A BMW lançou nesta quarta-feira (10) a gama de veículos da subdivisão BMW i no Brasil. Os dois modelos já disponíveis para venda são o monovolume elétrico i3, em duas configurações, de R$ 225.950 e R$ 235.950, e o esportivo híbrido i8, este sob encomenda, por R$ 799.950.

A nova subdivisão BMW, criada em 2007, foi desenvolvida especialmente para a marca alemã atender as necessidades futuras de um mercado que tende a se preocupar cada vez mais com a versatilidade e conectividade para a vida urbana, além da preservação do meio ambiente. O braço é sustentado por três nortes: mobilidade visionária, design inspirador e o futuro dos carros premium. “Não adianta simplesmente converter carros à combustão em híbridos ou elétricos. Se ele foi desenvolvido para ser à combustão, ele permance assim. Se é para ser elétrico, ele tem que nascer elétrico”, explica Carlos Côrtes, gerente sênior da BMW i do Brasil. 

A implantação da nova subdivisão da BMW no Brasil começou a ser planejada há mais de dois anos, quando a marca trouxe para cá os modelos Mini E e Active E (versões convertidas em elétricas do Cooper e do Série 1, que serviram como base para o desenvolvimento da tecnologia do i3) para o congresso Rio+20. O objetivo era apurar embrionariamente aceitação do público para com os carros elétricos da BMW e rodar com os carros por aqui, a fim de testa-los na realidade brasileira.

O segundo passo, iniciado há mais de um ano, foi formar grupos de consumidores potenciais do i3 para aprofundar a pesquisa qualitativa com o público-alvo do carro, além da preparação da infraestrutura necessária para o elétrico. “Nós fizemos uma seleção de empresas locais com capacidade técnica para fazer estudos de como são as infraestruturas elétricas das residências brasileiras, como casas, condomínios, prédios novos e antigos de alto e médio padrão, etc., para detectar erros e acertos nestes tipos de testes”, detalha Côrtes. 

O resultado de toda esta preparação possibilita à BMW oferecer ao cliente que adquirir o i3 a adaptação das tomadas ao padrão brasileiro e uma série de serviços, como assistência técnica com direito a guincho, caso a bateria do carro acabe (o que é altamente improvável, devido ao extensor de autonomia à combustão – que será detalhado mais à frente) e a instalação da BMW i Wallbox na residência do consumidor. Este último se trata de um equipamento de maior amperagem que pode recarregar o i3 de três a cinco horas (ante as 16 horas necessárias, caso a tomada seja de 110V, ou oito, caso seja de 220V). O preço do WallBox é de R$ 7.450. 

Quanto a ofertas de postos de recarregamento públicos (como a rede da própria BMW entre Munique e Berlim, na Alemanha), a fabricante alega que está em fase de negociação com possíveis parcerios. Ainda não há, no entanto, nenhuma meta para a instalação destes pontos, mas os focos da marca são locais onde os proprietários possam deixar seus veículos abastecendo enquanto se ocupam de outros afazeres, como estacionamentos e shopping centers. “A dinâmica do nosso cliente vai ser a de usar o veículo de dia e deixá-lo recarregando a noite, em casa. Ou no máximo ter uma tomada para isso no trabalho”, diagnostica Côrtes. Segundo o executivo, o impacto médio de recarregamento do i3 em casa, tomando como base as tarifas elétricas da capital paulista, é de R$ 7 na conta de luz. 

A necessidade de pontos de recarga também pode ser minimizada pela versão que a BMW está trazendo do i3. Diferentemente da Europa, por aqui só haverá a opção do monovolume equipada com um motor à combustão para aumentar a autonomia do elétrico (como já citado). O propulsor de dois cilindros (650 cilindradas) serve apenas para manter a carga da bateria, sem atuar na tração das rodas (nem para recarregar a bateria, caso ela zere). Com isso, a autonomia do i3 pode chegar a até 300 km. Este motor entra em ação automaticamente quando o nível da bateria atinge os 20% ou pode ser ligado manualmente a partir dos 80% de energia restantes. Seu tanque de gasolina tem capacidade para nove litros. 

Sem a assistência, a bateria alimenta o motor elétrico por até 160 km no modo de condução Comfort. Acionando o comportamento Eco Pro, que calibra as respostas do carro priorizando a economia de energia, o alcance pode aumentar em até 20 km. No modo Eco Pro+, o benefício é ainda maior, de 40 km, totalizando 200 km de rodagem (o que, segundo a fabricante, já atenderia as necessidades de 80% do público-alvo). 

META AMBICIOSA

Disponível em duas configurações, o i3 de entrada custa R$ 225.950 e o mais completo R$ 235.950. De série, o monovolume conta com seis airbags, assistente anticolisão com ativação nos freios, controles de estabilidade e de tração, faróis de LED, soquetes A/C e D/C, teto solar, central multimídia ConnectedDrive com navegador (mais detalhes, adiante), ar-condicionado automático, sensor de estacionamento traseiro e piloto automático. A versão mais completa se diferencia pelas rodas aro 20” (na de entrada são de 19”), piloto automático adaptativo e pelos sensores de estacionamento frontal e traseiro, com câmera de ré. 

De acordo com o presidente e CEO da BMW do Brasil, Arturo Piñeiro, o preço elevado do i3 se deve à carga tributária do Brasil, que ainda não oferece nenhum tipo de incentivo para carros elétricos. Segundo ele, cerca 60% do preço do monovolume são de impostos (isto é, mais de R$ 135.570). Mas mesmo no exterior, o i3 não é um carro barato. Na Alemanha, por exemplo, ele custa 34.950 euros (aproximadamente R$ 102.750), enquanto que nos Estados Unidos ele é vendido por US$ 41.350 (algo em torno de R$ 93.864). Neste caso, a justificativa é o nível de tecnologia embarcada no automóvel, desde a carroceria feita de fibra de carbono até a batería de íon lítio. 

Ainda que o valor do i3 espante, a expectativa da BMW é ambiciosa. A marca pretende vender 100 unidades nos próximos três meses e meio e até o dobro disso durante o ano que vem inteiro. Das 40 concessionárias da marca no Brasil (para automóveis), nove receberão a gama da BMW i, em oito centros urbanos do país. Mesmo assim, Piñeiro vê com cautela o avanço de carros elétricos por aqui. “É prematuro dizer qual é o tamanho deste mercado, tudo depende dos incentivos do governo”, lembra. Para ele, o cenário ideal seria isentar totalmente os veículos elétricos de contribuirem com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), além de um corte drástico no tributo sobre a importação, que é de 35%.  

Segundo Carlos Côrtes, o i3 “tem um público que demanda o que o carro entrega, que é exclusividade e conectividade que por enquanto nenhum outro modelo tem” e a BMW sabe “exatamente qual é o tamanho desse público”. Piñeiro ainda garante que estes consumidores “compreendem a proposta urbana do carro”, afastando o perigo da pouca versatilidade do modelo atrapalhar a decisão pela compra. 

COMO É O i3

Com toda a preocupação da BMW i em desenvolver um produto especificamente elétrico, urbano e sustentável, não é à toa que a cadeia produtiva que envolve a fabricação do i3 fortaleça o ethos da subdivisão. A começar pela planta de Leipizig, na Alemanha, de onde sai o monovolume, que utiliza 50% a menos de energia, economiza 70% de água e tem aproveitamento de 100% de energia renovável na produção dos modelo i, comparando com o processo tradicional de veículos à combustão. Os materiais utilizados no acabamento do elétrico também reforçam o apelo sustentável da subdivisão. O couro presente no modelo é tingido por extrato de folhas de Oliveira e o painel é 30% revestido por uma fibra natural chamada de Kenaf. Dependendo da versão, o acabamento do painel também pode ser de madeira de eucalipto de reflorestamento e os bancos com 40% de lã.

A vida a bordo do i3, portanto, transmite uma sensação totalmente diferente da que vivenciamos dentro de um premium convencional. Este estranhamento, contudo, não é negativo, mas sim curioso. O acabamento, embora composto por vários texturas diferentes (devido à diversidade de materiais, entre plásticos, couro e outros “naturais”), casa bem com a proposta inovadora do modelo e até contribui para uma impressão de maior leveza do habitáculo. O console central não invade o espaço das pernas do motorista e passageiro da frente, deixando um vão livre abaixo do painel. Os bancos são mas finos, mas encaixam muito bem o corpo. Atrás, o espaço é limitado à duas pessoas (o assento central dá lugar para um porta-copos) com certo conforto. O inconveniente fica por conta da abertura das portas.

O acesso aos bancos de trás só pode ser feito se as portas da frente estiverem abertas. Isso porque não há coluna B, uma vez que a célula dos ocupantes do i3 é construída em estrutura única, que é montada sobre o chassi do carro, onde vai o drivetrain do automóvel, numa espécie de evolução da técnica de montagem da carroceria sobre chassi (body-to-frame, chamada de LifeDrive, pela BMW). Por isso, as portas se abrem ao estilo “suicida”. 

Ao volante, durante o curtíssimo circuito oval disponibilizado para avaliação do i3, a impressão foi surpreendente. Característica de carros elétricos, a resposta do motor de 172 cv e 25,5 kgfm de torque é imediata e chega a empolgar. Não é à toa que ele cumpre a prova de 0 a 100 km/h em 7s9. Como um verdadeiro BMW, a dinâmica do veículo também pôde ser elogiada, mesmo com poucas oportunidades para de fato colocá-la à prova. A explicação vem do ponto de gravidade baixo, devido ao local onde a bateria é instalada, e a distribuição de peso igualitária entre os eixos do veículo. 

CONECTIVIDADE

Um dos principais destaques do novo BMW i3 é a central multimídia ConnectedDrive. Independentemente da configuração, o modelo já sai de fábrica equipado com um chip da operadora Vodafone para se manter conectado à internet a todo tempo, sem a necessidade de pareamente via bluetooth com o smartphone do proprietário. Através da central o usuário pode usufruir do acesso às redes sociais e diversos aplicativos da BMW, como de notícias (abastecidas pela agência Reuters), notícias sobre esportes e tempo&temperatura.  Além disso, por meio desta conexão com a internet, o navegador integrado pode calcular rotas com base nas informações de trânsito em tempo real (semelhante ao sistema utilizado por aplicativos como o Waze). 

Incluído no pacote de série do ConnectedDrive está também o serviço de Concierge, pelo qual o motorista pode ligar para algum assistente a fim de buscar informações e orientações turísticas, por exemplo. A central multimídia ainda possui o recurso de emergência que, em caso de colisões que acionem sensores espalhados pela carroceria ou disparem os airbags, efetua chamadas para as autoridades de resgate passando informações relevantes sobre o ocorrido, além de abrir o microfone da cabine automaticamente para contato direto entre o atendente e os acidentados. 

O ESPORTIVO

O evento desta quarta-feira também serviu para apresentar oficialmente no Brasil o esportivo híbrido i8. O modelo está disponível para encomendas, pela bagatela de R$ 799.950. Os executivos da BMW, no entanto, não revelaram suas expectativas de mercado para o modelo, dizendo apenas que já existem interessados em receber a novidade neste ano. O i8 é impulsionado por um motor à combustão 1.5 tricilíndrico de 234 cv e 32,6 kgfm de torque no eixo traseiro outro elétrico de 133 cv e 25,5 kgfm de torque na frente, totalizando uma potência de 367 cv e 58,1 kgfm de torque. 

BMW i8

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