O Yamaha TMAX 530 nem bem chegou ao Brasil e a BMW resolveu não dar folga: passou a importar também o C 600 Sport. Desde o lançamento do primeiro T-Max 400, em 2003, que nós sonhávamos em pilotar esse grande scooter da Yamaha. Cansamos de ler publicações sobre ele. Quando seu motor cresceu e ele se tornou 530, três anos atrás, só ouvimos elogios. Toda a imprensa europeia sempre declarou que ele é o único scooter que pode ser pilotado como se estivéssemos em uma moto. O TMAX 530 (assim mesmo, sem traçinho) tem quadro usinado de alumínio, tipo dupla trave superior, igual ao das motos superesportivas. Os dois cilindros do motor ficam bem baixos, entre as traves de alumínio, entre nossas pernas, isso, somado às rodas de 15 polegadas com pneus radiais de 160 mm na traseira, o faz ter uma dirigibilidade invejável para outros big scooters.
Mas o BMW C 600 Sport nasceu com a clara intenção de superar a hegemonia do TMAX. O scooter alemão também tem um potente motor bicilíndrico, mas com 647 cm³ e consequentemente com 14 cv a mais. Não tem quadro de alumínio, mas também é arrojado no design, traz lindas rodas negras de 15 polegadas, também montadas com pneus radiais esportivos. Os alemães não pouparam esforços para justificar o nome Sport. A suspensão dianteira é invertida, a ponteira de escapamento é curtinha, e a transmissão CVT utiliza corrente banhada em óleo em vez de correia. A balança monobraço no lado esquerdo deixa a roda totalmente exposta do lado direito. Receita de pura esportividade.
Já o TMAX, apesar de, também carregar muita esportividade, tem boas pitadas de luxo e conforto. É muito mais silencioso que o scooter alemão, conta com suspensões mais macias e vibra menos. Em outubro de 2013, na edição 190 da MOTOCICLISMO (revista da Motorpress Brasil, da qual a CARRO e o CARRO ONLINE também pertencem), publicamos um comparativo com eles realizado por nossos colegas na espanha. Na ocasião, os pilotos vestiram macacões completos de couro e partiram para fazer curvas bem inclinadas na estrada. Buscaram o máximo de esportividade que os scooters pudessem oferecer e, surpreendentemente, o C 600 Sport venceu. Venceu porque inclina mais e oferece maior segurança para entrar forte em curvas e percorrê-las rapidamente sem que raspe algo no chão.
As retomadas entre eles, são semelhantes, nas arrancadas desde 0 km/h o scooter japonês pula na frente, (algo em torno de 7s5), mas logo o alemão ultrapassa e pode alcançar até 181 km/h de velocidade máxima. O TMAX atinge pouco mais de 160 km/h. Quando exigimos das arrancadas, o consumo de ambos cai vertiginosamente. O TMAX faz na cidade, em ritmo esportivo, 16 km/l e o C 600 Sport, 16,8 km/l. Em velocidade constante na estrada eles podem fazer 21 km/l. O tanque do TMAX tem 15 litros de capacidade, e o do C 600 Sport, 16 litros.
Todavia, além de números, no mundo dos scooters o que importa são sensações na cidade, com o propósito de ser o seu segundo veículo, e nesse quesito, apesar de o C 600 Sport ser mais potente, o TMAX mostra-se mais silencioso, dando aquela impressão que não está sofrendo para levar você do ponto A ao ponto B. O scooter BMW também não sofre, mas vibra mais, parece que está sendo mais exigido, e esse comportamento no uso diário e constante cansa.
Apesar de todo esforço dos engenheiros alemães em utilizar dois eixos balanceadores, deslocar os cilindros em 90° em relação ao virabrequim e variar a ordem de explosão em 270°, tudo com o intuito de suavizar o funcionamento do motor, comparado com o TMAX, ele perde em nível de ruído e vibração. Com certeza, muito da suavidade do TMAX vem da correia dentada utilizada na transmissão final. Para um executivo que utiliza terno e sapatos ele não sentirá tanta diferença ao deixar seu carro de luxo em casa, já com o BMW C 600 Sport, melhor colocar um capacete integral, roupas de couro, luvas e botas para se sentir mais à vontade.
Jamais esperávamos que o TMAX perderia em esportividade para outro scooter, mas o C 600 Sport nasceu depois e, portanto, soube analisar bem o rival. O BMW oferece bengalas invertidas, pouca altura em relação ao solo e assoalho mais largo. O C 600 Sport, como todo produto BMW, também tem algumas exclusividades. O ABS é de série e o descanso lateral quando abaixado aciona automaticamente o freio de estacionamento.
Quando parado, é possível armazenar dois capacetes integrais no BMW, mas quando estamos em movimento, apenas um. Um curioso sistema embaixo do banco aumenta o volume de carga, mas só quando o scooter está estacionado. No TMAX só cabe um capacete integral. A bolha para-brisa do C 600 Sport é facilmente regulável em três alturas, sem a necessidade de ferramentas. No Brasil, todos virão com manoplas aquecidas.
A parte triste dessa história toda são os preços. Ambos são importados, virão em lotes de acordo com a demanda, ou seja, eles não serão best sellers das marcas. A Yamaha fixou o preço do TMAX em R$ 42.500 e a BMW, em R$ 52.000 para o C 600 Sport. Preços exorbitantes para quem acredita que eles são meros scooters. Porém eles são mais do que isso. Servem para ir ao trabalho, para ir à academia ou viajar perfeitamente junto com motos superesportivas. O TMAX 530 é mais versátil e o C 600 Sport um pequeno míssil, se considerarmos que ele é um scooter.
Conclusão
1º Yamaha TMAX 530 – Média final 8,3
2º BMW C 600 Sport – Média final 8,2
No teste realizado na estrada com reais intenções esportivas, o BMW C 600 Sport venceu, mas, agora, em outro teste realizado dentro da cidade, o scooter da Yamaha foi o vencedor. Por ser mais silencioso, vibrar menos e possuir banco mais baixo e confortável, o TMAX vai melhor no dia a dia dentro dos grandes centros urbanos. O scooter alemão também é ágil e eficiente, mas se mostrou um pouco áspero e ligeiramente mais duro. Em termos de segurança, os dois terminaram em empatados.
Comentário técnico
O painel do C 600 Sport não “rouba” velocidade. Quando ele marcou 180 km/h, realmente estava nessa velocidade. O velocímetro do TMAX rouba na média 10% da velocidade real, quanto mais aceleramos, maior é a diferença para a velocidade real. Marcou reais 162 km/h de velocidade final.
Fichas técnicas
Yamaha TMAX 530
Motor bicilíndrico em linha, 4 tempos, DOHC, 8 válvulas, arrefecimento líquido, injeção eletrônica; Cilindrada 530 cm³; Diâmetro x curso 68 x 73 mm; Taxa de compressão 10,9:1; Potência 46 cv a 6.750 rpm; Torque 6,7 kgfm a 5.250 rpm; Embreagem centrífuga; Câmbio CVT; Transmissão final correia dentada; Chassi dupla viga de alumínio; Balança duplo braço de alumínio; Cáster / Trail n/d; Comprimento 2,22 m; Entre-eixos 1,58 m; Altura do banco 79 cm; Peso cheio 217 kg (221 kg com ABS); Tanque de combustível 15 l; Suspensão dianteira garfo telescópico; Barras n/d; Curso 120 mm; Regulagens não possui; Suspensão traseira monoamortecedor inferior; Curso 116 mm; Regulagens não possui; Freio dianteiro 2 discos de 267 mm; Pinça 4 pistões/ABS; Freio traseiro disco de 282 mm; Pinça 2 pistões; Pneu dianteiro 120/70 R15; Pneu traseiro 160/60 R15; Preço R$ 42.500
Medições: 0 a 100 km/h: 7s0 / 0 a 140 km/h: 17s3 / 0 a 400 m: 15s7 / Consumo médio: 16 km/l / Autonomia: 240 km
BMW C 600 Sport
Motor bicilíndrico em linha, 4 tempos, DOHC, 8 válvulas, arrefecimento líquido, injeção eletrônica; Cilindrada 647 cm³; Diâmetro x curso 70 x 66 mm; Taxa de compressão 11,6:1; Potência 60 cv a 7.500 rpm; Torque 6,7 kgfm a 5.750 rpm; Embreagem centrífuga; Câmbio CVT; Transmissão final corrente; Chassi tubular de aço; Balança monobraço de alumínio; Cáster / Trail 25,4º / 92 mm; Comprimento 2,22 m; Entre-eixos 1,59 m; Altura do banco 80 cm; Peso cheio 249 kg; Tanque de combustível 16 l; Suspensão dianteira garfo telescópico invertido; Barras 40 mm; Curso 115 mm; Regulagens não possui; Suspensão traseira monoamortecedor lateral; Curso 115 mm; Regulagens pré-carga da mola; Freio dianteiro 2 discos de 270 mm; Pinça 2 pistões/ABS; Freio traseiro disco de 270 mm; Pinça 2 pistões; Pneu dianteiro 120/70 R15; Pneu traseiro 160/60 R15; Preço R$ 52.000
Medições: 0 a 100 km/h: 7s4 / 0 a 140 km/h: 13s5 / 0 a 400 m: 15s2 / Consumo médio: 17,1 km/l / Autonomia: 273 km
