Se alguém perguntasse a você qual é o carro mais vendido do mundo, qual seria a sua resposta? VW Golf ou Toyota Corolla, certo? A Ford, porém, não concorda e afirma que o Focus, produzido em oito países de quatro continentes é o automóvel mais comercializado no planeta. O tema gera muita discussão, mas o que não se pode contestar é que o modelo da marca americana está, de fato, entre os mais vendidos do mundo. E, discussões à parte, a origem das evoluções implantadas no modelo surgem sempre na fábrica da marca localizada em Colônia, na Alemanha, o “berço” do Focus.
E se a geração atual do Focus tem algo que deve ser modificado, isso vai continuar assim, pois o modelo acaba de passar por uma reestilização, e mudanças mais profundas só deverão ser implementadas quando o carro mudar de geração. Isso, porém, não significa que o renovado Focus seja ruim. Pelo contrário, já que, além de ajustar pontos nos quais o modelo exibia fraquezas — como conforto, consumo e qualidade do acabamento (este último, antes reconhecido como um dos pontos fortes da marca) — a Ford ainda providenciou outras melhorias significativas, além de um bem-vindo ajuste na suspensão.
A principal novidade, porém, já salta aos olhos no primeiro contato com o carro. A grade dianteira, agora, segue o padrão dos demais modelos da marca do oval azul, com desenho trapezoidal e faróis bixenônio de grandes dimensões, que se estendem pelos para-lamas. “Só mudou isso?”, você pode perguntar. A princípio, a alteração, de fato, pode parecer insignificante, mas é incrível como é suficiente para proporcionar um aspecto totalmente distinto ao modelo. Se fosse uma pessoa, seria o mesmo que avaliar os efeitos de uma plástica para eliminar algumas rugas.
Na traseira, os retoques foram ainda menores, e o Focus permanece o mesmo em termos de forma e dimensões, assim como o espaço interno oferecido, no mesmo nível do rival VW Golf. Apesar disso, a impressão visual é a de que o modelo ficou maior. Ilusão de ótica?
Acabamento de primeira
Na parte interna, além das superfícies mais suaves e do maior capricho no acabamento, o Focus ainda traz um ótimo (e amplo) porta-objetos entre os bancos dianteiros, além de um painel que foi redesenhado de maneira muito positiva. Em vez do minidisplay anterior, agora o carro traz, finalmente, um belo monitor colorido com tela tátil de alta resolução para o sistema operacional Sync 2 (opcional), que permite controlar telefone, navegador por satélite, opções de entretenimento e ar-condicionado. Os comandos são bastante intuitivos, e qualquer função pode ser acionada por, no máximo, três toques.
Um recurso do novo sistema que impressiona é a busca por comando de voz. Se desejar, você pode pedir auxílio para encontrar um restaurante e, graças ao sistema integrado com o renomado Guia Michelin, poderá refinar a busca selecionando o tipo de culinária e até fazer a reserva. Se desejar ouvir uma música do CD player ou do equipamento auxiliar conectado, basta chamar pelo nome da música ou do artista.
Assim como a geração atual, o Focus pode contar — opcionalmente — com o assistente de manobras, que estaciona o carro automaticamente. Outra atração é o chamado Alerta de Tráfego em Cruzamento, uma câmera instalada na extremidade dianteira do veículo, que exibe as imagens no monitor central e permite ao motorista visualizar o trânsito em cruzamentos. Há também o alerta de aproximação lateral, que avisa o motorista da presença de veículos nos chamados pontos cegos, durante ultrapassagens. Por fim, o novo Focus também pode contar com o sistema de frenagem de emergência ativo, que atua por meio de radar e freia o carro automaticamente, evitando atropelamentos e pequenas colisões no trânsito urbano. O sistema conta com alarme de três estágios.
Um motor em extinção
O motor a gasolina da versão de entrada do Focus é o último remanescente da linha. Trata-se de um 4 cilindros 1.6 de aspiração natural, com 85 cv, que, além de gerar menos torque que o VW 1.2 turbo (14,4 mkgf contra 16,3), tem consumo médio maior (16,9 km/l frente a 20,4 km/l). É melhor, portanto, optar pelo moderno motor 1.0 EcoBoost, de 100 cv e 17,3 mkgf.
Este propulsor, aliás, exibe um desempenho excelente, principalmente com o carro em movimento (em ponto morto, percebe-se uma pequena vibração). Não é à toa que a Ford vem obtendo bons resultados com sua gama EcoBoost, que oferece opções com 150 cv e até 182 cv (topo de linha), com baixo consumo. A ampla gama de motores, aliás, pode ser uma das armas da Ford para superar o rival da VW no mercado europeu, já que a marca alemã concentra suas apostas nos 1.2 e 1.4 turbo.
Outro ajuste bem-vindo foi realizado na suspensão do novo Focus, que não apenas melhorou a já elogiada estabilidade do modelo, como também o comportamento geral do carro. Além disso, a direção está mais agradável, graças aos novos acertos na assistência elétrica. Se o Golf ainda brilha por conta de seu comportamento dinâmico e prazer ao dirigir, agora pode-se dizer que ele ganhou um concorrente à altura.
Pelo que pudemos perceber, a VW tem motivos de sobra para se preocupar com o novo rival. Aos brasileiros, resta aguardar pela chegada da novidade, o que deve ocorrer ainda no primeiro semestre de 2015. A espera vale a pena!
Ficha ténica:
Motor 4 cilindros, dianteiro, turbo, transversal, gasolina; Cilindrada • 1.499 cm³; Potência 182 cv a 6.000 rpm; Torque 24,5 mkgf a 1.600 rpm; Câmbio • robotizado, dupla embreagem, 6 marchas; Tração dianteira; Suspensão dianteira independente; Suspensão traseira multibraço; Carroceria • hatch, 4 portas
Dimensões (CxLxA) • 4,36 m, 1,82 m, 1,48 m; Entre-eixos • 2,64; Peso • 1.322 kg
Desempenho
0 a 100 km/h • 8s6
Velocidade máxima: 222 km/h
Consumo médio: 18,2 km/l
Preço básico • 25.210 euros
