Substituto do extinto Gol G4, o up! passa a ser o carro mais barato da linha Volkswagen no Brasil. Com projeto moderno, ele passa a ser uma das melhores opções entre os hatches de entrada no que diz respeito a segurança, manutenção/reparabilidade, consumo e desempenho.

A equipe da Revista Carro e do Carro Online passou alguns dias com a versão mais acessível do modelo, a take up!, tabelada em R$ 28.900. Confira as opiniões: 

Leda Silva, editora de arte da Revista Carro

A proposta da VW com seu novo compacto de entrada até que é boa, mas rodar na cidade de São Paulo a bordo da versão básica take up! realmente é bem difícil. Ela não conta com ar-condicionado, direção elétrica ou conta-giros. Nem sequer um simples relógio você vai econtrar no painel. No dia a dia, entre ir para o trabalho e pegar as crianças na escola, a extrema simplicidade do modelo não me agradou. Rodei pouco com o up!, mas mesmo assim senti falta dos itens de conforto citados. 

Dentro do carro a posição ao dirigir é bem agradável, considerando a comodidade proporcionada pela regulagem de altura do banco. Gostei da dirigibilidade, assim como do desempenho, o qual me pareceu bem adequado considerando sua proposta. Teria sim um up!, só que pelo menos a partir da versão intermediária move up!.  

Wilson Toume, editor-chefe da Revista Carro

Lembro perfeitamente do meu primeiro contato com o Ford Ka. O ano era 1997 e, naquela época, trabalhava na mais antiga revista especializada do país. Assim que o pequenino chegou à redação, fui vê-lo na garagem do prédio e voltei encantado. O visual simpático e totalmente diferente de qualquer outro modelo e as soluções até então inéditas (como o porta-luvas “destacável” ou o gigantesco porta-objetos no descansa-braço traseiro) faziam o Ka se destacar. Antes dele, em 1995, o Renault Twingo havia causado impacto similar, assim como o Chevrolet Corsa, que inovou ao popularizar a injeção eletrônica no Brasil. Em comum, esses três modelos inovaram com seus estilos diferentes e logo se tornaram queridinhos entre os brasileiros.

Agora, a Volkswagen parece querer conquistar sucesso semelhante com o recém-lançado up!, um modelo tipicamente urbano e que nasceu para transportar 4 passageiros (embora por aqui a fabricante diga que ele leva cinco). A minha primeira impressão foi positiva, já que avaliei a versão completa, equipada com ar-condicionado e sistema multimídia. Agora, porém, foi a vez da configuração inversa, a “pelada”, que trazia apenas ar quente, acionamento elétrico dos vidros dianteiros e rádio como opcionais.

O comportamento do pequeno VW não me decepcionou, embora a direção sem assistência tenha causado uma certa estranheza (fazia tempo que não dirigia um carro sem direção hidráulica). O up! não nega a origem e exibe os conhecidos (bons) atributos dos modelos da marca: suspensão firme, agilidade, boa posição de dirigir e câmbio excelente. Sem falar do ótimo motor tricilíndrico. Mas o “hatchzinho” não empolga.

Ao contrário do que ocorreu com os já citados Ka, Twingo e Corsa, ninguém torce o pescoço ao ver o carro passar na rua. Parado no estacionamento de um supermercado, nem mesmo as mulheres (naturalmente mais curiosas quando se trata de compactos) se dispuseram a examinar o up! de perto. Enfim, a novidade da VW parece apenas mais um carro na multidão. E, antes que me crucifiquem, eu não acho o carrinho feio. Na minha opinião, ele é apenas insosso. Com uma pintura mais chamativa e rodas de liga leve um pouco maiores pode ser que melhore. 

Mas, no fundo, acho que nem foi essa a intenção dos desenhistas do carro. Reflexo de uma época na qual tudo tem de ser feito para ser “compartilhado”, os automóveis hoje perderam a identidade. Todos têm de seguir um padrão estético e utilizar o maior número de componentes comuns com outros modelos da mesma marca. Com isso, o resultado é uma série de carros parecidos. Bancos dianteiros que reclinam e se transformam em camas, como no Twingo? Não pode. Painéis com quadros de instrumentos exclusivos, como no Ka? Também não. 

A situação do up! poderia ser melhor se o carrinho, ao menos, fosse barato. Mas essa mesma versão de entrada take up! com os opcionais custa salgados R$ 32.330. Daí fica complicado. Ainda mais porque a concorrência oferece modelos mais em conta. Se mantiver esses preços, acho difícil o novo citadino da VW se tornar um campeão de vendas. Por mais que ele seja seguro e econômico.

Mário Sérgio Venditti, diretor de redação da Revista Carro

“Achei o carro apertado por dentro”, me atrevi a dizer a um colega jornalista sobre o novo VW up!, do alto de meu 1,83 m. Pra que? Tive que ouvir um sermão: “A gente é muito crítico. É preciso avaliar a proposta dele. O up! é um modelo urbano, pequeno, ideal para percurso urbano, blá-blá-blá…” Desculpa aí, não fui eu que anunciei o up! para cinco pessoas, mas sim a fabricante. E, por favor, três ocupantes lá atrás só se forem crianças. Adultos, apenas com muita boa vontade. E disposição para ficar espremido…

O take up!, versão básica que ficou alguns dias com a equipe do Carro Online, veio levemente recheada com alguns opcionais. Com eles, o valor original de R$ 28.900 salta para R$ 32.330. Na minha opinião, é um preço salgado para um compacto que ainda assim não tem ar-condicionado e que só abre as portas com a chave na fechadura. 

Os itens que deixam o take up! ainda mais caro são: pintura prata lunar (R$ 1.030), aquecimento (R$ 460), sistema s.a.v.e (porta-malas ajustável, R$ 150), rádio (R$ 530), preparação para som (R$ 330), alto-falantes (R$ 230), acesso fácil (R$ 700). O total para deixá-lo um pouco mais equipado é de R$ 3.430,00. Ok, modelo é seguro, conforme resultados de crash tests, mas não considero o desenho dele tão moderno como querem apregoar, com todo respeito ao designer brasileiro Marco Pavone. Para mim, a Volkswagen forçou no preço.

É comum uma novidade chamar atenção nas ruas e até ser objeto de muitas perguntas no trânsito, nos postos de gasolina etc. Isso não aconteceu com o take up! Passou batido por onde andei. Em movimento, justiça seja feita, o compacto é ligeiro. Mesmo com um motor um pouco “preso”, o carro se dá bem com o 1.0 de 3 cilindros, tão festejado atualmente na indústria automotiva e que desenvolve 82 cv quando roda com etanol. Gostei também do câmbio, com mudanças precisas e suaves.

Se por um lado temos um Volkswagen seguro, com mecânica confiável (um grande trunfo da marca) e manutenção sem excessos nos valores; do outro, há um descompasso no preço, tema que a fabricante poderia rever. Tecnicamente, o up! é ótimo. No bolso, porém, é capaz de deixar o consumidor down.  

Leonardo Barboza, editor de testes da Revista Carro e do Carro Online

Dentre os populares, achei o up! sensacional. O seu acabamento é impecável e o design é bem moderno, lembrando, algumas partes, o Smart.

A sua dirigibilidade é muito boa e prazerosa. A suspensão, mesmo sendo justa, absorve todas irregularidades do terreno e não deixa a desejar na estabilidade.

O conjunto propulsor e a transmissão levam mais um ponto de vantagem, o motor de três cilindros proporciona sempre um bom desempenho, a qualquer hora que você precisa de alguma retomada, ele sempre está “cheio” e com bom torque.

Mas como nada é perfeito, o preço me desapontou um pouco. Se eles querem entrar no jogo dos “populares”, por esse valor ele dificilmente vai emplacar. 

Vinicius Montoia, repórter da Revista Carro e do Carro Online 

Fiquei decepcionado com o Volkswagen up!. Sempre elogiei o acabamento dos carros da marca, desde os mais baratos até os mais caros. Mas, depois de deixar o carro exposto para que os nossos leitores opinassem (acompanhe a nossa reportagem em vídeo do Teste do Leitor), percebi que o modelo testado tinha problemas graves. Um deles, por exemplo, foi o vidro elétrico. Presente nas portas dianteiras, o mecanismo mostrou-se lento na subida e, do lado do motorista, ele chegou ao cúmulo de desencaixar da guarnição durante nossa avaliação. 

A versão que testamos é muito básica para custar mais de R$ 27.000. Além disso, como você poderá conferir no vídeo, muitos leitores disseram que ele é feio. Além disso, o nome pode ser um problema, uma vez que muitos deles erravam a pronuncia em um primeiro momento. Levará certo tempo até que todos se acostumem com o compacto, que veio para o país com uma missão difícil: substituir o Gol G4, que era até então o veículo mais barato da marca no país.

O consumo ficou em 10,2 km/l em perímetro urbano e 15,7 km/l na estrada, abastecido somente com etanol. São ótimas médias do motor tricilíndrico 1.0, com 82 cv de potência e 10,4 mkgf de torque.

Apesar dos porta-objetos pequenos na parte traseira do carro, ele até que oferece bastante comodidade mas bem que poderia ter um espelho de cortesia do para-sol do motorista. Chega a ser mesquinharia essa economia da VW. 

Márcio Murta, repórter da Revista Carro e do Carro Online 

Vejo todas as versões do Volkswagen up! como uma pequena incógnita. Ele é um carro muito bom de dirigir: embora a suspensão tenha curso pequeno, ele é confortável e tem boa estabilidade, a direção tem peso agradável, o motor 1.0 tricilindrico tem ótimo desempenho, o câmbio manual é fácil de manusear, e ele ainda é seguro — como comprovou o crash test realizado pela Latin NCAP.

Mas o up! passa longe de ser um carro perfeito: apesar do bom funcionamento, o propulsor é, literalmente, “vibrante” quando em marcha lenta (especialmente quando o ar-condicionado encontra-se ligado), o espaço interno não é destaque perante a concorrência, e a lista de itens de série é enxuta… O up! não precisava ser tão caro.

Curiosamente, apesar de ser um lançamento, o VW não chamou atenção nas ruas enquanto realizei meu longo test drive: um feito totalmente diferente do que vivenciei com o lançamento do Novo Fiat Uno, em que fui abordado por algumas pessoas, e reuni pequenos grupos de curiosos quando parei para abastecer — talvez porque eu tenha abastecido pouco com o VW, afinal, ele é extremamente econômico. Mas esse foi um fator que me chamou a atenção: imaginava que o compacto se destacaria mais.

Posicionado em um segmento de entrada, onde cada centena de reais faz a diferença para o consumidor, o up! pode ter dificuldades para convencer o consumidor a desembolsar uma quantia maior por menos equipamentos de série, em especial na versão de entrada take up!, considerada para nossa avaliação aqui. Tecnicamente o vejo como um produto muito bom, mas cujo valor está acima do que ele vale.

Ficha técnica – Volkswagen take up!

Motor 3 cilindros, dianteiro, transversal, flex; Cilindrada 999 cm3; Potência (E) 82 cv a 6.250 rpm; Torque (E) 10,4 mkgf a 3.000 rpm; Câmbio manual, 5 marchas; Tração dianteira; Comprimento 3,60 m; Largura 1,64 m; Altura 1,50 m; Entre-eixos 2,42 m; Porta-malas 285 litros; Peso 910 kg 

Nossas medições (versão avaliada) 

Aceleração 0-100 km/h: 13s7
Retomada 60-120 km/h em 4ª: 22s3
Frenagem 80 a 0 km/h (m): 27,8
Consumo cidade (km/l): 10,2
Consumo estrada (km/l): 15,7
Ruído a 120 km/h em 5ª (dB): 65,5 dB

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