Woodies. Assim são conhecidos os automóveis produzidos entre os anos 1930 e 1940 que possuíam partes da carroceria feitas de madeira. Bastante populares entre os antigos surfistas californianos, esses modelos podem estar prestes a retornar. Ao menos é o que promete a UPM-Kymmene Oyj, fabricante de papel finlandesa.
Tanto que a empresa prepara a exibição do primeiro protótipo, batizado de Biofore, para a próxima edição do Salão de Genebra, em março. De acordo com a UPM, a estrutura do veículo é feita de polpa de madeira e madeira compensada. Não é só: o modelo utilizará combustível produzido a partir de cascas, folhas e galhos — etanol celulósico, ao que tudo indica.
E, segundo a fabricante de papel, não se trata de um golpe de marketing, já que o carro vai cumprir todas as exigências em termos de segurança (inclusive contra incêndios), além de garantir o conforto. “O desenvolvimento sustentável não é algo que se escolhe. Ele vai se impor como uma necessidade”, disse Juuso Konttinen, vice-presidente da UPM para novos negócios. Assim, enquanto algumas empresas investem em estruturas de alumínio (como na nova picape Ford F-150) ou em plástico reforçado com fibra de carbono (usado no BMW i3), a UPM aposta nas vantagens da madeira.
A necessidade cada vez maior de as fabricantes tornarem os veículos mais leves, o aumento do custo da energia e o interesse crescente nos recursos renováveis têm aumentado o interesse das montadoras na madeira. “Ela (madeira) utiliza muito pouca energia na fabricação, especialmente quando comparado com o alumínio, o aço e a fibra de carbono.” explica Joe Harmon, designer industrial. “Além disso, ela é o nosso material de construção naturalmente renovável mais antigo e conhecido.”
Por outro lado, os obstáculos para os “woodies modernos” não são poucos. As montadoras têm fábricas equipadas com maquinário caro e operários totalmente adaptados com a produção em metal. O investimento adicional em equipamentos e know-how para introduzir materiais à base de árvores pode ser demasiado para as fabricantes.
A Volkswagen, por exemplo, está pesquisando o uso da madeira — incluindo a celulose e outros derivados vegetais — para produzir plástico reforçado com fibra de carbono. Ainda assim, a fabricante alemã não pretende substituir o aço e os plásticos convencionais em um futuro breve.
A UPM e os seus parceiros, incluindo a Universidade da Finlândia de Ciências Aplicadas, estão apostando que o seu protótipo pode mudar essa percepção. A primeira avaliação dinâmica do veículo com estrutura de madeira foi feita sob uma chuva torrencial, a fim de dissipar as preocupações sobre a capacidade de um carro desse tipo lidar com a água.
Pelo visto, o negócio é sério. Resta aguardar pela apresentação da novidade que pode representar uma nova revolução na indústria automotiva mundial.


