A Aston Martin tem um plano ambicioso: até 2020, a fabricante vai investir 500 milhões de euros na remodelação de seus veículos, além de lançar novos modelos – incluindo um crossover. A primeira novidade é o DB11, cuja chegada ao mercado europeu está prevista para o segundo semestre deste ano, sucedendo o DB9.
Quem imaginava que esse cupê seria o primeiro da marca a possuir um motor V8 desenvolvido pela Mercedes-AMG sob o capô, e se preparava para o choque que isso poderia causar, o DB11 traz um alento: ele ainda conta com um indefectível V12 construído pela própria Aston Martin.
A novidade é que o motor é superalimentado por turbo e, assim, tem cilindrada menor. São “apenas” 5,2 litros contra 5,9 do DB9, mas, em compensação, o DB11 conta com 608 cv e 71,4 mkgf, em vez de 517 cv e 63,2 mkgf do anterior. Sem falar no peso, que, em relação ao DB9, é 15 kg menor.
Pode parecer pouco, algo como a azeitona no Martini de James Bond, mas o fato é que a aceleração de 0 a 100 km/h, agora, é feita em apenas 3s9, enquanto o cupê antigo necessitava de 4s6, de acordo com os dados da própria Aston Martin. A velocidade máxima é de 322 km/h (317 km/h antes). O câmbio segue sendo automático da ZF, mas com oito marchas. A tração é traseira.
Por conta das rígidas normas europeias, a fabricante britânica tratou de equipar o novo cupê com sistema Start-Stop e desligamento parcial dos cilindros, o que proporciona economia de até 20% no consumo de combustível.
TRUQUES AERODINÂMICOS
Existe ainda uma inovação no DB11 que parece até brincadeira. “Pela primeira vez, demos função aerodinâmica para as saídas de ar laterais”, explica Ian Minards, diretor de produto da Aston Martin. Até então, as tradicionais “brânquias” junto às caixas de roda nos Aston Martin eram apenas enfeites, recurso adotado desde o DBS de 1967. Agora, eles não só ajudam a extrair o ar quente dos freios carbonocerâmicos dianteiros, como também o direcionam para entradas de ar junto das colunas traseiras.
O mais interessante é que todo esse ar captado é enviado para uma pequena saída sobre a tampa traseira denominada AeroBlade. De acordo com a Aston Martin, o ar que sai desse dispositivo, sob pressão, gera pressão aerodinâmica na traseira e, consequentemente, mais estabilidade. “Esse recurso nos permitiu dispensar o uso de uma asa traseira, apêndice que não se encaixaria bem no visual do carro”, explica Minards. Só a partir de 145 km/h, aproximadamente, um pequeno defeletor se abre na traseira, mas sem aumentar o arrasto do veículo, de acordo com a fabricante.
O visual é complementado por outros detalhes inovadores. Por exemplo: os faróis, agora, são inteiramente de LED (incluindo luzes de condução diurna), a tradicional grade frontal está maior e atrás as lanternas têm desenho futurista – e também utilizam LED. Curiosidade: os arcos do teto sempre têm acabamento de alumínio, independentemente da cor da carroceria.
ACABAMENTO ARTESANAL
Por dentro, como não poderia deixar de ser, o DB11 exibe um padrão muito elevado de requinte. Por conta do desenho das portas, suas extremidades erguem-se levemente quando abertas, criando um efeito interessante. Ao se acomodar no banco do motorista, a perna esquerda fica próxima de uma etiqueta com a inscrição “Built in England” (construído na Inglaterra). O revestimento de couro dos bancos e dos painéis é tão suave quanto o rosto de qualquer Bond girl.
A posição de dirigir é agradavelmente baixa, mas o quadro de instrumentos está em posição muito elevada (era melhor no DB9), atrapalhando um pouco a visibilidade logo à frente. O novo cupê não é muito maior em relação ao seu antecessor, mas o espaço interno é mais bem aproveitado. “Deslocamos os elementos internos para a frente”, conta Minards. “Isso criou mais espaço”, explica. De fato, o carro não deve nada em relação ao rival Porsche 911, por exemplo.
O volante revestido de couro tem manuseio perfeito, enquanto as bem dimensionadas borboletas para troca de marchas manual estão muito bem posicionadas. Mas, à frente do motorista, os instrumentos com acabamento metálico e números brilhantes são itens do passado. No DB11, o condutor conta com um grande mostrador digital de 12” que exibe rotação do motor, velocidade e marcha com destaque. As demais informações estão em escalas ao redor. Ar-condicionado, áudio, telefone e navegador são controlados pelo sistema Comand, com uma espécie de mouse no console central. Isso mesmo, a Aston Martin adotou o equipamento usado nos Mercedes-Benz em seu novo cupê, informação confirmada por Ian Minards. Isso se deve à parceria tecnológica firmada com a fabricante alemã.
A utilização do equipamento, como ocorre nos Mercedes, deveria ser mais amigável, mas está longe de ser incômoda ou confusa. É questão de costume, e o sistema funciona muito bem. No painel, destaque para a tela tátil, por meio da qual se pode personalizar diversos parâmetros do cupê. Logo abaixo, os belos botões de cristal que acionam o câmbio e, no meio deles, a tecla maior, com destaque, que desperta o potente V12 – biturbo, mas um legítimo Aston Martin.
| DADOS DE FÁBRICA | Aston Martin DB11 |
| Motor | V12, dianteiro, longitudinal, biturbo com intercooler, gasolina |
| Cilindrada | 5.204 cm³ |
| Potência | 608 cv a 6.500 rpm |
| Torque | 71,4 kgfm a 1.500 rpm |
| Câmbio | Automático, 8 marchas |
| Tração | Traseira |
| Suspensão (d/t) | Independente/Multibraço |
| Pneus (d/t) | 255/40 R20 / 295/35 R20 |
| Dimensões (C/L/A) | 4,75 m/1,95 m/1,29 m |
| Entre-eixos | 2,80 m |
| Peso | 1.770 kg |
| DESEMPENHO | |
| 0 a 100 km/h | 3s9 |
| Velocidade máxima: | 322 km/h |




