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A última vez que o Captur apareceu nas páginas da CARRO foi em agosto de 2013. À época, o jornalista Venício Zambeli elogiou a disposição do motor 1.2 turbo, junto do câmbio robotizado de dupla embreagem e seis marchas. A promessa era que o SUV compacto, então derivado do Clio europeu, chegasse ao Brasil no ano seguinte. 

A maior crise da história do setor automotivo brasileiro e mudança de prioridades fizeram com que o Captur só chegasse ao País 42 meses depois, profundamente reformulado. Do modelo europeu do qual herda o nome, o Captur nacional tem apenas tampa do porta-malas, faróis e portas dianteiras. Todo o resto é “novo”.

As aspas são porque o SUV fabricado em São José dos Pinhais, PR, compartilha diversos componentes com outros modelos da Aliança Renault-Nissan. A versão inicial Zen usa o mesmo 1.6 16V SCe com 120 cv de Duster, Sandero e Logan, com câmbio manual de cinco marchas (R$ 78.900) ou automático CVT – este, sem preço definido até seu lançamento, em junho. A topo de linha Intense avaliada sai por R$ 88.490 e também repete o trem de força do Duster, com um 2.0 de 148 cv e câmbio automático de quatro marchas.

Visual do Renault Captur chama a atenção por onde passa

Segundo Antonio Fleischmann, diretor de projeto do modelo, o motivo para adotar motores e câmbios já existentes se deu por reduções de custo. Pelo mesmo motivo o Captur nacional usa direção com assistência eletro-hidráulica (ao invés da elétrica do Kicks), e não conta com Start-Stop.

A lista de itens de série da versão 1.6 fica na zona intermediária do que oferece a concorrência. Há ESC com assistente de partida em rampa, airbags laterais dianteiros, controlador e limitador de velocidade, partida do motor por botão, sensor de ré, trio elétrico com rebatimento automático dos retrovisores, sistema de som com bluetooth e entrada USB, DRL em LEDs e ar-condicionado.

Versão avaliada pela CARRO foi a 2.0 Intense

O Captur 2.0 adiciona chave presencial, sensor de chuva e crepuscular, faróis de neblina com função cornering, MediaNAV com câmera de ré e ar-condicionado digital de uma zona.

A Renault não disponibiliza bolsas infláveis do tipo cortina, sensores de estacionamento dianteiros e ar-condicionado digital de duas zonas nem como opcionais. À parte são oferecidos apenas a pintura em dois tons, por R$ 1.400, MediaNAV com câmera para o Captur 1.6 (R$ 1.990) e os bancos de couro para a versão 2.0 (R$ 1.500).

Motor 2.0 gera 148 cv de potência e 20,9 kgfm de torque

A NO SOM, C NO DESEMPENHO
Os engenheiros da Renault destacaram o cuidado que tiveram com o isolamento acústico e o sistema de suspensão (por eixo de torção na traseira) do Captur nacional, que usa a mesma plataforma do Kaptur russo e é uma variação da base da dupla Duster e Oroch.

Em nossas medições, a baixa invasão de ruído na cabine de fato impressionou (superando Renegade e HR-V em várias velocidades), mas a dureza da suspensão pode incomodar quem está acostumado com o conforto da concorrência. Como referência, está mais para Tracker do que Creta ou mesmo o próprio Duster.

Interior é mais refinado que o do Duster

O maior problema do Captur topo de linha, no entanto, está em seu desempenho mediano. Em nossas provas, ele entregou índices próximos aos do Kicks, que tem um motor 34 cv mais fraco e um consumo de combustível melhor. Com nota C no programa de etiquetagem, o Captur registrou ruins 7,6 km/l no ciclo PECO com etanol. Como o tanque de combustível comporta 50 litros, a autonomia média não chega a 400 km.

O Captur pode não brilhar em muitos quesitos, mas vai além do que a concorrência oferece em outros. Sua espaçosa cabine compartilha o conforto entregue pelo Duster, mas com um acabamento mais refinado. Ainda há muito plástico rígido por todo o interior, mas a montagem é mais bem cuidada e há uma clara evolução no quesito segurança, com encosto de cabeça e cinto de três pontos para todos os ocupantes e fixação para cadeirinhas Isofix no assento traseiro.

Painel tem informações digitais e novos grafismos para a marca

O problema é que, apesar de ser um carro mais refinado, o Captur repete diversos descuidos de modelos da marca mais baratos. O controlador/limitador de velocidade e o botão Eco (que recalibra o motor e acelerador para poupar combustível) são difíceis de acessar sob o freio de estacionamento, o sistema multimídia MediaNAV é simples diante da concorrência e o volante “cai” quando a trava de regulagem é solta. São pequenos detalhes que, acumulados, podem minar o interesse de um potencial consumidor na concessionária.

Dados de fábrica do Renault Captur 2.0 Intense

Base para criar um sucesso de vendas a marca já tem. O desenho marcante do Captur chama a atenção nas ruas e está tão atualizado que irá inspirar a reestilização do modelo europeu. Mas o modelo, sobretudo na versão de topo, precisa passar por melhorias mecânicas se quiser beslicar o topo entre os SUVs próximos dos R$ 90.000.

Medições realizadas na pista de testes da ZF-TRW, em Limeira (SP)

Para disputar esse segmento, a Renault precisará evoluir o Captur para atender a um consumidor mais exigente que o dono de um Duster.

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