativos (que diminuem de intensidade ao cruzar com veículos na faixa contrária) e o SYNC, que permite acionar inúmeros dispositivos por comando de voz, como a temperatura do ar-condicionado ou um lugar para comer, via GPS.
No Optima, nem o navegador é disponível de série, tampouco o sistema de som com conexão Bluetooth. Disponível só como acessório, a central multimídia supre a ausência desses recursos e sai por R$ 4.900.
O Fusion, no entanto, também dá suas escorregadas. Ao contrário do Kia, ele não traz LEDs de iluminação diurna, faróis de xênon e rebatedor elétrico dos retrovisores. De acordo com a Ford, são itens que não importam muito para o consumidor… Será?
Outra vantagem do Optima surge no espaço interno. Mesmo com entre-eixos menor que o do Ford, o Kia parece uma mansão para quem viaja no assento traseiro, inclusive se os ocupantes da frente jogarem os bancos para trás.
Não pense, porém, que o Fusion seja apertado. O espaço é amplo, mas as pernas ficam menos folgadas nele, e a cabeça dos grandões, rente ao teto. A compensação desses detalhes surge nos mimos, como a tomada de 110V no console, que pode servir para o passageiro recarregar o notebook.
Para quem dirige, a satisfação é plena nos dois modelos – embora o campo de visão seja melhor no sedã sul-coreano. Tanto no Kia quanto no Ford é muito simples encontrar a posição ideal de pilotagem, e, nos volantes de excelente empunhadura, há botões para controlar piloto automático, computador de bordo e rádio, além de aletas para trocas sequenciais das marchas.
A assistência elétrica no Fusion, contudo, proporciona maior fi rmeza na condução. Em altas velocidades, a hidráulica do Optima perde esportividade em função do excesso de leveza.
No desempenho, os 240 cv do motor 2.0 turbo do sedã da Ford já dão a dica de sua maior competência frente ao bloco aspirado de 180 cv do Kia. Com tração integral, o Fusion chega a 100 km/h em 7s7 – para o rival, são necessários 10s1 – e, graças ao torque de 34,7 mkgf (ante os 23,6 mkgf do oponente), é mais ligeiro nas retomadas de velocidade.
O câmbio de ambos são eficientes nas mudanças de marcha, executadas sem trancos. Mas, no Fusion, as respostas são um pouco mais imediatas, reforçando a superioridade em performance.
Para compensar essa derrota, o Optima confere maior audácia em estabilidade, tendo suspensões um pouco mais firmes e carroceria que não desagarra do solo, mesmo se entrar em uma curva em velocidade exagerada.
No duelo de consumo, eles são equilibrados. Enquanto um vai bem na cidade (Optima), o outro apresenta melhores médias na estrada (Fusion). As principais disparidades, para o azar do Kia, surgem na manutenção. Não há LED ou roda bonita que compense um pacote básico de peças R$ 3.586 mais caro, não é?
Conclusão:
1º) Ford Fusion Titanium: 7,2
O bonitão ganhou por estar um passo à frente em termos de tecnologia. Custa menos que o concorrente e entrega mais recursos, como Park Assist e sistema de comando de voz. Outra vantagem do Fusion surge no desempenho e no melhor plano de manutenção, tanto para as revisões quanto para as peças de reposição. O seguro, porém, não é baixo.
2º) Kia Optima: 7,0
No conjunto, o Optima não fica muito atrás do novo rival (as notas confirmam isso) e ele até oferece componentes indisponíveis para o Ford, como faróis de xênon. Porém, a lista de itens de série do Kia é muito menos generosa. Um carro desse nível não pode estar desprovido de GPS e Bluetooth. Além disso, merecia ter peças mais em conta.
SEU BOLSO Ford Fusion Kia Optima
Preço real R$ 112 900 R$ 115 900
Desvalorização (1 ano) 8,5% 9,1%
Garantia 3 anos 5 anos
Seguro R$ 3 450 R$ 3 285
Pacote de peças R$ 6 617 R$ 10 203
Taxa de fi nanciamento 1,4% a.m. 1,4% a.m.
Revisões (até os 30 000 km) R$ 1 255 (estimada) R$ 2 016
MEDIÇÕES Ford Fusion Kia Optima
Aceleração (em segundos)
0-80 km/h 5,4 6,9
0-100 km/h 7,7 10,1
0-120 km/h 10,7 13,9
Retomada (em segundos)
40-100 km/h em Drive 6,5 8,8
60-120 km/h em Drive 7,3 9,4