ZF-Superbanner-03.09 a 13.11.24

Modelo conseguiu agradar não só o público final como também as autoridades, que o adotaram por um tempo como um parceiro do dia a dia 

 

Aqueles que acham que os utilitários esportivos só começaram a fazer sucesso no século 21 estão muito enganados. A partir dos anos 1960 era comum ver nas ruas de maior movimento um dos grandes, literalmente, veículos da Chevrolet, o Veraneio.

Com fabricação nacional entre 1964 e 1994, o Veraneio logo ganhou um espaço importantíssimo na sociedade, como por exemplo sendo ambulância. É verdade que seu espaço interno para 9 lugares era uma verdadeira “mão na roda” em momentos de apuros, na qual se precisava carregar pronto socorristas e equipamentos para salvar vidas.

O Veraneio foi um marco na história automobilística nacional não só pela sua influência no cotidiano, mas também pela fama que conquistou. Apesar do seu nome ser justamente pelo fato de ser um carro projetado para o lazer, o modelo também foi um grande companheiro de um órgão civil importantíssimo: a polícia. O governo percebeu que seu espaço poderia ser útil tanto no atendimento emergencial de saúde quanto para locomover infratores da lei. Então foi aí que o Veraneio virou o famoso camburão.

Em seu lançamento, o Veraneio possuía motor 4.3-litros com 149 cv e 32,1 kgfm, que foi atualizado em 1976, quando adotou o motor 2.5 de quatro cilindros do Opala, com 87 cv e 17 kgfm, nas opções a álcool e a gasolina. O modelo também tinha a versão a diesel, com motor Perkins Q20B 3.9 até 1991 e Maxion S4 e S4T de 1992 até o encerramento da sua produção em 1994.

Esteticamente, o SUV passou por algumas mudanças, sendo uma das mais importantes em 1989, quando ganhou painel modernizado, ar-condicionado e direção assistida. E foi justamente na década de 1980 que um personagem surge nessa história, o Chevrolet Veraneio do Daniel Rubio.

Daniel tem 33 anos, morador de São Paulo, e comenta que sempre foi apaixonado por carros. Para adquirir o modelo placa preta 1987/1988, ele conta que tudo começou com uma paixão à primeira vista. “Esse carro surgiu através de um amigo que tinha loja de veículos antigos. Desde o dia que esse carro apareceu na loja fiquei encantado, porém, estava acima das minhas condições financeiras na época. Por isso, não pude adquiri-lo naquele momento”.

Rubio conta que o dono da loja fez algumas melhorias no veículo, como instalação das rodas modelos originais com customização de aro e tala, além de colocar novos pneus. Para ele, essas e outras alterações deixaram o carro ainda mais bonito. “Naquela época, um outro amigo acabou comprando o Veraneio, porém ele utilizava muito pouco. O meu contato com o carro nunca parou, pois eu sempre o ajudava nas manutenções do veículo, o que fez com que eu gostasse mais ainda desse GM. Um certo momento ele precisou vender o modelo urgentemente, indo entregá-lo em uma loja de antigos e clássicos. Antes disso, não pensei duas vezes em fazer minha proposta de compra, que foi aceita. Desde então já são dois anos que esse “carrão” está na minha garagem”.

Nesse tempo, o proprietário fala que já passou algumas histórias inusitadas ao lado do Veraneio. “Um dia eu estava dando uma volta com o veículo e percebi que atrás de mim havia um carro me seguindo, que do nada parou do meu lado. Dentro do carro tinha um senhor de uns 50 anos que começou falar que eu devia voltar para casa com aquele carro e guardá-lo debaixo de um lençol de linho e não nunca mais tirá-lo de lá”, relembra em tom de brincadeira. “A pergunta mais recorrente de estranhos é se o Veraneio gasta muita gasolina”, completa.

O entusiasta conta que desde pequeno sempre observou bem o setor automotivo à sua volta. “Quando tinha aproximadamente 5 anos sabia o nome de diversos carros e ficava olhando-os passar na rua e falando os nomes para o meu pai ir julgando se eu estava acertando ou errando.” Já o interesse em antigos surgiu por meio de um amigo. Daniel relata que um de seus amigos comprou um veículo antigo e ele sempre o ajudava com a manutenção, além de acompanhá-lo em encontro de antigos. “Eu brinco e falo que isso parece droga. É um vício. A gente começa com um carro e de repente acaba comprando outro, quando vai ver não consegue mais ficar sem. Uma época acabei ficando sem nenhum carro antigo, infelizmente, mas não sosseguei até conseguir comprar outro e começar a colecionar novamente.”

Em um mercado automotivo cada dia mais focado em novas tecnologias, Daniel pensa que a história dos veículos antigos nunca deve ser apagada. “Acho que os carros antigos fazem parte da nossa história, faz com que voltemos ao nosso passado, recordando de coisas simples e felizes. Me lembro que quando era criança, meu irmão ia no dentista fazer manutenção do aparelho ortodôntico dele e eu ia junto. O dentista tinha um Veraneio e eu ficava pedindo todas as vezes para que meu pai me levasse na garagem do consultório para ficar vendo o modelo por alguns minutos.”

Daniel ainda destaca que: “É muito gostoso dirigir um carro cheio de tecnologia com todos opcionais que temos disponíveis hoje, porém a sensação de dirigir um antigo é inexplicável. Apesar de algumas vezes você acabar sentindo falta da tecnologia, como por exemplo o ar-condicionado, você se desliga de tudo e curte cada segundo dentro daquele carro no trajeto. É muito legal saber que você está dentro de uma máquina construída há 32 anos e que pode conduzi-la tranquilamente, além de chamar a atenção de muitos na rua”.

Muitos amigos de Daniel o satirizam quando o veem estacionando o Veraneio falando: “Já andei muito em um carro desse no passado, mas no porta-malas”, mostrando que a fama de camburão permanece viva até hoje”.

Share This