Mesmo com a queda de 23,3% no mercado em geral, alguns nichos do mercado automotivo conseguem manter bom volume de vendas. Tornou-se comum, por exemplo, a idéia de que a crise não afeta o segmento de luxo — mas isso só pode ser considerado verdadeiro no luxo “racional”, representado pelos carros de entrada de Audi, BMW e Mercedes-Benz; no luxo “emocional” não é isso que acontece.
Por exemplo: em tese, carros acima dos R$ 200 mil não deveriam estar sentindo a crise, já que seus clientes estão numa (pequena) parcela da sociedade que não é afetada pela falta de emprego, pelo aumento da inflação e coisas do tipo. Mas não é isso que está acontecendo.
Numa pequena fatia do segmento de luxo, há alguns esportivos de imagem que disputam o mesmo público-alvo, caso de Chevrolet Camaro, Audi TT, Mercedes SLK, BMW Z4 e Porsche Boxster. São carros voltados a um comprador mais jovem, porém com alto poder aquisitivo, que gosta de carros “descolados” e potentes. Todos perderam vendas em 2015, mesmo com o posicionamento “acima da crise” (a exceção é o TT, sem dados de 2014).
A liderança do sub-segmento dos “descolados” é do Camaro, que vendeu 349 unidades em 2015 (até o final de outubro). No mesmo período do ano passado a GM tinha comercializado quase o dobro (649 carros). O segundo colocado é o Audi TT, que emplacou 281 carros.
O SLK fica em terceiro, com 220 carros emplacados até agora. No mesmo período do ano passado foram 358. Já o BMW Z4 entregou apenas 88 unidades este ano, ante 305 em 2014. Foi a queda mais brutal. Já o Porsche Boxster comercializou 71 unidades, 51 a menos que no ano passado.
Note que selecionamos carros de imagem, que não são usados para o dia-a-dia de uma família ou de um executivo que tem uma reunião marcada. Tais carros são para o prazer do comprador, para andar aos finais de semana e curtir o status das marcas. Por isso, a compra deles pode ficar para depois, quando a situação econômica transmitir mais confiança para o consumidor.