Texto: Marcos Camargo

Em junho deste ano a BYD, que recentemente mostrou suas instalações em Camaçari, pediu ao governo federal um regime específico com tributação reduzida para apenas montar carros em kits no Brasil. Agora, as vésperas de uma reunião com uma comissão do governo, um grupo que representa oito fabricantes de carros no Brasil endereçou uma carta ao presidente Lula pedindo igualdade de condições no regime de produção local.

As fabricantes lembram que o setor automotivo representa 25% do produto interno bruto do país (PIB) e além das 25 marcas que produzem localmente há outros 500 fabricantes de Auto peças peças.

A carta é assinada por quatro altos executivos que pedem providência do governo para evitar que grupos empresariais montem veículos sem produção nacional em troca de impostos reduzidos. As assessorias de imprensa dos fabricantes enviaram aos jornalistas uma cópia dessa carta a qual a revista O Mecânico teve acesso.

 

 

A carta tem a assinatura da General Motors, Toyota, Volkswagen e Stellantis que produz veículos de cinco marcas (Fiat, Jeep, RAM, Peugeot e Citroën) e menciona o risco do compromisso de R$ 180 bilhões em investimentos no Brasil.

O grupo de marcas quer evitar que o governo ceda a empresas como a BYD que está pleiteando uma alíquota reduzida em 10% para montar veículos em regime semidesmontados (SKD) e desmontados (CKD). A BYD pediu o regime especial ao Comitê Executivo de Gestão, da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) que fará uma reunião dia 30 de julho para decidir a questão.

Apesar do pedido, não só a BYD seria beneficiada com a medida mas diversos grupos chineses. Marcas como GAC, OMODA & Jaecoo, e Zeekr/Lynk&Co buscam meios de viabilizar a montagem dos seus veículos para evitar as taxas impostas pelo governo federal que chegarão a 35% em 2028.

 

Confira o conteúdo da carta da íntegra

 

“É nosso dever alertar, Senhor Presidente, que esse cicio virtuoso de fortalecimento da indústria nacional está sendo colocado em risco e sofrerá forte abalo se for aprovado o incentivo à importação de veículos desmontados para serem acabados no país.

Ao contrário do que querem fazer crer, a importação de conjuntos de partes e peças não será uma etapa de transição para um novo modelo de industrialização, mas representará um padrão operacional que tenderá a se consolidar e prevalecer, reduzindo a abrangência do processo produtivo nacional e, consequentemente, o valor agregado e o nível de geração de empregos.

Por uma questão de isonomia e busca de competitividade, essa prática deletéria pode disseminar-se em toda a indústria, afetando diretamente a demanda de autopeças e de mão de obra. Seria uma forte involução, que em nada contribuiria para o nível tecnológico de nossa indústria, para a inovação ou para a engenharia nacional. Representaria, na verdade, um legado de desemprego, desequilíbrio da balança comercial e dependência tecnológica”

 

Share This