Durante a coleção de quedas do mercado no ano passado, havia um segmento que parecia passar ileso (ou ao menos com bem menos sofrimento) pelo período de arrefecimento das vendas: os modelos premium. Sabemos que crises não impactam todos da mesma forma e, na ocasião, imprensa e especialistas explicavam que uma das razões para o segmento premium estar crescendo era a situação financeira do público-alvo (geralmente mais blindada em épocas de retração econômica).
Todavia, aparentemente nem mesmo a condição abastada está garantindo a confiança do consumidor premium em 2016 e o segmento de luxo está enfrentando uma crise pior do que a queda geral do mercado, calculada em 22,8% pela Anfavea, que reúne as fabricantes de veículos. Se somarmos o volume de emplacamentos de automóveis acumulado entre janeiro e setembro deste ano de Audi, BMW, Land Rover e Mercedes-Benz temos um recuo de 27,4%, de acordo com dados da Fenabrave, entidade que representa as concessionárias.
MARCA | 2015 | 2016 | VARIAÇÃO |
Audi | 12.439 | 8.929 | -28,9% |
Mercedes-Benz | 12.710 | 8.086 | -36,4% |
BMW | 10.974 | 8.667 | -21,1% |
Land Rover | 6.363 | 5.213 | -18,1% |
TOTAL | 42.486 | 30.895 | -27,4% |
Em números absolutos, isso significa que até setembro de 2015, o mercado premium havia vendido 42.486 unidades, enquanto em 2016 este período registra 30.895 emplacamentos das quatro marcas citadas. Se considerarmos a média de 3.432 unidades do segmento este ano, podemos prever um decréscimo de 31,1% do mercado premium no Brasil este ano (em relação aos 59.719 emplacamentos acumulados ano passado).
Analisando os números por marcas, quem mais está sentindo o peso da crise é a Mercedes-Benz. Até o momento, a companhia de Stuttgart arcou com uma queda de 36,4% nas vendas de automóveis. Seu best-seller, o Classe C, é sedã alemão premium que mais retraiu entre os carros-chefes das três conterrâneas. Foram somente 3.044 unidades emplacadas dele até setembro, bem abaixo das 5.413 do mesmo período do ano passado, sempre segundo a Fenabrave.
A Audi, que ano passado comemorou a conquista do topo das marcas premium mais vendidas no país, também não está tão feliz em 2016. A companhia registra recuo de 28,9%, praticamente o mesmo impacto negativo que seu modelo mais vendido, o A3 Sedan, sofre (foram 3.194 unidades vendidas dele até agora ante as 4.431 de 2015). Já a BMW, a que menos cresceu em 2015, caiu 21,1% até agora, e o Série 3 amarga uma queda de 39,5% nas vendas (2.893 unidades contra 4.778 ano passado).
MODELO | 2015 | 2016 | VARIAÇÃO |
A3 Sedan | 4.431 | 3.194 | -28% |
Classe C | 5.413 | 3.044 | -43,8% |
Série 3 | 4.778 | 2.893 | -39,5% |
Evoque | 3.280 | 1.487 | -54,7% |
A cota britânica do segmento premium segue a onda da crise dos alemães. A Land Rover está enfrentando um decréscimo de 18,1% em suas vendas e o Evoque é o modelo premium (entre os carros-chefe) que mais sofre, já que até agora seus emplacamentos caíram mais da metade em relação a 2015: são apenas 1.487 unidades vendidas até agora este ano, contra 3.280 no mesmo período do ano passado.