Modelo mais vendido da Porsche no Brasil, Cayenne reúne luxo, espaço para cinco e altíssimo desempenho na versão Turbo
Muitos fãs torceram o nariz na chegada do primeiro Cayenne, em 2002, com a alegação de que seria uma “heresia” o rompimento da fabricante com o universo dos esportivos. Muitos apostaram no fracasso comercial do modelo.
E erraram: no primeiro semestre de 2019, o Cayenne foi o veículo mais vendido pela Porsche no Brasil (298 unidades), superando o irmão mais novo Macan (não por acaso, outro SUV). Somados, os dois utilitários esportivos da fábrica de Stuttgart representam 57% dos emplacamentos por aqui.
Nestes 17 anos de história, o Cayenne evolui muito. A atual linhagem (terceira) foi apresentada no fim de 2017 com visual que lembra o antecessor. O grande salto foi na dinâmica e o modelo destas fotos é o maior expoente desta mudança: a versão Turbo, que traz sob o capô um 4.0 V8 biturbo de 550 cv e 78,5 kgfm.
A força é administrada pelo câmbio automático de 8 marchas fornecido pela ZF – segundo a Porsche, mais preparado para lidar com tanto torque do que uma caixa de dupla embreagem. Na pista de testes da ZF, em Limeira (SP), o Cayenne Turbo foi de zero a 100 km/h em apenas 4 segundos.
As retomadas foram igualmente surpreendentes, sendo necessários apenas 2s68 na passagem de 80 a 120 km/h. Considerados o peso (2.175 kg) e o nível de desempenho entregue, o consumo de 7,4 km/l na média PECO (55% urbano e 45% rodoviário) não pode ser considerado ruim – parte deste resultado é fruto do sistema de desativação parcial dos cilindros.
O Cayenne Turbo foi o primeiro SUV no mundo a adotar o aerofólio retrátil, segundo a Porsche. São cinco níveis de inclinação; o primeiro deles (20 mm) é ativado acima de 160 km/h para aumentar força vertical descendente (downforce). Também conta com uma função para auxiliar em frenagens de emergência — a 250 km/h, o arrasto extra gerado pelo aerofólio na altura máxima (80 mm) é capaz de diminuir o espaço de frenagem em até 2 metros, de acordo com a fabricante.
Esta versão traz de série freios com revestimento de carboneto de tungstênio, mais eficientes do que os do tipo convencional – opcionalmente, o comprador pode equipar o SUV com discos carbocerâmicos por R$ 34.554. Na pista, o Cayenne Turbo com sistema padrão registrou a ótima marca de 35,3 metros percorridos na prova de frenagem de 100 a zero km/h – o Panamera Turbo, com o mesmo conjunto mecânico, parou 5,1 metros depois.
Superlativos
Na cabine, o Cayenne mantém o padrão de luxo já conhecido dos Porsche, com utilização de couro nos bancos, painel e portas e alcantara no revestimento do teto. Não é exagero dizer que a central multimídia é tão potente quanto os smartphones e tablets mais avançados do mercado. Por meio da enorme tela tátil de resolução full HD e 12,3 polegadas é possível acessar serviços online, como streaming de áudio ou navegação GPS integrada com trânsito em tempo real graças à conexão de um chip 4G embarcado no veículo.
De série, o Cayenne Turbo traz suspensão a ar adaptativa, teto solar elétrico panorâmico, tampa do porta-malas com acionamento sem o uso das mãos, 8 airbags, bancos dianteiros com encosto de cabeça integrado e ajustes elétricos e faróis full LED, entre outros.
Para quem gosta de música, como eu, vale ressaltar: o sistema de som opcional da Burmester que equipa o carro testado é o estado da arte neste quesito. Com 17 alto-falantes e 1.300 W, é superlativo até no preço: substituir o sistema de série da também renomada Bose custa R$ 26.588 extras.
Neste ponto, o céu é o limite: a lista de opcionais é composta por mais de 100 itens, que permitem a personalização de cada detalhe do Cayenne, desde o tipo de costura dos bancos até a cor dos emblemas na carroceria. Na relação de itens cobrados à parte estão controle de cruzeiro adaptativo (R$ 9.861), eixo traseiro direcional (R$ 11.862), assistente de visão noturna (R$ 12.828), sistema de escapamento esportivo (R$ 16.483) e pacote com adereços externos em compósito de fibra de carbono (R$ 41.658). Caso considere todos itens disponíveis, a conta pode facilmente ultrapassar os R$ 900 mil. Por este preço, vale considerar a versão de topo, Turbo S E-Hybrid, com valor de partida acima dos R$ 946.000 e assustadores 680 cv.