Apesar do acerto equilibrado e prazeroso, a versão esportiva do hatch tem resultados de desempenho semelhantes a outros VW com o mesmo trem de força
Basta rodar poucos quilômetros com o novo Volkswagen Polo GTS para abrir um sorriso no rosto. Arrancadas prontas, comportamento dinâmico justo e equilibrado, ótima posição de dirigir. Apesar do acréscimo de 67 kg em relação à versão Highline 200 TSI (1.214 kg contra 1.147 kg), as modificações na suspensão combinaram perfeitamente com o motor 1.4 TSI flex de 150 cv de potência e 25,5 kgfm de torque, seja com gasolina ou etanol.
As principais alterações na suspensão, que proporcionaram um fino equilíbrio entre esportividade e conforto, são a barra estabilizadora dianteira 1 mm mais grossa, o eixo traseiro novo, mais rígido, e os amortecedores e molas mais firmes. Já os freios não foram alterados: seguem a disco nas quatro rodas nas mesmas dimensões das versões 200 TSI.
O vão livre ao solo de 149 mm é igual ao do Polo Highline, assim como os pneus 205/50R17, combinação que deixa seu visual menos ousado que o do Polo GTS Concept apresentado no Salão do Automóvel de 2018. A dupla saída de escape, os novos para-choques e a grade dianteira com o filete vermelho que une os dois faróis são as principais características visuais que diferenciam o GTS dos demais Polos – mas há quem ache as alterações muito discretas, principalmente quando o hatch vem na cor cinza Platinum.
O motor é novo para o hatch, mas o câmbio automático de 6 marchas é o mesmo do Polo Highine. O que muda do GTS aos demais modelos da linha VW com a mesma combinação no trem de força é o gerenciamento eletrônico, cujo acerto é ligeiramente mais esperto, privilegiando desempenho em detrimento da eficiência energética. De vez em quando, quando o seletor de condução está no modo “Sport”, o acelerador fica esperto “demais”, subindo giro desnecessariamente ao menor toque.
Como topo de linha, tem acabamento superior ao das demais versões – leia-se menos barulhento –, com detalhes em vermelho nas saídas de ar e costuras de volante e bancos. Ainda, traz quase todos os equipamentos desejáveis nessa faixa de quase R$ 100 mil (preço inicial: R$ 99.470), como o painel de instrumentos totalmente digital de série.
Mas após analisar o seu teste de pista, a indagação foi inevitável: ele é um esportivo mesmo? Se compararmos com o desempenho que seu “irmão” T-Cross Highline 250 TSI e seu “primo” Jetta R-Line obtiveram sob os mesmos parâmetros, fica claro que os números do Polo GTS não são nada fora da curva. Além do mesmo conjunto propulsor, os três modelos possuem seletor de modos de condução (“Eco”, “Normal”, “Sport” e “Individual”) que mudam o comportamento do câmbio, da assistência à direção e o funcionamento da climatização. A seguir, os números de desempenho do trio foram obtidos no modo “Sport” e os de consumo, em “Eco”.
Nos testes que a CARRO fez na pista da ZF em Limeira/SP, o Polo GTS acelerou de zero a 100 km/h um tiquinho mais rápido que o número de fábrica: exatos 8s3 contra 8s4 declarados pela fabricante. Porém, o T-Cross Highline 250 TSI – 78 kg mais pesado que o hatch (1.292 kg) e aerodinamicamente bem menos refinado – fez a mesma prova em 8s9, pouco mais de meio segundo mais lento. O esportivado Jetta R-Line 250 TSI, apesar de ainda mais pesado (1.373 kg), fez a prova nos mesmos 8s9 do T-Cross, favorecido pela melhor aerodinâmica.
Analisando as parciais a partir da inércia, percebe-se que o Polo GTS consegue sua diferença de 0s6 a favor até os 60 km/h. A partir desse ponto, o desempenho entre os três modelos é idêntico: lançados, dos 60 aos 100 km/h, os três fizeram em 4s9. Curiosamente, nas três provas de retomada (40 a 100 km/h, 80 a 120 km/h e 60 a 120 km/h), os resultados de Polo GTS e Jetta R-Line são iguais na média: apenas 0s1 de diferença para o sedã. Já o T-Cross Highline fica 0s4 para trás – ainda assim, uma diferença desprezível, considerando que o conceito de uso é diferente.
Em consumo de etanol, no modo “Eco”, Polo GTS e T-Cross Highline empatam na margem de erro: 9,3 km/l de média PECO para o hatch esportivo (7,4 km/l na cidade e 11,7 km/l na estrada) e 9,4 km/l para o SUV compacto (7,7 km/l em regime urbano e 11,5 km/l no rodoviário). Mesmo bem mais pesado, o Jetta R-Line é o mais econômico dos três em qualquer regime: 10,0 km/l de média (8,4 km/l na cidade de 12,1 km/l em rodovia).
A maior vantagem do Polo GTS sobre seus “parentes” de mesma marca é o pacote de tecnologia, eficiência e diversão pelo menor valor na etiqueta. Além do já mencionado painel de instrumentos digital Active Info Display de 12,3 polegadas, traz de série multimídia de tela de 8 polegadas (compatível com Android Auto e Apple CarPlay) com adição de cronômetro de volta e de monitor de desempenho, com três “relógios” mostrando a pressão do turbo em bar, a aceleração lateral em G e a potência (em quilowatts) gerada pelo motor naquele momento.
O restante dos equipamentos de fábrica segue o que se vê no T-Cross Highline: controle eletrônico de estabilidade e tração, bloqueio eletrônico do diferencial, controle de velocidade de cruzeiro, frenagem automática pós-colisão, assistente de partida em aclive, indicador de pressão dos pneus, stop-start, faróis e lanternas traseiras em LED, faróis de neblina com luz de conversão estática, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, ar-condicionado digital, porta-luvas iluminado e refrigerado, chave presencial e partida por botão, entre outros. A diferença importante entre o GTS e o SUV é a ausência dos airbags de cortina no hatch. O único opcional é o sistema de som Beats por R$ 2.400.
A própria VW pontua que, sim, o Polo GTS é um esportivo – mas um esportivo “light”, mais voltado a lifestyle. As peças publicitárias estão claramente direcionadas mais para o jovem descolado do que a entusiastas que aspiram ao uso em track days. O hatch segue e honra a receita GTS de ser uma versão mais nervosa que o compacto de origem, com dinâmica mais afinada. Porém, uma pimenta a mais, ou um câmbio manual, poderia fazer dele uma verdadeira lenda entre os fãs da marca ao invés de apenas (não que isso seja pouco) um ótimo automóvel.
• DADOS DE FÁBRICA |
VW Polo GTS |
Motor | Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha |
Cilindrada | 1395 cm³ |
Potência | 150 cv (E/G) a 4.500 rpm |
Torque | 25,5 kgfm (E/G) a 1.500 rpm |
Câmbio | Automático de 6 marchas, tração dianteira |
Suspensão (dianteira / traseira) | Indep. McPherson/Eixo de torção |
Pneus e rodas | Pirelli Cinturato P7 205/50R17 |
Freios (dianteira / traseira) | Disco ventilado/disco sólido |
Peso (kg) | 1.214 |
Comprimento (mm) | 4.068 |
Largura (mm) | 1.751 |
Altura (mm) | 1.477 |
Entre-eixos (mm) | 2.564 |
Porta-malas (litros) | 300 |
Tanque de combustível (litros) | 52 |
Preço | R$ 99.470 |
• NOSSAS MEDIÇÕES |
VW Polo GTS |
Aceleração (em segundos) | |
0 a 100 km/h | 8,3 |
0 a 400 m (km/h) | 16,06 (140,1) |
Retomada (em segundos) | |
40-100 km/h em Drive | 6,8 |
60-120 km/h em Drive | 7,9 |
80-120 km/h em Drive | 6 |
Frenagem (em metros) | |
80-0 km/h | 24,95 |
100-0 km/h | 39,21 |
120-0 km/h | 56,93 |
• MEDIÇÕES MERCADO |
VW Polo GTS |
Consumo (em km/l) | |
Cidade etanol | 6,9 |
Rodovia etanol | 11,2 |
Média PECO | 8,4 |
Autonomia (km) | 436,8 |
• PREÇOS E CUSTOS |
VW Polo GTS |
Carro testado | R$103.455 |
Versão básica | R$99.470 |
*Desvalorização (1 ano) | 8,44% |
Garantia | 3 anos |
IPVA (4%) | R$3.978,80 |
Seguro | n/d |
Revisões (até 30 mil km) | n/d |
*Fonte: FIPE
• AVALIAÇÃO MERCADO |
VW Polo GTS |
Preço básico | 6 |
Preço completo | 6 |
Consumo médio | 3,5 |
Autonomia | 4,5 |
Garantia | 8 |
Seguro | n/d |
Revisão | 10 |
Desvalorização | 10 |
Pintura | 3,5 |
Média final | 6,4 |
• NOSSA AVALIAÇÃO |
VW Polo GTS |
Carroceria | 7 |
Segurança | 7,3 |
Conforto de rodagem | 7,1 |
Propulsão | 7,4 |
Comportamento | 8 |
Média final | 7 |
Texto: Fernando Lalli
Fotos: Fernando Lalli e divulgação
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