Mercedes-Benz C 280 Classic, o melhor do luxo e da simplicidade no início da década de 90
O mercado brasileiro em 1990 era reflexo de uma medida tomada 14 anos antes, quando houve a proibição das importações. Desde então, as indústrias consideradas “nacionais” Autolatina (união de Volkswagen e Ford), Fiat e General Motors, detinham quase 80% do mercado. Mas, em 9 de maio de 1990, o então Presidente da República, Fernando Collor, derrubou a lei de reserva de mercado e o Brasil foi palco de uma verdadeira revolução. Somente a partir de então, os “ultrapassados” modelos nacionais se viram ameaçados pela melhor tecnologia dos rivais europeus. Por aqui, a novidade era a chegada da injeção eletrônica nos VW Gol GTI e Chevrolet Monza 500 E.F., mas isso já era algo vastamente implementado na Europa desde o início da década de 80. ABS e airbag, então, não era nem cogitado pelos lados de cá.
Estrela precursora
O primeiro carro a chegar ao Brasil após esta liberação foi um Mercedes-Benz, mais precisamente um 300 E preto do ano de 1990. O sedã chegou “na bagagem” do voo 743 da Varig, vindo de Frankfurt, que pousou no Galeão no dia 28 de julho de 1990. O luxuoso alemão foi um marco e, a partir dele, novos modelos e marcas desembarcaram nos portos e aeroportos do Brasil. Dentre eles está o clássico Mercedes-Benz C 280 da famosa geração W202.
Nas fotos, temos um modelo bastante raro em nosso país: o Mercedes-Benz C 280 Classic 1993/1994 com apenas 127 mil quilômetros rodados, chave reserva e manual. Na prática, é raro por ser o modelo considerado de entrada entre os C 280 e, como a diferença de preço entre esta versão e as demais não era tão grande, acabava relegado.
Tradicional
O W202 de 1993 ainda carregava o visual clássico do W201, com desenho de linhas suaves e cantos levemente arredondados, mas sem perder a elegância que lhe era tradicional. O trabalho de design foi iniciado em 1987, mas sua patente final foi datada apenas em 19 de dezembro de 1990. Ao todo, a Mercedes-Benz estima que foram produzidos 1.847.382 modelos W202, divididos entre todas as suas versões.
Renovando a marca
Foi justamente nesta geração que a Mercedes-Benz mudou a nomenclatura dos modelos. Antes, números eram seguidos por letras, como 190 E. Na geração W202, isso se inverteu e todos os modelos começaram a usar letras antes do número, por exemplo, o C 280. Mecanicamente, o C 280 saiu de fábrica com o bom motor seis-cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro, que gera 193 cv a 5.500 rpm e torque de 27,5 kgfm a 3.750 rpm. O câmbio do modelo das fotos é o automático de quatro marchas (722.4 4G-Tronic), na época item opcional , mas poderia sair da linha de montagem com o manual de cinco. Este conjunto, faz cumprir o 0-100 km/h em 10s. Sua velocidade máxima é de 230 km/h.
À frente do tempo
Como um bom sedã de luxo europeu, o C 280 de 1990 traz de série o airbag do motorista, freios a disco ventilados na dianteira e sólidos na traseira com sistema ABS, rodas de liga-leve de 15” e barras de proteção integradas às portas contra impactos laterais. O airbag para o passageiro dianteiro tornou-se padrão somente em 1995 e, a partir do mesmo período, o Classe C ganhou controle de tração (ETS nos modelos de 4 cilindros, combinado com diferencial de deslizamento limitado (ASD) ou ASR nas versões de 6 cilindros) como item opcional. Além disso, o C 280 Classic possui cortina no vidro traseiro com acionamento elétrico, revestimento interno em couro, vidro elétrico nas quatro portas, regulagem elétrica dos bancos dianteiros, direção hidráulica, e rádio AM-FM com toca-fi tas. Itens de luxo na época, mas saudosos para um clássico alemão que foi o modelo de entrada da marca até o ano de 1997, quando a fabricante renovou o seu conceito de veículos e trouxe o Classe A.