Aventador SV: andamos no mais potente Lambo

O lendário piloto alemão Walter Röhrl, bicampeão mundial de rali nos anos 1980, é preciso na sua definição. “Se um carro muito rápido o assusta, é melhor que você saiba disso logo pela manhã, pois terá tempo para acabar com seus temores. Se descobrir isso depois, saberá que poderia ter sido muito mais rápido antes”. Röhrl se referia, claro, aos modelos que pilotou no WRC, mas a frase não me sai da cabeça agora. E não é para menos, afinal, estou prestes a acelerar o Lamborghini Aventador.

Mas não se trata de um Aventador qualquer (como se fosse possível), mas sim de um SV, sigla para Superveloce, ou superveloz em italiano. A aparência do carro já intimida. Até parece que ele diz “venha cá, alemão, raramente eu tenho oportunidade de devorar um comedor de salsichas…” Mas, como dizem por aí, se o enfrentamento é inevitável, melhor resolver a questão depressa.

Mas, apesar de toda essa aparência intimidadora e da fama que um SV possui, os números oficiais da fábrica não impressionam tanto. Quer dizer, em comparação com o Aventador “normal”. Afinal, enquanto o LP 700-4 é capaz de acelerar – seria melhor dizer disparar – de 0 a 100 km/h em 2s9, o SV cumpre a prova com apenas 0s1 de vantagem. Além disso, ambos atingem 350 km/h de velocidade máxima. Será que esta versão é tão especial assim, ou o receio que senti anteriormente foi injustificado?

Assim que a porta se fecha, esqueço os números e só me recordo das quatro saídas de escapamento feitas de alumínio, do enorme difusor traseiro, dos generosos dutos de arrefecimento espalhados pela carroceria e das histórias que aqueles que tiveram a oportunidade de conduzir o antecessor (Murciélago SV) me contaram, sobre a estupidez e a dificuldade de manter o carro sob controle em altas velocidades.  

Analiso melhor a cabine e entendo como a Lamborghini conseguiu tornar o Aventador 50 kg mais leve. Em vez de tapetes, o piso possui um revestimento de borracha antiderrapante. Sabe onde está o sistema multimídia? Foi excluído, embora a fabricante assegure que, se desejar, o comprador pode instalá-lo sem custo algum. Painel, estrutura dos bancos, console… tudo é feito de plástico reforçado com fibra de carbono. O quadro de instrumentos, porém, é um inovador painel digital TFT na cor amarela, do tipo que equipa o Audi TT (Virtual Cockpit), mas sem as diversas funções disponíveis no cupê alemão.

Para dar partida no motor, é preciso levantar uma tampa vermelha e acionar o botão, como se fosse um caça. Click, clack, primeiro a ignição e depois… uma explosão? Nada disso.

O potente motor central-traseiro tem um som grave, imponente e natural. Ele não tem turbos ou compressores, e gera 750 cv e 70,4 mkgf sem recursos adicionais, e a relação peso-potência de apenas 2 kg/cv é animadora. Vamos em frente! 

A Lamborghini afirma que o Superveloce possui a caixa robotizada de embreagem simples com trocas manuais mais rápida do mundo e, embora não tenha um cronômetro para avaliar, as trocas, de fato, impressionam, assim como a excelente tração integral. Para a minha felicidade, tenho a oportunidade de acelerar o touro no circuito da Catalunha, onde é possível explorar os limites da nova máquina sem grandes receios. O LP 750-4 SV é rápido, nervoso, brutal. Tudo bem, mas o Aventador anterior também é. Então, quais são as vantagens da nova versão? Então, vamos lá.

Primeira: o desempenho e a leveza. Afinal, o carro ganhou 50 cv e perdeu 50 kg, não se pode desprezar essas melhorias, mesmo que a diferença no cronômetro não seja tão grande. Segunda: a aerodinâmica, que agora propociona 170% mais de downforce, em relação ao modelo “normal”, segundo os técnicos da fabricante. Terceira: a nova direção com assistência elétrica, que se ajusta não só à velocidade, como ao modo de condução selecionado, combinando leveza e agilidade. Por fim, a quarta vantagem é a suspensão otimizada com a adoção de amortecedores magnetoreológicos ajustáveis eletronicamente, capazes de adequar o carro à condução “civil” ou esportiva. Mas é preciso fazer uma ressalva: a nova suspensão não torna o SV confortável, mas apenas menos duro, ao se selecionar o modo de condução Comfort.

Resumindo, o LP 750-4 SV é um modelo que oferece mais estabilidade, mais precisão, mais agilidade e muito mais confiança.

E no uso diário? Bem, ele se esforça. Tem sistemas de desativação de cilindros, start-stop, câmera de ré e, dependendo do seu biotipo, razoável espaço interno, além do controle eletrônico de estabilidade. Ou seja, é mais um motivo para não temê-lo. Está disposto a tentar? Basta pagar 389.356 euros