Comparativo: Mercedes GLA vs. Audi Q3

Ele tem rodas grandes, uma boa altura em relação ao solo e, opcionalmente, tração nas quatro rodas e um interior personalizável. E, desde a versão de entrada, tem aspecto interessante, com estilo de cupê e perfil elegante. Assim, o novo Mercedes-Benz GLA chega para ganhar espaço no segmento ocupado por VW Tiguan, BMW X1 e Audi Q3. Mas será que ele tem cacife para isso?

Para saber a resposta, promovemos o primeiro embate dele com a atual referência na categoria, o Audi Q3, na versão 2.0 turbodiesel, com 177 cv, que enfrentará o GLA 220 CDI (que tem 170 cv) no ringue. Além dos motores similares, ambos contam com câmbio robotizado de 7 marchas e tração integral.

Primeiramente, vamos ao interior. O GLA possui volante multifunção e um painel nos quais os botões são muito pequenos e causam um certo incômodo, principalmente no primeiro contato. Em compensação, não é difícil acionar a maioria das funções, que são intuitivas. Da mesma maneira, o Q3 se destaca com o MMI (Multi Media Interface), cujo funcionamento é lógico e rápido, mesmo que o seletor giratório não seja o sistema mais atual.

A posição de dirigir no Mercedes chega a ser surpreendente. Para um SUV, pode até ser considerada esportiva. Opcionalmente, ele pode receber bancos de couro, com apoios laterais mais pronunciados, que garantem apoio ainda maior nas curvas. Atrás, o espaço para as pernas e para a cabeça é bom, merece atenção apenas o fato de o assento ser um pouco curto e muito plano.

O Mercedes se destaca por oferecer um novo padrão de conforto entre os SUVs compactos premium

Bancos esportivos também podem ser adquiridos no Q3. Eles são firmes e têm bom apoio lateral — tanto quanto os do GLA —, além de contarem com um extensão ajustável para as coxas. No banco traseiro, o espaço é um pouco maior que no Mercedes em todos os sentidos. E graças à área mais volumosa, o Audi consegue acomodar mais de bagagem, só que o GLA oferece uma vantagem com uma solução simples, que é o banco traseiro dividido em 1/3, 2/3, que permite acomodar carga e passageiros em diferentes configurações, de acordo com a necessidade.

O painel do Audi exibe poucos comandos, mas bem localizados e dimensionados, facilitando a utilização

Embora eles sejam similares, as características de condução revelam que os modelos produzidos em Stuttgart e em Ingolstadt são bastante diferentes. O Mercedes GLA consegue impressionar bastante com seu comportamento dinâmico. Sua direção rápida e precisa, oferece excelente resposta ao motorista, gerando confiança. Da mesma maneira, a suspensão se mostrou muito eficiente, proporcionando conforto e segurança, mesmo sobre piso bastante irregular.

O painel do Mercedes apresenta um acabamento mais refinado, mas com botões pequenos, que exigem adaptação, principalmente no primeiro contato

O Audi, por sua vez, é menos gentil com os ocupantes. O Q3 tenta manter o contato direto com o solo por meio de uma suspensão mais dura, mas as perdas em termos de conforto e de agilidade não compensam. Mas não é o caso de dizer que o SUV não se sai bem no off-road. Afinal, comparados a qualquer modelo convencional do mesmo porte, tanto Q3 quanto GLA, com suas grandes rodas (255/40 R19 e 235/50 R18, respectivamente) são suficientemente valentes. Ambos contam com aproximadamente 170 mm de altura do solo, mas podem receber, opcionalmente, uma suspensão esportiva, mais baixa. Por outro lado, em meados do ano, o Mercedes deverá ganhar uma suspensão ainda mais elevada, com 204 mm de altura.

Mas, mesmo na versão padrão, o GLA não registra perdas significativas de conforto e consegue ser rápido nas curvas, apenas com um pouco mais de rolamento, natural para um modelo tão alto. O consumo é o esperado em trechos rodoviários e, naturalmente, aumenta nos trechos não pavimentados.

Por falar nisso, um item indispensável no GLA é a tração integral. A configuração atual traz apenas a combinação com o câmbio robotizado de 7 marchas e pode ser comparada à versão com tração dianteira, que custa 2 213 euros a menos. Como na maioria dos concorrentes, o eixo traseiro é controlado eletronicamente por uma embreagem multidisco com desacoplamento automático. Há ainda uma bomba hidráulica com acionamento elétrico, para tornar a operação ainda mais rápida.

Em contraste, o Audi conta com um sistema que se “comunica” com o eixo traseiro, desligando-o assim que a velocidade aumenta. Esta estratégia também proporciona maior agilidade no bloqueio do sistema e torna a bomba auxiliar supérflua, permitindo a entrada em ação das rodas traseiras quase que instantaneamente.

O sistema 4Matic da Mercedes é aproximadamente 25% mais leve que os seus concorrentes e, aliado ao seu baixo consumo, permite obter baixos níveis de emissões. De acordo com a fabricante, a versão com tração dianteira consome 20,4 km/l, o que lhe permite superar o Q3, com seus 16,9 km/l. Em breve, vamos colocá-los na pista para conferir.

De volta à pista, é preciso lembrar que nem o GLA — apesar de contar com a suspensão off-road — nem o Q3 foram projetados para trilhas pesadas no fora-de-estrada. Mas sobre superfícies com baixa aderência ou em trilhas leves, aí esses compactos se mostram bem à vontade em seu terreno. Mas, caso seja necessário, ambos transmitem a impressão de que aguentam solicitações maiores, um claro sinal do bom projeto.

Para a utilização diária, a tração dianteira geralmente é suficiente, até porque os SUVs dessa categoria são muito mais vistos em estradas e em regiões urbanas. Em todo caso, o Audi conta, desde a versão de entrada, com configurações movidas a diesel e a gasolina e tração nas rodas dianteiras com até 177 cv. Apenas nos modelos mais potentes a tração integral é de série.

Os Mercedes também são limitados a quarto opções diferentes. Depois da versão que conduzimos, a 220 CDI 4Matic deverá ser a próxima a chegar ao mercado, enquanto outras três opções já estão disponíveis: a 250 4Matic a gasolina com 211 cv e os primeiros modelos com tração dianteira: a 200 com 156 cv e a 200 CDI, com 136 cv. Em maio, na Europa, devem chegar a 200 CDI 4Matic e as configurações com tração dianteira dos modelos 250 e 220 CDI. Haverá ainda uma nova e atraente versão de entrada 4×2 com motor 180 CDI de 109 cv. 

Vale destacar que os dois modelos serão fabricados no Brasil a partir do próximo ano, logo é bom ficarmos por dentro dessa briga! 

Audi Q3 e Mercedes-Benz GLA:

Bancos traseiros

Audi Q3

O espaço para a  cabeça é prejudicado pelo teto panorâmico, mas não chega a incomodar. Mas repare que  o console central  atrapalha a acomodação de um eventual terceiro passageiro.

Mercedes GLA

Boa área disponível para cabeça e pernas, mas o assento é muito plano e curto, o que pode incomodar, especialmente em viagens mais longas. As janelas também são menores que no rival.

Motores:

Audi Q3

Com 38,8 mkgf de torque a 1 750 rpm, o motor 2.0 TDI do Q3 pode ser considerado brilhante. O único senão surge nos primeiros momentos após a partida, já que o nível de ruído e de vibrações se mostra um pouco elevado.

Mercedes GLA

A partir de 1 400 rpm,  o motor 2.1 CDI do Mercedes passa a mostrar o que tem de melhor: seus 35,7 mkgf, que surgem de maneira uniforme. Além disso, o modelo ainda consegue gastar pouco combustível, com baixas emissões.

Porta-malas:

Audi Q3

Rebatendo-se os bancos traseiros do Audi Q3, é possível ampliar o espaço para bagagem de 460 l para excelentes 1 365 l. Quem se interessar também pode adquirir um descansa-braços central por 155 euros.

Mercedes-GLA

Os encostos do banco traseiro do Mercedes GLA são assimétricos e proporcionam maior modularidade. O porta-malas pode acomodar de 421 l a 1 235 l, dependendo da posição dos bancos de trás.

Dados técnicos:

Audi Q3

Motor (disposição/cilindros): longitudinal, 4 cilindros; Cilindrada 1.968; Potência 177 cv a 4.200 rpm; Torque 38,8 aos 1.750 rpm; Comprimento 4.385 mm; Largura 1.831 mm; Altura 1.590 mm; Entre-eixos 2.603 mm; Porta-malas 460 litros; 0 a 100 km/h: 8s2; Velocidade máxima: 212 km/h; consumo médio 16,9 km/l; Preço básico 37.450 euros.

Mercedes-Benz GLA

Motor (disposição/cilindros): longitudinal, 4 cilindros; Cilindrada 2.143; Potência 170 cv a 3.400 rpm; Torque 35,7 mkgf a 1.400 rpm; Comprimento 4.414 mm; Largura 1.804 mm; Altura 1.494 mm; Entre-eixos 2.699 mm; Porta-malas 421 litros; 0 a 100 km/h: 8s3; Velocidade máxima: 215 km/h; Consumo médio 20,4 km/l; Preço básico 39.252 euros.

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