Que os chineses chegaram com proposta nova, apresentando carros completos por um preço razoável, já não é novidade. Mas sempre há quem pergunte qual deles é a melhor opção. Por isso resolvemos colocar frente a frente Chery Celer 1.5, que atualmente é tabelado em R$ 29.990, e JAC J3 1.4, que está nas concessionárias da marca por R$ 35.990. Apesar de ser R$ 6.000 mais barato, é bom lembrar que essa promoção do Chery está prevista para terminar neste ano. Sendo assim, ele voltará a custar R$ 35.990 a partir de 1º de janeiro.
Apesar da diferença de cilindrada – o J3 tem motor 1.3 (1.332 cm³, porém a JAC o classifica como um “1.4”) e o Chery tem propulsor 1.5 (1.496 cm³) – a potência dos dois é equivalente: 108 cv. Entretanto, o Celer leva vantagem ao rodar com gasolina ou etanol. O conjunto motriz do J3 pode até ser menor, mas apresenta potência acima da média para um motor que é movido apenas a gasolina.
Ao volante, o Celer transmite a sensação de ser um carro mais desenvolto que o JAC, porém quando avaliamos os números de teste, os dois hatches andam bem próximo. O JAC atinge 100 km/h, partindo da imobilidade, em 13s1, enquanto o Celer cumpre a mesma prova em 12s8. A despeito de ser 270 kg mais pesado que o J3, o Celer não ficou tão atrás na demais provas de desempenho. Na retomada de 60 a 120 km/h, por exemplo, o JAC superou o rival por pouco: 19s2 contra 19s6 do Celer.
Ao acionar o ar-condicionado do JAC notamos que há uma queda brusca no comportamento, não sentida no Celer. E com pouco mais de 9.000 quilômetros rodados, a unidade avaliada do J3 apresentava ruídos excessivos na ventoinha do sistema.
No que diz respeito ao comportamento dinâmico, o Celer é mais confortável, apesar da modulação nada agradável do pedal do freio: ele é duro e é necessário pisar fundo para obter uma resposta do sistema. A visibilidade traseira do JAC é melhor, mas a suspensão é muito mole. E, sim, os dois são bastante ruidosos.
Os engates do câmbio do JAC são como acertar uma argola em garrafas naquela brincadeira de festas juninas: imprecisos e muito distantes. Diferentemente do concorrente, os pedais do J3 são muito moles e o volante conta com revestimento de couro, apesar da costura não ter um acabamento refinado.
Manusear o rádio do J3 é mais fácil por ser mais intuitivo que o do rival, além de contar com comandos no volante. A cor prateada do Chery não apresenta um visual muito agradável, mas compõe todo o painel. Ainda bem que no JAC essa moda ficou para trás. Por outro lado, a antena interna dificulta bastante quando é necessário sintonizar as rádios e a entrada USB, que exige um adaptador. Esse problema acontece nos dois modelos. Uma vantagem do JAC é a cor utilizada na iluminação do painel que, por ser branca, cansa menos que a vermelha do hatch da Chery. E, no novo J3, o conta-giros e o velocímetro estão definitivamente separados.
Na cabine do Celer não há muitos parafusos aparentes, o que mostra a preocupação da marca com o acabamento, o que não ocorre com o rival. E quem anda no J3 na parte de trás não tem onde colocar uma garrafinha de água nas portas, por exemplo.
A abertura remota do porta-malas ficou melhor localizada no Chery, pois fica no painel, próximo aos comandos de ventilação. No J3, ela fica ao lado do banco do motorista, no assoalho. Com pouco mais de 8.000 quilômetros, o tampão do porta-malas e o cinto de segurança apresentaram ruídos desconfortáveis no Celer utilizado em nossa avaliação.
Apesar do acabamento um pouco melhor, o Celer apresentou custo de manutenção bem mais caro que o JAC. Na nossa cotação de peças (jogo de pastilhas de freio dianteiro; amortecedores dianteiros e traseiros; jogo de velas; filtro de ar, combustível e óleo; para-choque esquerdo; farol; lanterna e retrovisor externo) o Celer fechou o pacote com exatos R$ 3.695, contra R$ 1.848 do J3. O chinês da JAC ainda obteve vantagens na cotação de seguros, que custa R$ 2.097 para ele contra R$ 2.345 para o Chery. Mas nas revisões até 30.000 km a vantagem foi do Celer: R$ 927 contra R$ 1.092 do JAC.
Conclusão:
O custo de manutenção do Celer é muito elevado, fato. Mas, apesar dos números não apresentarem tanta diferença, o Chery é mais esperto e com interior mais aconchegante. O espaço interno é maior que o do JAC e o ar-condicionado não arranca tanta potência do motor 1.5 flex que, só por aceitar dois tipos de combustível, se mostra mais antenado às necessidades do mercado nacional. E nesse segmento, 30 litros a mais no porta-malas fazem diferença. Enquanto a JAC parece se preocupar em competir com o design coreano, o Chery se mostra um produto mais completo, por isso é o campeão.
1º) Chery Celer: 6,2
2º) JAC J3: 5,9
Fichas técnicas
Chery Celer
Motor 4 cilindros, dianteiro, transversal, flex; Cilindrada 1.496 cm3; Potência 108 cv (gasolina) a 6.000 rpm; Torque 14 mkgf (gasolina) a 3.000 rpm; Câmbio manual, 5 marchas; Tração dianteira; Comprimento 4,13 m; Largura 1,68 m; Altura 1,49 m; Entre-eixos 2,52 m; Porta-malas 380 l; Peso 1.200 kg
JAC J3
Motor 4 cilindros, dianteiro, transversal; Cilindrada 1,332 cm3; Potência 108 cv (gasolina) a 6.000 rpm; Torque 14 mkgf (gasolina) a 4.500 rpm; Câmbio manual, 5 marchas; Tração dianteira; Comprimento 3,96 m; Largura 1,65 m; Altura 1,46 m; Entre-eixos 2,40 m; Porta-malas 350 l; Peso 1.060 kg