Ferrari F12berlinetta

Agora estou parado no semáforo, com nove carros à frente, e percebo que, aos poucos, minha frequência cardíaca vai voltando ao normal. Quer dizer, àquilo que pode ser considerado normal quando se está conduzindo uma supermáquina como a Ferrari F12berlinetta. E ainda mais quando lembro que, por mais de uma hora antes, tive o privilégio de acelerar esse carro à vontade! É hora, então, de promover um rápido flashback.

Na cabine, tudo está à mão. Repare no belo console central, que parece uma ponte

Alguém pode até lembrar que o carro mais potente produzido em Maranello foi a LaFerrari, com seu sistema híbrido. Tudo bem, mas, entre as máquinas “acessíveis” (a LaFerrari teve produção limitada e já foi encerrada), nada se iguala a esta, equipada com um motor V12 de 6,2 litros, aspiração natural, bancadas de cilindros a 65°, taxa de compressão de 13,5:1, câmbio robotizado de dupla embreagem com 7 marchas, transeixo traseiro, carroceria de alumínio… acho que é o suficiente para a apresentação. O carro ainda estava na garagem, o que me fez imaginar como seria a reação das pessoas que estavam no andar de cima na hora em que acionasse a ignição. E antes que eu me esqueça, é bom deixar claro: economia de combustível não é com este carro, por mais que a Ferrari anuncie o contrário. Partida acionada, o V12 entra em ação quebrando o silêncio de maneira magistral, com sua sinfonia metálica e um ronco grave, que me provoca vibrações até a medula.

Ao contrário de outros esportivos, o acesso à F12 é fácil

Instalado na bela cabine, trato de me familiarizar com os comandos. “Como faço para engatar a marcha a ré?” Ah, existe um botão no lindo console curvo, que lembra uma das belas pontes de Veneza. A ergonomia, aliás, é primorosa, tudo está muito bem posicionado e de maneira clara. A visibilidade só é um pouco prejudicada pelo enorme capô, o que me faz imaginar o nervosismo que deve provocar manobrar este carro em um estacionamento. A F12 até possui uma câmera dianteira, mas a imagem é um pouco distorcida e acaba não ajudando tanto.

 Só com o controle de tração desativado é possível “fazer fumaça” com a F12berlinetta

Parto, então, para a minha aventura. Giro o volante, montado em uma bela coluna feita de plástico reforçado com fibra de carbono, para a direita com cuidado e a partir de agora, e nos próximos 398 km, vou acelerar apenas para a frente! Inicialmente, deixo o câmbio no modo Auto, e ele funciona bem. Em baixas velocidades, no entanto, a condução se torna um tanto aborrecida. É melhor assumir as trocas manualmente.

Um dos monitores no quadro de instrumentos da Ferrari

Essa opção se mostra acertada, principalmente porque estou prestes a acessar a autobahn. Uma vez nela, piso com um pouco mais de vontade no acelerador a fim de ouvir o som inebriante do V12 e, quando me dou conta, me surpreendo com o velocímetro: 256 km/h! E isso em apenas alguns minutos.

Quem disse que os motores V12 estão com os dias contados tem de ouvir o da F12berlinetta

Esse episódio já mostra como a cabine é incrivelmente silenciosa. Não há nada de ruídos irritantes ou vibrações. Mas o carro se mostra agradavelmente conectivo, com sua suspensão ajustável e motor com respostas incrivelmente rápidas. A agilidade da máquina, aliás, é outro detalhe que impressiona. Para se ter ideia, mesmo pesando 1.715 kg, a F12 acelera de 0 a 100 km/h em apenas 3s2 e em 9s1, o cupê atinge 200 km/h. É sensacional!

O porta-malas até possui boa capacidade para um esportivo: 320 litros

Na pista de testes, é possível explorar o melhor que a F12berlinetta tem a oferecer. Com os sistemas eletrônicos desligados, percebe-se como a estrutura do carro é diferenciada. Tento explorar os limites do cupê, mas ele se mostra extremamente equilibrado. Só com muita provocação ele apresenta a conhecida saída de traseira nas curvas. Mas, nas ruas e em estradas, é melhor (e mais prudente) confiar nos programas de assistência e deixar que eles cuidem da segurança.

Pelas quatro saídas de escapamento, o V12 emite  um som inigualável

O motor, ao contrário do que alguns poderiam imaginar, não deixa a desejar para nenhum turbo (mesmo os mais modernos). Basta pisar no acelerador para a rotação subir de maneira frenética: 5.000, 6.000, 7.000 giros. O V12 mantém o ritmo até 8.700 rpm, e, enquanto isso, mantenho os olhos na sequência de LEDs na parte superior do volante, para saber o momento exato de trocar as marchas. Excelente!

O desenho criado por Pininfarina é clássico e belíssimo

O carro é rápido, muito rápido, e também por isso exige atenção redobrada por parte do motorista. Basta lembrar que o volante conta com nada menos que dez comandos! Se, um dia, o volante deixar de ser um item obrigatório, a Ferrari não terá onde instalar os menus que comandam os monitores no quadro de instrumentos.

Os discos de freio são cerâmicos e atuam melhor  sob altas temperaturas

De volta ao trânsito, o fim da minha experiência com a F12 provoca alguma tristeza. Mas, ainda posso usufruir da máquina, acelerando para satisfazer a curiosidade dos motoristas parados no semáforo.

Ficha técnica

Motor: V12, dianteiro, longitudinal, gasolina
Velocidade máxima: 340 km/h
Aceleração (0 a 100 km/h): 3s2
Cilindrada: 6.262 cm3
Potência: 741 cv
Torque: 70,4 mkgf
Câmbio: robotizado, 7 marchas
Tração: traseira
Rodas: liga leve, 20”
Suspensão dianteira: triângulos superpostos
Suspensão traseira: triângulos superpostos

Preço: R$ 2.900.000

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