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"Os novos modelos Smart estarão no país em meados  de 2016, e a chegada do forfour poderá trazer um novo  consumidor para a marca"

Nascido na Grécia, Dimitris Psillakis está no Brasil desde 2009 e acredita que o país possui muitas similaridades com sua terra natal, o que facilitou na sua adaptação. Ele acredita que o mercado nacional está crescendo, e que é muito importante para todas as grandes marcas estarem presentes aqui.

Carro • Hoje, a Mercedes ocupa a 14º posição no ranking de marcas mais vendidas. A empresa deseja alcançar qual posição?
Dimitris Psillakis • Queremos aumentar a nossa participação no mercado, mas para nós, não importa a colocação. O importante é crescer de forma sustentável. Estamos investindo há algum tempo para criar a base do nosso crescimento. Nossa rede de concessionárias, hoje, possui 42 revendas, mas há um ano tinha 32. E até o final deste ano teremos 47 pontos. Então, estamos nos preparando, junto com nossa rede, para o aumento de volume que virá com a inauguração da nova fábrica, em 2016.

Carro • Qual é a importância do mercado brasileiro para a Mercedes-Benz?
Psillakis • Muito alta. O país pode passar por oscilações, mas tende a crescer, e a marca quer estar aqui. Com os caminhões, a Mercedes já possui uma história muito forte no país, são 60 anos. Para uma marca que pretende liderar o seu segmento, ela tem que estar forte no mercado brasileiro. Mas não se trata de uma decisão fácil, pois envolve muitos riscos. Esperamos que não ocorra nenhuma surpresa nos próximos anos.

Carro • O programa Inovar-Auto influenciou na decisão de construir a nova fábrica?
Psillakis • Sim, claro. Sempre tivemos planos de crescimento de acordo com as nossas possibilidades e as regras do governo. Desejávamos chegar aos 20.000 veículos vendidos por ano e projetamos isso com a nossa rede. Mas tudo foi por água abaixo com a entrada em vigor do “super IPI”. Assim, analisamos as novas regras e concluímos que só poderíamos crescer no país com uma nova fábrica. Quem tem planos de longo prazo optou por construir fábrica no Brasil. Afinal, o Brasil é um dos maiores mercados do mundo.

Carro • Em compensação, não existe outro lugar no mundo onde existam tantas marcas. O sr. acha que esse cenário vai continuar ou o Inovar-Auto vai “filtrar” o mercado?
Psillakis • Não acho que o número de marcas no mercado nacional vá diminuir. A questão principal é como o Brasil vai se encaixar no quadro mundial de produção e exportação de veículos? Hoje, produzimos apenas para consumo interno, praticamente. Se você vir o México, a Alemanha ou a França, por exemplo, são países que também exportam. Então, acho que o desafio da indústria brasileira é se tornar mais competitiva e ampliar as suas exportações.

Carro • A nova fábrica em Iracemápolis, SP, terá condições de exportar?
Psillakis • Sem dúvida, mas, no primeiro momento, a ideia é abastecer o mercado interno.

Carro • O segmento premium, no Brasil, vem passando quase incólume às recentes oscilações do mercado. Isso é uma tendência, um fenômeno ou é algo normal?
Psillakis • Não sei se é uma tendência, mas está ligado ao país. O Brasil está crescendo, basta ver a quantidade de apartamentos e escritórios de alto padrão que surgem a cada dia. Existem muitos consumidores subindo de patamar e ingressando em novas classes sociais, e isso aumenta as chances de vender itens de desejo. O brasileiro, de maneira geral, é vanguardista, gosta de novidades. Então, não vejo como esse crescimento possa ser interrompido. Acho que mais importante que o crescimento quantitativo é o crescimento qualitativo do mercado.

Carro • Quais são os planos para a smart no Brasil? Existe a possibilidade de a marca ganhar o status de “porta de entrada” para os modelos Mercedes?

Psillakis • Primeiro, vamos ver o posicionamento da marca smart: ela pertence à Mercedes e possui a mesma tecnologia e segurança, mas com um toque de jovialidade e inovação. É um carro feito para a cidade, econômico e fácil de dirigir. Mas, no Brasil, não existem incentivos do governo para carros que ocupam menos espaço e que gastam menos. Na Europa, é diferente, existem incentivos que fazem as pessoas adquirirem carros de maneira mais racional. Vamos continuar investindo na marca e trazer os novos fortwo e forfour. Eles estarão por aqui em meados de 2016, e a chegada do forfour poderá trazer um novo consumidor para a marca, já que teremos um carro de quatro lugares que poderá ser adquirido por um preço similar ao de um modelo de dois lugares.

Carro • Existem planos para produzir algum modelo da smart no Brasil?
Psillakis • Não. Hoje temos um acordo para produzir o fortwo em cooperação com a Renault, que produz o Twingo. Mas não existe nada planejado, nem para a Mercedes, nem para a Renault.

Carro • Existe alguma conversa com o governo no sentido de criar incentivos para carros pequenos e pouco poluentes?
Psillakis • Sim, está no mesmo pacote sobre os veículos elétricos e híbridos e talvez surjam novidades até o fim do ano.

Carro • A Mercedes tem fama de possuir clientes mais velhos que os de seus concorrentes. Vocês concordam com isso? 
Psillakis • Sim, é verdade. Isso tem a ver com os produtos que oferecíamos no passado e com a carga tributária do Brasil, já que um carro que custa 30.000 euros na Europa pode custar quase R$ 200.000 no Brasil. Isso faz nossos carros serem acessíveis apenas por clientes mais velhos, que têm poder aquisitivo maior. Além disso, os produtos que tínhamos há dez ou 15 anos eram modelos que atendiam a esse consumidor mais velho. Hoje, a marca rejuvenesceu muito. Veja um Classe A. Se você retirar a nossa estrela e colocar o logotipo da Audi ou da Citroën, marcas que têm fama de serem mais arrojadas, dificilmente alguém vai estranhar. Clientes mais jovens costumam buscar esportividade, e os nossos produtos, hoje, oferecem isso. Bons exemplos disso são os nossos modelos AMG. Um Classe A ou CLA AMG, por exemplo, têm o motor 2,0 litros mais potente do mundo. Então, hoje não nos falta nem design, nem desempenho para atrair os consumidores mais jovens. Mas temos, de fato, esse paradigma para quebrar. Tanto que a campanha publicitária no novo Classe C, que estreará em breve, brinca com esse tema.

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