Competidores:

Chevrolet Celta: Com 4 portas, o modelo só é oferecido completo. É tabelado em R$ 31 290. Por quê? Está longe de ser o produto mais moderno, porém tem ótima reputação no mercado.

Fiat Uno: Com o pacote opcional College, a versão Vivace 1.0 4 portas chega nas lojas por R$ 32 862. Por quê? Bem-sucedido desde o lançamento, a VW deixou claro que o Uno é o principal rival do up!.

Nissan March: Importado do México, o March 1.0 parte de R$ 27 990. Com todos os opcionais custa R$ 33 990. Por quê? Assim como o Uno, o March é um dos hatches de entrada mais modernos do segmento.

VW up!: Assim como os rivais,  escolhemos o up! em sua opção mais equi­pada e na faixa de R$ 35 000. Por quê? Em sintonia com o up! europeu, a marca espera que ele se torne a referência na categoria.

Até o início desta década, falar em carro “popular” no Brasil, aqueles situados na faixa entre R$ 25 000 e R$ 30 000,  era triste. A maioria tinha projetos defasados, já com anos de mercado, acabamento o mais simples possível e uma oferta de equipamentos que se limitava ao básico. Quem não se lembra da época em que até o retrovisor do lado direito era opcional! 

Até que veio a nova geração do Fiat Uno para revolucionar tudo: ampla oferta de acessórios, diversas opções de personalização, cabine com espaço bem aproveitado e habitáculo mais bem cuidado em relação ao que encontrávamos nesse segmento. O sucesso, de público e crítica, veio rápido.

Com a lição aprendida, agora a VW quer fazer o mesmo com o up!. Ele vai além do Uno e, como exemplo, seu comprador tem disponível (a partir da versão move) uma central multimídia completa, incluindo GPS. Algo impensável há alguns anos para modelos dessa categoria, é possível encontrar até bancos de couro na lista de opcionais do up!.

Nesse ponto, apesar das boas qualidades construtivas que são notórias no Nissan March, falta um pouco mais de “alegria” para sua sisuda cabine. Em uma tentativa de seguir a trilha aberta pelo Uno, não espere muito mais do que faixas adesivas para decorar a parte externa. Com motor 1.0, o March sequer oferece o rádio original. Ao menos é difícil achar falhas de montagem ou peças plásticas fora do lugar.

A situação complica mesmo para o Chevrolet Celta. Quando você sai de qualquer um dos três rivais, falhas como a direção torta, a posição de dirigir confusa (os motoristas mais altos sentem que vão bater a cabeça no para-brisa) e o espaço interno limitado no banco traseiro, só deixam clara a necessidade de que o Celta precisa se renovar – e rápido – para manter a competitividade em relação aos rivais.

Apesar do bom custo-benefício, a estratégia da Chevrolet para o Celta 4 portas é diferente da dos concorrentes: com essa carroceria, ele só é oferecido completo, carecendo de uma opção por menos de R$ 30 000.

O March, por sua vez, enquanto não é produzido no Brasil tem seu preço penalizado por ser importado México. Tão equipado quanto ele em sua versão 1.0 topo de linha, o Uno com o pacote de opcionais College é R$ 1 128 mais barato, uma economia considerável e que permite amortizar boa parte do seguro.

Colhendo os frutos do “efeito novidade”, não é de se estranhar que o up! tenha o preço mais alto em sua opção topo de linha e considerada para este comparativo. Mesmo assim, detalhes como o volante revestido de couro fazem a diferença no interior do VW.

Bom desempenho e comportamento dinâmico afinado com carinho são atributos importantes do up!. Ele, é bom destacar, tem o motor 1.0 aspirado mais potente do mercado, com 82 cv utilizando etanol. Graças a isso, e aliado ao baixo peso, o VW segue o comportamento dos rivais mais recentes e não é um carro chato para dirigir. Infelizmente não foi possível realizar nossa aferição de consumo de combustível, uma vez que nosso contato com o modelo fico restrito à pista de testes. A VW, porém, promete números interessantes nesse quesito.

Uma referência até a chegada dos novos motores 3 cilindros, o 1.0 16V do March não decepciona, pelo contrário. O Nissan foi o melhor nas avaliações de desempenho e mesmo assim é tão comedido no uso de combustível como seus concorrentes. Também conta a seu favor o funcionamento suave e pouco ruidoso, ponto no qual o 1.0 Fire Evo do Uno deixa a desejar. Traço peculiar de motores tricilíndricos, a maior vibração do 1.0 utilizado pela VW é sentida em algumas situações. Nesse aspecto, o coração que palpita sob o capô do March, mais suave com seus 4 cilindros, é exemplar. 
Uma pena que os pontos negativos já citados do Celta tiram parte do brilho de seu competente 1.0 VHC-E, que repete as mesmas qualidades vistas no 1.0 de origem Renault que equipa o March.

Apesar de não parecer tão apático para quem dirige, o Uno foi bem pior que os demais em desempenho. Na aceleração de 0 a 100 km/h ele foi quase 3s0 mais lento que o March. O cenário ruim para o Fiat também se repetiu nas retomadas, em especial na de 60 a 120 km/h. Enquanto March e Celta levam cerca de 22s0 na prova, o Fiat precisa de longos 28s0. Pode parecer pouco olhando os número, mas em uma ultrapassagem, por exemplo, isso faz toda diferença.

Já que estamos falando de desempenho, nada melhor do que seguirmos nossa análise para as respostas de cada um ao volante. Claro que nenhum dos hatches têm aspirações esportivas ou preocupam-se em oferecer uma dirigibilidade refinada, mas March e up! mostram-se os mais equilibrados.

O VW possui rodas de liga leve aro 15”, e a sua suspensão lida muito bem com elas. Estável e com uma direção com assistência elétrica bem calibrada, o up! é agradável de ser conduzido. Outro ponto positivo da suspensão é a capacidade de absorver imperfeições no piso.

No mesmo nível que o up! está o March. Ambos não surpreendem quanto ao manuseio, mas estão longe de cometer alguma falha. O câmbio do Nissan, entretanto, poderia oferecer engates mais suaves, sendo que os do Uno deveriam ser mais curtos, em especial o da 5ª marcha. Já a caixa do up! é exemplar.

Um dos aspectos que exige certa adaptação por parte do motorista no Uno é a suspensão. Se, por um lado, o Fiat apresenta o rodar mais confortável, por outro, a sua carroceria é a que rola mais nas curvas. Mas, como se trata de um veículo sem pretensão esportiva, isso não chega a ser um detalhe negativo.

O Celta, por sua vez, não tem o pior comportamento dinâmico, sendo tão correto quanto up! e March, mas não é possível ignorar o efeito negativo que a já citada combinação entre volante enviesado e a posição de dirigir incômoda causam ao motorista.

Por falar em incômodo, o nível de ruído é algo que poderia ser melhorado nos quatro. Só o up! conseguiu média abaixo de 60 dB, sendo que Uno e Celta foram os mais barulhentos do grupo. Tudo bem que as limitações do baixo custo afetam várias áreas em modelos desse tipo, mas  o isolamento acústico, poderia ser melhorado nesses hatches.

Melhor também poderia ser o prazo de garantia total dado por Fiat e Chevrolet para Uno e Celta. Enquanto a Nissan e a VW cobrem os problemas de March e up! por três anos — medida adotada há pouco tempo pela VW para seus compactos — Fiat e Chevrolet estacionam em um ano para Uno e Celta. Mesmo assim, vale destacar que a Fiat expandiu o prazo de garantia para defeitos no motor e câmbio para três anos.

Não agradou no Celta o alto custo das revisões até 30 000 km, que somaram R$ 1 096 frente aos R$ 688 pedidos na rede Fiat para o Uno e os R$ 857 para o March. Até a conclusão desta edição, a Volkswagen infelizmente não nos informou a tabela de preços das revisões do up!. Mas, como para a linha Gol 1.0 o valor da manutenção pesquisada foi de R$ 660, podemos apostar em um valor próximo para o up!, o que pode contribuir para aumentar a competitividade do novo compacto da VW.

O mesmo é esperado para o custo das peças de reposição, onde Uno e March se destacam. Nesse segmento, os gastos com manutenção — assim como o seguro (o Uno apresentou a apólice mais barata) — podem ser decisivos na hora da compra, por isso, as fabricantes prestam bastante atenção aqui. O up! ainda não havia chegado nas lojas enquanto concluíamos esta edição, mas vamos apurar o preço de sua cesta de peças assim que possível.

Voltando à análise dos produtos, o up! poderia entregar mais espaço interno, em especial para os passageiros de trás. Mesmo com as mudanças em relação ao projeto europeu, dizer que o up! nacional leva três adultos no banco traseiro é exagero. Quem tem mais de 1,80 m sentirá dificuldade para acomodar as pernas e, com duas pessoas ali, só uma criança pode se sentir confortável. Além disso, o túnel central é muito elevado, o que compromete ainda mais a situação.

Com amplo espaço para cabeças, o March é que acomoda melhor quatro adultos. Apesar de empatar nas medidas internas com o Uno, o Nissan se sai melhor em sensação de espaço. A área livre para as pernas dos passageiros atrás também é melhor no March.

O up! oferece o maior e também o mais versátil porta-malas dos quatro. Ele acomoda 285 litros de bagagem, praticamente um empate com os 280 litros do Uno, porém conta com uma prática bandeja ajustável que permite adequar o compartimento para transportar a carga da melhor forma possível. O Celta tem o pior porta-malas, com 260 litros, enquanto o March leva um volume de 265 litros.   
Se a nossa estimativa de preço para o up! se concretizar (os valores oficiais não haviam sido divulgados até finalizarmos esta edição), é certo que o preço do up! será mais alto pelo maior refinamento construtivo do modelo, que lhe permite ser um dos mais seguros do mercado e com o melhor índice de reparação, assim como pelas soluções de conforto e de entretenimento (ainda que disponíveis como opcionais).

Mesmo descontando vários pontos nas notas de custo-benefício, o up! mostrou que as virtudes de seu projeto falam mais alto e ele superou Uno, March e Celta em sua primeira disputa. Só ficou devendo mesmo em um pouco mais de espaço interno.

Na época do lançamento do March, em 2011, realizamos um comparativo semelhante no qual ele superou Uno e Celta, resultado que se manteve. Ainda neste ano, quando começará a ser fabricado no Brasil, o March ganhará uma leve atualização visual, em especial na dianteira. A mecânica, contudo, permanecerá como está. O mais importante é que ele sofrerá menos com os custos de importação, o que permitirá (esperamos) uma redução no preço.

Com isso, a briga na categoria deverá tornar-se ainda mais acirrada, uma vez que o March é um carro com muitas qualidades. Seu espaço interno é muito bom visto o que encontramos nos rivais e ele oferece o melhor desempenho. 
O Uno é imbatível tanto no custo-benefício, algo que a Fiat sabe manter com competência, como nos custos de manutenção. Tido pela VW como o principal oponente para o up!, ele é um modelo com ótima aceitação, mas precisa evoluir no motor e na dinâmica.

Quanto ao Celta, um salto de geração passa a ser uma necessidade. Afinal, aquele mundo dos “populares” em que bastava ser barato para vender bem ficou no passado. Mais exigente, o público faz questão de produtos cada vez mais avançados, não importa o segmento.

1º Volkswagen up!: 6,9

O up! inaugura um novo padrão na categoria dos compactos de entrada. Com projeto moderno e cuidados extras na segurança, ele ainda conta com recursos interessantes como a central multimídia opcional. Seu interior é despojado, porém sem sacrificar a qualidade dos materiais utilizados na cabine e praticamente sem falhas aparentes de montagem. Só poderia oferecer mais espaço para os passageiros no banco traseiro.

2º Nissan March: 6,8

O March é um automóvel muito competente. Ele oferece o melhor desempenho dos quatro, bom espaço interno na comparação com os rivais e dirigibilidade acertada. Porém, como ainda é importado do México, ele acaba penalizado pelos custos de importação, algo que pode mudar com a produção local. Nesse cenário – e se você achar o up! caro demais – ele é uma ótima opção. Assim como o VW, também vale o investimento.

3º Fiat Uno: 6,7

O Uno é um dos modelos mais bem-sucedidos no segmento, porém ele ficou devendo muito em desempenho. Além disso, seu acerto de suspensão poderia ser revisto. Pelo menos em custo-benefício e nos custos de manutenção poucos oferecem tanto como o Fiat.

4º Chevrolet Celta: 6,6

Assim como o Uno, o Celta é sinônimo de liquidez na hora da revenda e baixa desvalorização, porém está na hora da Chevrolet atualizar o modelo. Apesar do bom motor 1.0, suas falhas de projeto não passam despercebidas. O custo de revisões elevado também não ajuda.

 

Seu bolso

                                     Celta             Uno            March            up!

Preço (carro testado)     R$ 31.290    R$ 32.862    R$ 33.990      R$ 39.390
Desvalorização (1 ano)     7,9%               8,3%            8,8%            n/d
Garantia                         1 ano               1 ano             3 anos        3 anos
Financiamento (a.m.)     0,99%               0,99%            1,19%           n/d
parcela*                       R$ 526              R$ 552           R$ 571          n/d
IPVA (4%)                     R$ 1 251          R$ 1 314         R$ 1 359       n/d 
Seguro                         R$ 1 500           R$ 1 418         R$ 1 736       n/d

Revisões**                    R$ 1 096         R$ 688              R$ 857          n/d
Versão básica              R$ 31 290      R$ 26 990         R$ 33 190       R$ 39.390

*parcela: 50% de entrada e saldo em 36 vezes

** até 30.000 km

Nossas medições:

Chevrolet Celta

Aceleração 0 a 100 km/h: 14,4 s

Retomada 60 a 120 km/h em 4º: 22,9 s

Frenagem 80 a 0 km/h (metros): 26,4

Consumo cidade: 8,5 km/l

Consumo estrada: 12,9 km/l

Ruído a 120 km/h em 5º marcha: 70,6 dB

Fiat Uno

Aceleração 0 a 100 km/h: 16,5 s

Retomada 60 a 120 km/h: 28 s

Frenagem 80 a 0 km/h: 19,7 metros

Consumo cidade: 8,4 km/l

Consumo estrada: 12,1 km/l

Ruído a 120 km/h em 5º: 71,6 dB

Nissan March

Aceleração 0 a 100 km/h: 13,6 s

Retomada 60 a 120 km/h: 22,2 s

Frenagem 80 a 0 km/h: 31,7 metros

Consumo cidade: 8,2 km/l

Consumo estrada: 12,4 km/l

Ruído a 120 km/h: 70,6 dB

Volkswagen up!

Aceleração 0 a 100 km/h: 14,8 s

Retomada 60 a 120 km/h: 26,4 s

Frenagem 80 a 0 km/h: 27,4 metros

Ruído a 120 km/h: 67,5 dB

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