Existem diversos estilos de rock‘n’roll, desde o mais comportado pop-rock ao barulhento heavy metal. Independentemente de qual seja o tipo, o que ninguém contesta é a majestade de Elvis Presley. O Rei do Rock é reverenciado até hoje, mesmo por aqueles que o conheceram apenas por suas músicas usadas em anúncios publicitários. E em todo mundo. Imagine, então, a surpresa de encontrar um carro abandonado há quase 60 anos e que pertenceu a Elvis Presley. E mais: não se trata de um automóvel qualquer, mas de um BMW 507, um conversível considerado até hoje um dos mais belos modelos produzidos pela empresa bávara.

Pois foi o que aconteceu este ano. Jack Castor, um engenheiro americano, decidiu enviar o veículo que adquiriu em 1968, no Arizona — e que deixou guardado em um galpão —, de volta à BMW. Após ficar exposto no museu da empresa, em Munique, o carro passará por um processo de restauração completo e que — espera-se — o trará à vida novamente. Mas, antes de contar a epopeia do roadster do Rei, é melhor relembrar a história desse BMW.

É provável que você nunca tenha ouvido falar de Max Hoffman, mas foi esse austríaco de nascimento que se tornou importador das marcas BMW e Mercedes-Benz para os Estados Unidos quem sugeriu à marca da estrela criar o lendário 300 SL “asa de gaivota”. E como conhecia o mercado americano como ninguém, propôs à BMW um roadster a partir do luxuoso modelo 502. Equipado com um potente motor V8, ele seria um sucesso na certa.

A fabricante aceitou a sugestão, e a tarefa de criar o modelo ficou a cargo de Albrecht Graf Goertz. Além da base do 502, a ordem era utilizar o maior número possível de componentes de outros automóveis da marca, a fim de reduzir os custos de produção.

O resultado não decepcionou. O BMW 507 exibia linhas sinuosas muito elegantes, com um longo capô e traseira curta. Restrito a dois ocupantes, o roadster era capaz de acomodar alguma bagagem no porta-malas traseiro e atrás dos bancos, mas foi feito para passear.

A enorme dianteira acomodava um motor V8 de 3,2 litros com bloco e cabeçote de alumínio, capaz de produzir respeitáveis 150 cv. Já o câmbio era apenas manual, como convém a um esportivo, e a tração, traseira, afinal de contas, trata-se de um BMW.

Mas, apesar das qualidades, o 507 não obteve sucesso nos Estados Unidos, por conta do seu alto preço. E não era para menos, já que o modelo possuía carroceria de alumínio e sua produção era artesanal. Assim, quatro anos depois de ser apresentado, o belo roadster deixou de ser produzido com apenas 254 unidades produzidas (ou 251, ninguém sabe ao certo).

O Rei adquiriu o seu exemplar em 1958, quando estava na Alemanha, servindo ao exército americano. Mas, na verdade, Elvis pretendia comprar um Porsche 550 Spyder (como o que James Dean dirigia, quando morreu em um acidente). Como não encontrou, optou pelo BMW seminovo, com chassi número 70.079 que pertecera ao piloto alemão Hans Stuck. Originalmente, o roadster era branco, mas por conta das diversas “mensagens” que as fãs deixavam inscritas com batom na carroceria, Elvis decidiu modificar a cor para vermelho.

1957 - O piloto Hans Stuck recebe o seu carro

O Rei usufruiu bem do seu brinquedo, tanto que o utilizou em passeios com a jovem Priscilla Ann Beaulieu, filha de um oficial americano que conheceu na Alemanha — e que viria a se tornar a senhora Presley. A experiência de Elvis com o roadster alemão durou até 1960, quando o seu período no exército terminou e ele retornou aos Estados Unidos. O 507, porém, não o acompanhou. Não se sabe ao certo, mas o mais provável é que o exército tenha se encarregado de transportar o carro para a América. O que se sabe é que o BMW chegou sem o motor original. Em seu lugar foi instalado um V8 small block (Ford ou GM, a informação não é precisa) com câmbio Borg-Warner. Entre 1962 e 1968, a história do roadster tem um período obscuro, e o carro só vai ressurgir quando Jack Castor o adquire no Arizona. Durante cinco ou seis anos, o engenheiro ainda consegue sair para passear com o carro, até que decide encostá-lo em seu galpão.

1958 - O Rei do Rock recebe o seu BMW 507

Em 1997, 20 anos após a morte do Rei, outro BMW 507, com chassi número 70.192 vai a leilão por US$ 350.000 como o suposto carro que pertenceu a Elvis “The Pelvis”, mas o verdadeiro seguiu esquecido em algum lugar do Arizona. Agora, o roadster “certo” será totalmente restaurado e voltará a exibir seu brilho original. Mas, mesmo antes da reforma, é impossível ficar indiferente à nobreza que emana do clássico.

2014 - o modelo segue de volta à Alemanha

Elvis Aaron Presley, um mito que, em 33 anos, lançou 711 canções, 60 álbuns e ficou 80 semanas no primeiro lugar das paradas sem ter escrito uma música sequer. “Ela só é uma canção se você cantá-la”, ele dizia. Para o engenheiro Jack Castor, o BMW 507 será um sonho realizado quando ele voltar à antiga forma.   

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