Competidores

FIAT UNO ECONOMY: Tem motor 1.4, como o J2 e é o mais barato da marca com esse propulsor. Custa R$ 29.860 “pelado”.

Por quê? Como traz poucos equipamentos de série, fica a dúvida se o conjunto compensa essa deficiência.

JAC J2: Tem um ótimo motor, vem muito bem equipado de série e traz um visual simpático e original, por um preço acessível (R$ 31.990).

Por quê? Ele é mais uma opção para quem procura um compacto para o uso diário.

É difícil encontrar quem nunca tenha demonstrado interesse à proposta das fabricantes chinesas, especialmente a JAC. Carros compactos completos pelo preço de nacionais básicos (ou muito próximos disso) certamente já devem ter povoado os sonhos de quem está na iminência de trocar de automóvel na faixa de R$ 30.000 a R$ 40.000.

O J2 não foge à regra. Lançado em novembro do ano passado, ele pretende repetir a história dos “irmãos maiores” J3, J5 e J6 e quer forçar quem já havia escolhido um novo compacto a rever sua decisão. E, agora, não é possível criticar a originalidade ou desempenho do modelo, como foi feito com outros chineses.

A novidade tem desenho peculiar, com grandes faróis, carroceria pequena que evoca praticidade e singularidade na traseira. Sob o capô está o 1.4 VVT, com duplo comando de válvulas e 108 cv herdado do J3. Por dentro, a cabine é longe de ser claustrofóbica e a lista de equipamentos causa inveja até a alguns modelos médios de entrada. Isso basta para lhe convencer? Se sim, é bom lembrar de rivais como Fiat Uno e VW Gol, que, em suas versões mais populares, não trazem qualquer equipamento adicional além do básico, mesmo assim, são campeões de venda.

Para entender esse fenômeno, colocamos frente a frente o JAC J2, que parte de R$ 31.990, contra o Fiat Uno Economy 1.4. O problema é que a economia sugerida, que deveria se referir apenas ao consumo, atinge também o nível de equipamentos. Assim, por R$ 29.770 ele traz de série apenas os itens de segurança que serão obrigatórios a partir de 2014: freios com ABS e airbag duplo.

Um Uno com o mesmo nível de equipamentos do J2 custa R$ 35.460, sendo R$ 3.700 do kit Celebration 13, que inclui travas e vidros elétricos dianteiros, ar-condicionado, direção hidráulica e predisposição para sistema de som, sem incluir o rádio, que sai por R$ 172 (ou R$ 626 com Bluetooth). As rodas de liga leve aro 14” custam R$ 734 e a regulagem de altura do volante mais R$ 83.

Vale a pena gastar R$ 3.460 a mais em relação ao J2 para ter um Uno com os mesmos equipamentos? Leve em conta a praticidade e considere que o Fiat é maior e, no geral, um pouco mais espaçoso e diga sim, principalmente se você analisar o porta-malas de ambos. O do Uno, que já é pequeno, acomoda 280 litros, enquanto o do J2 possui apenas 121 litros de capacidade. Ele é tão minúsculo que uma mala média de viagem não permite acomodar uma outra mochila extra.

A visibilidade no Uno também é melhor. No chinês, você enxerga menos pelo retrovisor central. No entanto, a sensação ao entrar em ambos é mais agradável no JAC. Aqui, percebe-se que a marca teve certos cuidados no revestimento, no desenho e nos materiais utilizados — lembre-se que falamos de um carro popular. Parece que houve mais cuidado na sua elaboração. Os insertos imitando fibra de carbono estão em partes do painel, do console central e das portas, e não parecem exagerados. No Uno, o acabamento é mais simples e as diferenças ficam por conta do uso de plástico liso e texturizado.

No item espaço, ambos se equivalem. Na frente, a sensação de amplitude é maior no Fiat, mas, exceto pelos bancos dianteiros menos confortáveis, não há muito do que reclamar do J2. Na traseira, o chinês oferece bom espaço para as pernas, mas os mais altos se sentirão melhor no Uno. Um detalhe importante é o painel do J2, que se move em conjunto com o volante, na hora de ajustar a altura, o que pode causar estranheza. Além disso, mesmo na posição mais elevada, a direção permanece mais próxima das pernas do que em outros veículos.

Dirigir o J2 também é diferente. Sua direção não é tão rápida quanto a do rival, mas o diâmetro de giro parece ser maior que os 9 m indicados. A disposição dos comandos não é das melhores, como os acionadores dos vidros elétricos instalados na parte inferior central do painel, que têm acesso e visualização difíceis.

Mas o grande problema é o sistema de ventilação e ar-condicionado do carro. As saídas de ar, por exemplo, fecham-se indevidamente ao se aumentar a velocidade do ventilador. Para piorar, não existe saída central no painel, apenas uma na parte superior, o que dificulta uma refrigeração mais eficiente do ambiente. O porta-luvas sem tampa e a ausência de regulagem de altura do banco do motorista são outros aspectos que incomodam.

No Uno, apesar das teclas dos vidros elétricos estarem no painel, é mais fácil se sentir à vontade. Desde a “conversa” entre condutor e direção, rápida e precisa, passando pelos bancos mais macios e as saídas de ar “clássicas”, tudo é mais amigável. O porta-luvas tem tampa e os pedais são mais macios. A suspensão do Uno também é mais confortável na hora de vencer o castigado asfalto nacional, enquanto no J2 você se sente perto do chão, vibra e ouve mais.

Na hora de avaliar o desempenho, previa-se um embate desigual, afinal são 20 cv de diferença — 88 cv do 1.4 do Uno contra 108 cv do JAC. Mas o que ocorreu na pista não gerou tanta disparidade. O bom torque em baixas rotações, o uso de etanol e o bom câmbio do Fiat proporcionaram números de retomada melhores que os do rival e o deixaram apenas 0s6 atrás na arrancada de 0 a 100 km/h. O J2 não correspondeu à melhor relação peso-potência: 8,47 kg/cv contra 10,5 kg/cv do Uno.

Quanto à economia, pontos para o JAC que, rodando apenas com gasolina, chegou aos 12,8 km/l na cidade e a surpreendentes 16,6 km/l na estrada. O tanque de apenas 35 litros sequer foi reabastecido durante os 470 km de testes (55% cidade, 45% estrada). Já o Uno se destaca pelo preço de manutenção, em que você gastará R$ 680 até os 30 000 km. No J2, o valor sobe para R$ 750 e elas são obrigatórias para manter a garantia de 6 anos válida. 

Apesar de ser, à primeira vista, vantajoso, ainda faltam alguns ajustes na qualidade para tornar o J2 um sucesso. Mesmo contra o Uno básico, que cobra caro pelos equipamentos, ainda não dá para abrir mão da certeza de uma convivência tranquila, do conforto e da manutenção mais em conta. Ou seja, talvez ainda não seja a hora de adquirir um automóvel chinês, mas está quase…

Nossa conclusão:

1º – Fiat Uno Economy 1.4 – Média Final: 6,6

Ele venceu a disputa em virtude da melhor engenharia da Fiat, que criou um carro equilibrado em todos os sentidos. Se o acabamento peca em detalhes, os bancos confortáveis e a suspensão bem calibrada compensam. Se o motor não é dos mais potentes, apresenta um bom torque em baixas rotações e o câmbio exibe marchas com relações ideais para o carro desenvolver bem na cidade. O Uno sempre tem uma característica boa que se sobrepõe a outras ruins, tudo para que você não olhe para outro carro do mesmo segmento com brilho nos olhos. E se ele cobra mais caro por equipamentos, o seu seguro anual é mais barato e a manutenção também fica mais em conta que a do rival oriental. 

Pontos positivos: O Uno é um carro “certinho”. O seu motor 1.4 rende bem na cidade, o seu espaço interno é adequado e ele é fácil de manter. E agora, freios com ABS e airbag duplo são itens de série.

Pontos negativos: O problema é equipá-lo com itens de conforto. Você terá de pagar quase R$ 35.000 para ter um Uno 1.4 bem equipado. Com esse valor, você compra um Palio 1.4, maior e mais bem equipado de série

2º – JAC J2 – Média Final: 6,5

Ele tem tudo para dar certo, com muitos equipamentos, motor acima da média e identidade própria. Mas ainda peca na qualidade no acabamento — como os problemas com as saídas de ventilação —, o porta-malas pequeno, a falta de capricho na suspensão e a vedação acústica que deixa a desejar, ele deveria custar menos. Apesar disso, será fácil encontrar quem curta um carro bonito e ágil na cidade. Por fim, o J2 retrata uma evolução entre os chineses e, não fosse pela atual situação de quem importa automóveis, seria ainda mais vantajoso.

Pontos positivos: Para quem procura um carro completo, com certa agilidade, econômico e por menos de R$ 32.000, eis uma boa pedida.

Pontos negativos: O porta-malas muito pequeno e a sensação de falta de qualidade ao dirigir fazem mal para a sua reputação. A direção poderia ser mais rápida, e a suspensão, um pouco mais macia.

Opinião

Pode-se dizer que o visual do J2 é original. Mesmo assim, não me agradou. No interior do carro, o painel foi o item que mais me desagradou. O velocímetro possui números pequenos e a escala é confusa. O conta-giros, então, é minúsculo e, como se não bastasse, tem leitura difícil à noite. Minha escolha ainda é o Fiat Uno que, mesmo com os defeitos já conhecidos e o pequeno número de equipamentos, ainda está bem à frente do JAC, principalmente em acabamento. – Wilson Toume

Para conquistar espaço entre os populares nacionais, o JAC J2 aposta em um motor potente — o mesmo 1.4 16V que equipa o J3 —, visual inovador e diversos itens de série, que são oferecidos pela concorrência como opcionais. Na teoria, ele é bastante atraente, mas o que mais me decepcionou foi a qualidade da montagem e das peças do veículo, que causam uma má impressão logo à primeira análise. Por isso, o meu voto fica mesmo com o Fiat Uno. – Leonardo Barboza

Pense nele também

Hyundai HB20 1.0 Comfort – R$ 33.295 (1.0 equipado a preço de 1.4)

O fenômeno de vendas da Hyundai continua a toda. Prova disso é que, mesmo com preço reajustado após o lançamento, ele continua fazendo os potenciais clientes esperarem mais de 30 dias para terem o carro. Com motor 1.0 tricilíndrico flex, ele agrada pelo consumo e vem com ar e direção hidráulica de série.

Ficha técnica

Motor 3 cilindros, dianteiro, transversal; Cilindrada 997 cm3; Cabeçote 4 válvulas por cilindro; Potência 80 cv a 6.200 rpm; Torque 10,2 mkgf a 4.500 rpm; Câmbio manual, 5 marchas; Tração dianteira; Rodas aço, aro 14”; Suspensão dianteira McPherson; Suspensão traseira eixo de torção; Comprimento 3,90 m; Altura 1,47 m; Largura 1,68 m; Entre-eixos 2,50 m; Porta-malas 300 l

Share This