As quatro letras, duas vogais e duas consoantes dos nomes dessa dupla são as mais importantes atualmente para Volkswagen e Fiat. Na primeira, marca o pontapé de uma nova fase na história da empresa, que começa com a renovação total do portfólio atual de produtos. Já na segunda, pode ser a peça-chave para voltar a brigar pela liderança do mercado nacional. Afnal, entre Polo e Argo, quem se sai melhor?
Os dois hatches têm filosofias e origens opostas. O modelo da fabricante com sede em Betim (MG) é um projeto novo, pensado com foco nos anseios do consumidor brasileiro. O Polo, por sua vez, é um projeto global, que estreia no Brasil poucos meses depois da chegada às lojas da Europa.
Alinhamos aqui as versões Highline do Polo e Precision do Argo. O Fiat parte de R$ 66.800 e traz controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, sistema de monitoramento da pressão dos pneus, start-stop, controle de velocidade de cruzeiro, volante revestido em couro e central multimídia com tela de 7 polegadas.
O carro avaliado continha R$ 9.600 extras em opcionais. São eles: bancos em couro, rodas de 16 polegadas, partida do motor por botão, retrovisores externos com iluminação e rebatimento elétrico, ar-condicionado digital, tela de 7 pol. no quadro de instrumentos, sensores de chuva e crepuscular, retrovisor interno eletrocrômico, airbags laterais de tórax, sensor de estacionamento traseiro e câmera de ré.
O Polo Highline, por sua vez, custa R$ 69.190 e traz de série controles de tração e estabilidade, partida do motor por botão, controle de velocidade de cruzeiro, ar-condicionado digital, volante revestido em couro, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros e luz de condução diurna em LED.
O modelo testado trazia como opcionais sistema de monitoramento da pressão dos pneus, retrovisor interno eletrocrômico, sensores de chuva e crepuscular, detector de fadiga, câmera de ré, sistema de frenagem automática pós-colisão, central multimídia com tela de 8 polegadas, painel digital e rodas de liga leve de 17 polegadas. Com eles, o Volkswagen vai a R$ 73.690.
O Polo sobressai em três de quatro medidas externas – é maior no comprimento (4,05 m x 3,99 m), na largura (1,75 x 1,72) e na distância entre-eixos (2,56 x 2,52), mas perde para o Argo em altura (1,46 x 1,50).
Ambos têm medidas de espaço interno próximas, com exceção da distância para os joelhos dos passageiros do banco de trás, na qual o Argo supera o Polo por boa margem. O túnel central mais baixo no Fiat facilita a acomodação de um eventual quinto passageiro. Cada um dos hatches pode transportar 300 litros no porta-malas – o do Polo traz uma divisória que permite nivelar o assoalho quando os bancos estão rebatidos.
Desempenho
Na mecânica, a concepção é diferente entre eles. O Polo aposta na sobrealimentação, com motor 1.0 TSI de 128 cv de potência ao utilizar etanol e 20,4 kgfm de torque com ambos os combustíveis. O Argo traz motor 1.8 aspirado de 139 cv e 19,3 kgfm com etanol. Apesar da vantagem em potência, o torque máximo do Fiat aparece somente a 3.750 rpm, ante 2.000 rpm do Polo. Ambos têm câmbio automático convencional de seis marchas e opção de trocas manuais pelas aletas atrás do volante ou por meio da alavanca.
Na pista de testes, o Polo superou o Argo em quase todas as provas de desempenho. Na aceleração de 0 a 100 km/h, o Volkswagen registrou 9s8, enquanto o Fiat cumpriu a mesma prova em 10s7. Na retomada de 60 a 120 km/h, houve empate técnico: ambos cumpriram a prova em 10s4. Já nas passagens de 40 a 100 km/h e 80 a 120 km/h, o Polo levou vantagem, com os tempos de 7s5 e 7s1, contra 8s3 e 8s1 do Argo.
Mesmo andando mais que o Argo, o Polo consumiu menos combustível. O hatch feito em São Bernardo do Campo (SP) fez médias de 8,9 km/l no ciclo urbano e 12,7 km/l no rodoviário. O compacto produzido em Betim, por sua vez, conseguiu 7,0 km/l e 11,7 km/l nos respectivos regimes.
Com discos de freio nas quatro rodas, o Polo também foi mais eficiente na hora de parar. Ele percorreu 37,4 metros para estancar completamente vindo a 100 km/h – o Argo parou 2,7 metros depois no mesmo ensaio. Ao menos o Fiat apresentou melhor resistência ao superaquecimento dos freios ao ser submetido a dez frenagens consecutivas quando carregado com 200 kg.
Nas medições de ruído interno, o Polo mostrou-se mais silencioso. Com o câmbio em neutro, registramos 37,5 decibéis no Polo e 42,8 dB no Argo. Apesar disso, os dois têm nível confortável de ruído na cabine em velocidades de cruzeiro.
Já o Argo dá o troco com luzes externas que iluminam o chão ao entrar e sair do carro, rebatimento elétrico dos retrovisores, sistema start-stop, alças no teto e regulagem do encosto do banco por botão giratório (quando equipado com airbags laterais).
O ajuste de suspensão do Argo é irrepreensível. Em conjunto com a calibração da direção, o Fiat contorna curvas como nenhum outro modelo dentro da gama atual da marca no Brasil, sem deixar de ser confortável sobre pisos irregulares. O Polo também traz bom acerto. Porém, como é comum entre os Volkswagen, transmite um pouco mais à cabine as imperfeições do asfalto.
A Fiat tem um produto extremamente bem acertado. O Argo possui qualidades para bater os líderes entre os hatches compactos nas versões mais baratas. Porém, quando alinhamos os topo de linha, o Fiat fica para trás. A concorrente de origem alemã conseguiu trazer ao Brasil um produto com mecânica e tecnologia mais avançadas na mesma faixa de preço do Argo Precision. Por isso, o campeão deste comparativo é o único que tem duas vogais repetidas: Polo.
Conclusão
Por Gustavo de Sá
Polo desempata o jogo na eficiência do motor
Volkswagen Polo e Fiat Argo travaram um duelo extremamente equilibrado. Eles têm preços, porte, dirigibilidade e itens de série bas tante parecidos entre si. O ponto mais distinto entre os dois é o desempenho e a efciência. Nestes dois quesitos, o Polo mostra a superioridade do motor 200 TSI, que deixa o hatch mais rápido e econômico que o rival. Se a fabricante mantiver a estratégia ousada de preços do Polo após o período de lançamento, a concorrência terá que se mexer para chegar no mesmo patamar do estreante.
*Texto publicado originalmente na edição 288 (outubro/2017) da Revista CARRO.
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