Cidadezinhas com clima bucólico, construções antigas, aquele aspecto de lugar parado no tempo, alguns velhos Fiat circulando entre animais. Quando se fala no interior da Itália, não tem jeito, são essas cenas que nos vêem à mente. 

Ferrari California T Handling Speciale

Mas, antes de chegar até lá, é preciso enfrentar os problemas da cidade grande. E, ao desembarcarmos em Milão, já nos deparamos com o primeiro: o equipamento do fotógrafo Arturo Rivas só apareceu na esteira de bagagens cerca de 15 minutos após todos os demais passageiros terem recolhido suas malas. É preciso ter paciência.

Após mais algumas dificuldades no trânsito, finalmente seguimos rumo à costa da Ligúria, onde vamos nos encontrar com a Ferrari California T Handling Speciale, versão apresentada no Salão de Genebra deste ano e que custa 190.401 euros, ou 6.902 euros a mais que a “convencional”.  

Sistema de exaustão da California HS gera ruído ainda mais nervoso

E, assim como a original, essa nova California T deve ter nos americanos a sua principal clientela. Principalmente aqueles que vivem na sempre ensolarada costa oeste, que podem desfrutar deste conversível 2+2 com a capota aberta durante mais dias no ano. Além disso, o teto de metal é outro item que diferencia este modelo, que segue com motor V8 turbo com intercooler de impressionantes 560 cv e 77 mkgf. 

De acordo com o material técnico da fabricante, a novidade da série HS são várias calibrações e configurações – especialmente no modo de condução Sport. Os novos ajustes de amortecedores e molas proporcionam um comportamento ainda mais esportivo ao conversível, mesmo sacrificando ligeiramente o conforto. De quebra, o escapamento também foi reprogramado, para gerar um som mais “nervoso”.

Sob o capô do modelo especial bate um motor 3.9 V8 de 560 cv

Tem mais: o câmbio robotizado de dupla embreagem passa a trabalhar 30% mais rápido e o controle de tração se torna mais permissivo, enquanto as respostas do acelerador (que já eram rápidas) ficam ainda mais ágeis. Seguimos pela Autostrada dei Giovi, a mais antiga da Itália, inaugurada em 1935, e chegamos a Camogli quando a noite já baixou sobre a cidade.
 
Após a noite de descanso, somos contemplados com uma manhã magnífica. Durante a entrega do carro, o responsável pela máquina nos explica o trajeto previsto para a avaliação. Assumimos o comando e a primeira providência é despertar o V8 e baixar a capota, operação que demora apenas 17 segundos. 

Cabine não foi modificada para a versão, segue com padrão da marca
 Saímos, então, à procura de um local à beira-mar para fotografar o carro e, enquanto avaliamos as opções, aproveito para tentar desfrutar desta California T (ou “Cali”, como os italianos preferem). Mas, entre as intermináveis cidades da antiga Via Aurélia (construída por Caio Aurélio Cota, no século III a.C.), não se pode ir além de 50 km/h em sétima marcha. Mas quem imagina que poderia ser mais rápido a bordo de um Fiat 500 Cabriolet está enganado.

Quando finalmente nos livramos do trecho urbano e chegamos a uma rodovia livre, é possível pisar fundo no acelerador e sentir os músculos do pescoço trabalhando. O ronco inebriante do V8 turbo soa como uma bela canção, enquanto o reluzente conversível desfila pela estrada.

Dados de fábrica da California T Handling Speciale

Só lamentamos que os trechos que nos permitem acelerar são curtos, e intercalados com vilarejos e pequenas cidades. A reação das pessoas quando se deparam com a bela macchina, no entanto, compensa qualquer dissabor. É incrível como os italianos adoram carros! 

Levantamos a capota e seguimos viagem. Primeiro vem a cidade de Recco e depois, Uscio. A via sinuosa nos dá oportunidade de avaliar o comportamento da California T HS com o modo de condução Sport acionado. O carro, de fato, ganha comportamento mais esportivo, com estabilidade exemplar, apesar da dureza do sistema de amortecimento. 

Dizer que o carro corre “como se estivesse sobre trilhos” é clichê, mas não há definição melhor para essa Ferrari. Sobreesterço? Sim, é possível provocar, mas não é recomendável. Ainda mais neste trajeto repleto de paredes, cercas e valetas na beira do caminho. 

A noite cai quando terminamos a nossa viagem. Com a alma leve, só consigo lembrar da frase do compositor Giuseppe Verdi: “Você pode ter o Universo, se eu puder ter a Itália”.

Teto rígido do esportivo se recolhe em apenas 17 segundos

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