Para atestar a valentia do novo Discovery Sport, que será fabricado no Brasil este ano, a Land Rover convidou um grupo de jornalistas para participar de uma expedição de cerca de 450 km a bordo do SUV movido a diesel. CARRO ONLINE participou do teste, cujo percurso se destinava ao belo Parque Nacional de Itatiaia (cidade fluminense onde foi instalada a fábrica da JLR), perto da divisa com São Paulo e Minas Gerais.
O comboio de Discovery Sport saiu de manhã da capital paulista em direção à rodovia Carvalho Pinto. Bem pavimentada, o SUV não fez o mínimo esforço para proporcionar conforto e agilidade aos ocupantes, atingindo facilmente o limite de velocidade a 120 km/h, rodando a silenciosas 1.750 rpm, graças ao câmbio de nove marchas automático da ZF que trabalha acomplato ao propulsor SD4. Este motor é conhecido, trata-se do mesmo 2.2 de 190 cv e 43 kgfm de torque, que também equipa a versão a diesel do Evoque.
Uma vantagem deste motor no Discovery Sport é a tecnologia ISPM (Intelligent Power System Management), que carrega a bateria com a energia que o carro gera em frenagem, economizando combustível. Caso a necessidade seja contrária, numa ultrapassagem, por exemplo, basta recorrer ao “kick-down” (pressionar o pedal do acelerador até o fim), para que o veículo se comporte como no modo Sport de condução, reduzindo da nona para a quinta marcha, aproveitando o pico de torque e potência para realizar a manobra com agilidade e segurança.
Como estávamos em condição de teste, a média de consumo do carro na estrada foi ruim para um veículo a diesel, apenas 10,5 km/l. Contudo, o carro passou boa parte do tempo em modo Sport. Tratando-o com parcimônia, este bloco é capaz de rodar mais de 15 km/l na estrada (em nosso teste com o Evoque, só para termos uma referência, o consumo na estrada foi de 16 km/l).
Agilidade, inclusive, é um termo bastante utilizado pela Land Rover na hora de listar os atributos do carro. De acordo com a fabricante, a relação das nove marchas da transmissão foram rescalonadas: as primeiras estão mais curtas e as finais mais alongadas, prevendo, por esta estratégia, mais conforto tanto ao rodar na cidade quando para aproveitar o fôlego do veículo na estrada.
Já na rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro (famosa por sua sinuosidade), pudemos avaliar melhor o balanço do carro em curvas e o trabalho da suspensão multi-link composta de alumínio. Mesmo em curvas mais fechadas, o grandão não se furta da estabilidade, se mantendo bem conectado à vida. O utilitário é dotado de diversas tecnologias que ajudam a manter o veículo na pista, como o controle eletrônico de tração (ETC), sistema eletrônico de distribuição de frenagem (EBD), controle de frenagens em curvas (CBC) e o controle dinâmico de estabilidade (DSC).
A direção elétrica também se mostrou bastante esperta durante a viagem, ficando mais rígida em altas velocidades e priorizando a leveza em situação oposta.
Conviver com o Discovery Sport na estrada não implica sacrifício algum. O acabamento interno da cabine é um dos destaques do carro, caprichado, sem rebarba alguma, além de agradar ao toque e ao olhar. Os bancos de couro contam com controles elétricos, o que facilita encontrar a posição ideal de dirigir (o volante também pode ser ajustado na altura e profundidade). A disposição dos botões dentro do carro é bastante ergonômica, mantendo quase tudo ao alcance do motorista.
O kit multimídia é fácil de usar e fica bem posisiconado, fazendo com que o motorista não tire os olhos da pista para prestar atenção nas informações que aparecem na tela, que é de oito polegadas e sensível ao toque. O espaço nos bancos traseiro é generoso, mas a terceira fileira é apertada, voltada a crianças. Ao menos todos os passageiros podem contar com saídas de ar.
DESEMPENHO OFF-ROAD
Os 90 quilômetros de off-road, já nas mediações do Parque Nacional de Itatiaia, duraram aproximadamente cinco horas, sendo uma trilha de nível médio, com algumas subidas bem inclinadas e descidas complicadas, mas a maior parte do percurso não proporcionava dificuldade alguma para o SUV. Uma das trilhas do parque levava os participantes a uma altitude de 2.500 m acima do mar em direção ao acampamento Land Rover Village que a companhia instalou para realizar eventos exclusivos com clientes da marca.
Neste trajeto o Discovery Sport Diesel mostrou mais uma vez toda a sua valentia, vencendo tranquilamente todos os obstáculos que apareceram na sua frente. O reconhecido sistema Terrain Response da tração integral, que altera aceleração, torque e tração de acordo com o tipo de terrreno, mostrou toda a sua inteligência, além do Hill Descent Control, recurso que auxilia a descida em velocidade controlada eletronicamente, que não exitou em cumprir sua função mesmo em aclives mais íngremes.
O Terrain Response trabalha em modo automático, mas ofecere quatro modos de seleção para que o motorista possa enfrentar quase todos os tipos de terreno. Os modos são: lama, neve, cascalho e grama.
Nós usamos apenas o modo automático e o lama em algumas parte do trajeto, que aciona automaticamente o Hill Descent Control, para que nas descidas com o terreno escorregadio ele segure o carro e o motorista precisa apenas controlar o volante.
Durante todo o percurso o carro não teve nenhuma dificuldade, passando até por algumas áreas alagadas. A sensação ao dirigir o Discovery Sport Diesel em um trecho fora de estrada é de elevada confiança, pois o carro não “treme” ao encarar as adversidades e a suspensão além de garantir a superação dos desafios, ainda consegue absorver boa parte dos impactos, prevenindo desconforto excessivo aos ocupantes.
CONFORTAVELMENTE SOZINHO
O Brasil não tem muitas opções de carro a diesel para confrontar o Discovery Sport. Na faixa dos R$ 220.000 em que ele está situado, o concorrente mais próximo em proposta e preço é o Toyota SW4, mas quem comparar os dois modelos vai perceber a notável diferença de acabamento e trato entre os dois. E apesar de o japonês estar prestes a chegar totalmente renovado ao Brasil, o britânico tem a vantagem de ser nacionalizado em breve.
Dentro da companhia, o Evoque diesel não será uma ameaça para o Discovery Sport. Mais luxuoso (logo, mais caro) e com o espaço bastante diminuto em relação ao “irmão”, o Evoque atrai um tipo de cliente mais requintado que tem estilo e desempenho como prioridades sobre o conforto e funcionalidade.
Neste cenário, a Land Rover pode levar vantagem ao oferecer um veículo confortável, robusto e com sofisticação considerável num mercado em que há bastante espaço para se consolidar.