Duelo: Ka+ e Versa 1.0

O segmento dos sedãs compactos agora conta com mais um integrante equipado com motor de três cilindros: o renovado Nissan Versa, que passou a ser fabricado em Resende, RJ, ganhou uma versão inédita equipada com o mesmo propulsor 1.0 do seu “irmão” March. Disponível em duas configurações, o modelo parte de R$ 41.990 na de entrada e R$ 44.990 na S, a mais sofisticada.

E foi esta última que elegemos para enfrentar um de seus principais concorrentes no mercado. Colocamos a novidade ao lado do Ford Ka+, dono do motor 1.0 tricilíndrico mais potente da categoria, na versão equivalente em equipamentos, a SE Plus, que parte de R$ 43.590. Embora ainda não tenha embalado nas vendas (ele ocupa apenas a 7ª colocação na categoria, segundo a Fenabrave), o modelo produzido em Camaçari, BA, possui um dos projetos mais modernos do segmento, tanto em relação ao conjunto motriz, quanto a sua funcionalidade no uso diário.

Já o Versa 1.0 traz as mesmas mudanças exibidas na versão 1.6, com as principais sendo o comprimento 4,5 cm maior (mantendo os 2,60 m de entre-eixos do antecessor) e a dianteira redesenhada, com nova grade, e um estilo mais ousado, realçado pelos faróis com desenho inusitado.

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O Ka+ se beneficia pela identidade visual da Ford, que o assemelha a outros modelos da marca, como New Fiesta e EcoSport, proporcionando-lhe um aspecto mais jovial. A traseira, porém, destoa do conjunto, com um desenho muito simples, que não combina com a ousadia exibida na parte frontal do sedã.

ESPAÇO VS. PRATICIDADE
Quem prioriza o conforto ou se preocupa em oferecer espaço para os ocupantes certamente encontrará a melhor oferta no Nissan Versa. Curiosamente, porém, a soma das medidas internas do Nissan é mais de 10 cm menor que a do Ka+. Mas, na prática, o aproveitamento de espaço é exemplar no sedã da marca japonesa, permitindo que ele acomode três adultos no banco traseiro com folga para as pernas e cabeças.

Já no Ford o nível de conforto na mesma condição é um pouco menor, principalmente para pernas e ombros. Mesmo assim, o espaço do Ka+ não merece crítica. O problema é a comparação com o Nissan.

Passando para os bancos da frente, no entanto, a vantagem muda de lado. Com 18 porta-objetos distribuídos pela cabine e uma excelente ergonomia, a convivência diária com o Ka+ é mais amigável. Destaque para o My Ford Dock, compartimento na parte superior do painel que abriga o smartphone, facilitando muito a vida de quem utiliza aplicativos de navegação, por exemplo.

Quanto ao acabamento, os dois apresentam falhas. Os materiais usados em ambos é simples e a impressão transmitida ao toque é similar nos dois carros, sendo que no Ford o visual é mais atual que no concorrente, e a adoção de peças de plástico lisas contribui para a criação de um ambiente mais agradável.

Porém, ao abrir o porta-luvas do Ka+ é possível enxergar os fios na parte de trás e o acionamento dos vidros elétricos dianteiros provoca movimento nos painéis das portas. O mesmo ocorre no Versa, embora não seja tão perceptível como no rival. Isso pode não afetar a durabilidade do sistema, mas deixa a desejar como acabamento.

COMPORTAMENTOS DIFERENTES
É na hora de guiar que as propostas dos dois sedãs se distanciam de maneira muito clara. Começando pela posição de dirigir, ainda que o Versa disponha de regulagem de altura do banco, o mecanismo ajusta apenas o assento, o que não proporciona a melhor acomodação, principalmente para os mais baixos.

No Ka+, a acomodação é mais prazerosa. Mesmo não contando com a regulagem de altura do banco, a posição ideal para conduzir é facilmente encontrada. Tem mais: no Ford, a alavanca de câmbio é mais comprida e próxima do volante, o que facilita seu manuseio e, embora alavancas mais curtas sugiram trocas de marchas mais fáceis, o fato é que nesse aspecto o Ford é melhor.

O desempenho do Ka+, graças aos 85 cv e ao torque de 10,7 mkgf do tricilíndrico, satisfaz plenamente, em especial a elasticidade, certamente resultado dos comandos de válvulas de admissão e escapamento com fase variável (somente admissão no concorrente).

Isso possibita não só precisar recorrer menos ao câmbio para retomar velocidade, como também uma relação final de transmissão em quinta marcha mais longa, observado pela rotação do motor a 120 km/h: 3.700 rpm no Ka+ e pouco mais de 4.000 rpm no Versa.

Neste, que possui menos potência e torque (77 cv e 10 mkgf), a elasticidade é menor, sendo necessário usar o câmbio um pouco mais. Quanto ao comportamento, não houve nenhuma evolução significativa no Versa. O três-volumes manteve a suspensão mais voltada para o conforto (embora algumas batidas secas do conjunto tenham sido detectadas), fazendo com que a carroceria incline um pouco mais que o desejável nas curvas, mas sem prejudicar a estabilidade.

Já o Ka+ consegue aliar melhor a suavidade para absorver as imperfeições das vias com a conectividade necessária para proporcionar uma condução mais precisa e agradável.

RECHEIO
As versões do Ka+ e do Versa analisadas nesta reportagem oferecem listas de equipamentos de série bastante semelhantes. Ambas trazem direção com assistência elétrica, ar-condicionado, rádio com entrada USB, computador de bordo e travas com acionamento elétrico. O Nissan ainda possui retrovisores com regulagem elétrica, enquanto o Ford não os oferece nem mesmo como itens opcionais.

No confronto entre amplo espaço interno e um conjunto mais equilibrado, a segunda opção entrega mais bene-fícios. Assim, a polivalência do Ford Ka+, aliada aos custos mais atraentes para manter, compõem a melhor escolha para quem procura um veículo familiar que não deixa a desejar em modernidade e economia.

O VENCEDOR
Ford Ka+ 1.0 SE Plus
A vitória do Ka+ é a maior prova de que a Ford desenvolveu um projeto muito bem-sucedido para esta versão familiar inédita do popular. A vantagem na avaliação técnica entre ele e o Versa comprova a sua capacidade de aliar as características essenciais deste segmento, como conforto e versatilidade, a uma dirigibilidade muito bem acertada, sem comprometer o desempenho até mesmo em rotações mais baixas. E a Ford não cobra muito mais para isso. Com exceção dos preços de revisão, os valores envolvidos na aquisição do Ka+ estão entre os mais competitivos da categoria. Embora o Versa seja mais vantajoso no pós-venda e disponha de um espaço interno invejável, o motor de 77 cavalos precisa ser bem explorado pelo motorista.