Acabou a espera. A Honda lançou oficialmente o inédito WR-V no Brasil nesta segunda-feira (13) em evento realizado em Foz do Iguaçu (PR). O carro, que havia sido apresentado pela primeira vez no último Salão do Automóvel, chega às concessionárias com o mesmo trem de força do seu irmão Fit e preços a partir de R$ 79.400. Mas como já mostramos, contrariando a impressão que a fabricante havia deixado no salão, o WR-V é, de fato, um carro diferente do Fit, embora compartilhem a mesma plataforma.
A distinção entre Fit e WR-V já começa com a forma que a companhia japonesa classificou sua novidade no programa de etiquetagem do Inmetro/Conpet: SUV. “Mexemos onde o consumidor mais percebe”, explicou Luis Marcelo Kuramoto, líder de projeto do WR-V no Brasil. Ou seja: chapas externas da carroceria, suspensão e direção.
Do HR-V vieram a parte central do eixo de torção traseiro e o motor da assistência elétrica da direção. Para compensar as alturas maiores do solo (são 6,2 cm extras) e da carroceria (3,9 cm), os engenheiros da fabricante deslocaram as rodas para as extremidades do carro. Isso explica o aumento de bitolas e entre-eixos, que não se refletem em um maior espaço interno.
Não que o carro precisasse. Como a cabine é a mesma do Fit, o WR-V oferece ótimo espaço interno para quatro adultos, especialmente para as cabeças e joelhos de quem vai atrás. Os bancos contam com forração exclusiva e mantêm o versátil sistema ULT de rebatimento do encosto e assento traseiro.
Conforme citado no começo da matéria, o DNA do Fit também continuou no trem de força, composto pelo motor 1.5 de 116 cv sempre com câmbio CVT. Para compensar o aumento do peso, houve uma recalibração na velocidade de variação das polias do câmbio, que encurtam a relação mais rápido.
A relação mínima e máxima do CVT, no entanto, não foi alterada, assim como o diferencial. Como o diâmetro dos pneus 195/60 R16 é maior que o dos 185/55 R16 usados no Fit, a relação entre rotação e velocidade aumentou. Na teoria, isso deve resultar em melhora na velocidade máxima, em detrimento da aceleração.
DESEMPENHO SIMILAR, COMPORTAMENTO DIFERENTE
Em nossa pista de testes, o desempenho do WR-V foi praticamente idêntico ao do Fit. A aceleração de 0 a 100 km/h, por exemplo, foi realizada em 11s35 pelo SUV, enquanto o monovolume precisou de 11s2 (diferença imperceptível na vida real). O WR-V cumpriu a retomada de 60 km/h a 120 km/h em 11s25 (o Fit a fez em 11s06) e na frenagem de 100 km/h à zero foram percorridos 39,70 metros (40,8 m do Fit). E mesmo o nível de ruído do motor na cabine a 120 km/h foi parecido: 65,9 decibéis no WR-V e 66,4 no Fit.
No breve contato que tivemos com o carro para avaliá-lo nas ruas e estradas a paridade entre Fit e WR-V se mantém. Em tráfego urbano o carro responde rapidamente à demanda do motorista, e o CVT permite que a rotação baixe logo após o acelerador ser aliviado, reduzindo o ruído interno. Já em rodovias as limitações do motor 1.5 de aspiração natural acabam se destacando. Ultrapassagens e longos aclives exigem mais uso do acelerador e paciência enquanto o carro ganha velocidade com o conta-giros estacionado acima das 4.000 rpm.
Deixar o câmbio no modo Sport melhora o desempenho, mas não faz milagres, e, se torna o carro mais ágil, prejudica o consumo. Uma solução poderia ser a adoção de marchas virtuais e borboletas no volante, como ocorre no HR-V e no Civic. Assim, se o WR-V não brilha em desempenho, sua contrapartida deve ocorrer nas raras paradas no posto de combustível.
Mas no quesito dirigibilidade, o mérito do WR-V está na suspensão. A maior altura do modelo permitiu à engenharia aumentar o curso de molas e amortecedores, dando espaço para uma redução na carga dos elementos elásticos. Ou seja, esqueça as batidas mais secas e eventuais choques de fim de curso do Fit. No WR-V, valetas, buracos e lombadas são superados com valentia digna de Weekend Adventure – mas sem a maciez excessiva do Fiat.
CARROCERIA DE SUV, CONSUMO DE FIT
Apesar de ter obtido nota B na classificação geral no programa de etiquetagem, o WR-V tem a nota máxima na categoria. O SUV recebeu pelo Inmetro os índices de 8,2/8,7 km/l com etanol e 11,7/12,4 km/l com gasolina nos ciclos urbano e rodoviário, respectivamente. Embora tais valores sejam ligeiramente piores que os do Fit, eles superam com folga as versões automáticas 1.6 de Ford EcoSport e de Hyundai Creta, dois rivais próximos do modelo.
Apesar de não ter o vigor do HR-V, o WR-V ganhou alguns atributos do modelo maior. A assistência elétrica da direção manteve praticamente a mesma leveza do Fit, mas transmite mais sensibilidade ao motorista.
PREÇOS E VERSÕES
- EX: R$ 79.400 – Câmera de ré, direção elétrica, ar-condicionado, faróis de neblina, luzes diurnas de LED, rack de teto, rodas de liga leve aro 16″, multimídia com tela de 5 polegadas (sem touchscreen) com CD, USB e Bluetooth, trio elétrico, volante multifuncional de couro com regulagem de altura e profundidade, controle automático de velocidade, airbags frontais e laterais, computador de bordo, bancos rebatíveis, banco do motorista com ajuste de altura, cinto de três pontos nos cinco lugares, entre outros.
- EXL: R$ 83.400 – Dois airbags de cortina, multimídia com tela de 7 polegadas sensível ao toque e todos os itens citados acima.
CUSTO SEM BENEFÍCIO?
Com tantas melhorias dinâmicas, é um pouco frustrante ver que a Honda ainda é comedida na hora de equipar os seus veículos. Os itens de série da versão EXL do WR-V se equiparam à opção homônima do Fit, com destaque para os airbags laterais e de cortina e sistema multimídia com GPS e câmera de ré. O único item extra que o WR-V possui são luzes diurnas de LED.
Ar-condicionado digital, ESC e chave presencial, oferecidos até mesmo no Fit europeu, não serão ofertados nem mesmo no WR-V topo de linha. Segundo a Honda, o motivo é para evitar uma possível canibalização com o HR-V.
A preocupação é legítima, pois a versão topo de linha do WR-V custa R$ 83.400, enquanto o HR-V LX automático parte de R$ 86.800. Já a configuração inicial do WR-V é tabelada a R$ 79.400, ligeiramente acima do Fit topo de linha (R$ 78.900).
DADOS DE FÁBRICA | Honda WR-V EXL |
Motor | L4, dianteiro, trans.,flex, 16V |
Cilindrada | 1.497 cm³ |
Potência | 116 cv a 6.000 rpm |
Torque | 15,3 kgfm a 4.800 rpm |
Câmbio | Automático, CVT |
Tração | Dianteira |
Suspensão (d/t) | McPherson/eixo de torção |
Pneus | Pirelli Cinturato P1 195/60 R16 |
Peso | N/D |
Dimensões (comp./larg./alt.) | 4,0 m/1,73 m/1,60 m |
Entre-eixos | 2,55 m |
Todavia, mesmo perdendo a oportunidade de equipar melhor o WR-V — até mesmo para reforçar ainda mais a sua personalidade distinta do Fit –, o novo SUV da Honda tem potencial para se tornar um dos modelos mais bem sucedidos da marca.
NOSSAS MEDIÇÕES | Honda WR-V EXL |
Aceleração | |
0 a 80 km/h | 8s10 |
0 a 100 km/h | 11s35 |
0 a 120 km/h | 15s69 |
Retomada | |
40 a 100 km/h em Drive | 9s84 |
60 a 120 km/h em Drive | 11s25 |
80 a 120 km/h em Drive | 8s63 |
Frenagem | |
80 a 0 km/h | 25,52 m |
100 a 0 km/h | 39,70 m |
120 a 0 km/h | 56,62 m |