Bateria deve trabalhar em plena harmonia com o alternador para não deixar o motorista na mão
Você sabia que, em veículos convencionais, pode levar até quase uma hora para a bateria ser recarregada por completo após uma partida? A bateria tem a função de fornecer a corrente necessária para todo o sistema elétrico do veículo. Porém, ela é um acumulador de energia, e não um gerador. Depois de ligado o carro, o alternador – este sim, um gerador – repõe a energia que é retirada da bateria na partida e também durante o funcionamento do carro.
Quando o alternador consegue suprir plenamente o consumo pelo sistema elétrico da corrente da bateria, diz-se que o sistema se encontra em equilíbrio. “Mas se o consumo dos componentes elétricos e eletroeletrônicos exceder a capacidade de geração de energia do alternador, a bateria vai se descarregar”, aponta o professor de engenharia da FMU, Fernando Landulfo, que também é consultor técnico das Revistas CARRO e O Mecânico.
Ele explica que, além de estar limitado por suas dimensões, o alternador opera em função da rotação do motor, de forma intermitente e variável. “Ou seja, quando o motor se encontra em marcha lenta, a corrente gerada é baixa. Por essa razão é preciso se atentar à quantidade de consumidores ligados em situação de marcha lenta prolongada, como em congestionamentos”.
O desequilíbrio do sistema elétrico pode ser causado pela adição de consumidores que não estavam previstos na configuração de fábrica, como um sistema de som mais potente ou uma trava antifurto. Alterações como essas, mesmo que sejam bem feitas, podem consumir mais energia do que o sistema é capaz de gerar. Não adianta apenas colocar uma bateria maior se o resto do sistema não está preparado para recarregá-la na mesma medida: sua vida útil será bem mais curta do que o previsto.
A fuga de corrente em repouso é outro vilão da bateria. Esse problema acontece quando algum componente gera um consumo elétrico que, quando é prolongado, se torna um grande desperdício – como uma lâmpada interna que não desliga ou até mesmo uma frente destacável do aparelho de som mal conectada. Por outro lado, alguns veículos possuem estratégias em suas unidades de comando que mantém alguns componentes alimentados eletricamente mesmo depois do carro desligado. Podem existir também estratégias que “acordam” determinados componentes temporariamente por segundos ou até minutos mesmo sem o contato da chave, e que não devem ser interpretados como fuga de corrente.
Em situação de emergência, o uso de bateria auxiliar (“chupeta”) deve ser feito somente por um profissional e seguindo rigorosamente as recomendações no manual do veículo. “Não remova imediatamente a bateria auxiliar após a partida. Isso pode provocar um pico de corrente no alternador, que pode provocar a queima de um ou mais diodos da ponte retificadora. O melhor a fazer é aguardar alguns minutos até a bateria do veículo estabilizar em uma carga mínima”, recomenda o professor de engenharia.
Saiba escolher a bateria
Se o seu automóvel tem sistema stop-start, não se preocupe: bateria, alternador e motor de arranque são mais robustos e estão preparados para o desliga-liga constante do motor. Mas na hora da reposição, tome cuidado. Em caso de substituição da bateria, é altamente recomendável seguir as especificações originais do veículo. Para veículos leves contemporâneos, existem basicamente três tipos de baterias à venda. Duas delas são de chumbo-ácido: a convencional livre de manutenção (chamada de TFS ou SLI, conforme a marca) e a bateria EFB (sigla em inglês para “Bateria Convencional Melhorada”). Esta última indicada para veículos com sistema stop-start com eletrônica embarcada simples ou aplicações de uso severo urbano, como táxis.
Porém, em automóveis com eletrônica embarcada mais avançada, recomenda-se as baterias AGM (sigla em inglês para “Manta de Vidro Absorvido”). Essas baterias possuem uma válvula reguladora de pressão que evita a emissão de gases e sua tecnologia permite recarga mais rápida e alta durabilidade em ciclos, porém, seu valor de mercado pode ser o dobro de uma bateria EFB.
Cuidado: evite o “downgrade”. Se o fabricante do veículo determina o uso de uma bateria AGM para aquele modelo, siga à risca. O mesmo vale para um carro que precisa de bateria EFB, mas recebe uma convencional. Instalar a bateria errada vai prejudicar o funcionamento do veículo e reduzir a vida útil da bateria. Como se trata de um componente que já é custoso mesmo quando já é “barato”, para quê arriscar?
Outro detalhe importante é que, desde junho de 2014, podem ser vendidas apenas baterias automotivas que possuem o selo do Inmetro. Essa certificação é a garantia de que o produto atende a requisitos mínimos de qualidade. “Garantias estendidas, maiores do que as comumente oferecidas no mercado, serviços de atendimento (socorro em caso de pane) e a quantidade de postos de manutenção também são pontos positivos que devem ser considerados na hora da compra”, sublinha Landulfo.
Excelente matéria. Muito bem abordada. Parabéns