Dirigimos a segunda geração do SUV da Hyundai, que está mais ágil, equipado e eficiente
Os carros estão ficando cada vez mais parecidos com os celulares. Não exatamente pela portabilidade ou conectividade, mas, sim, pelas mudanças de geração em intervalos cada vez menores. Prova disso é o novo Creta 2022, que muda por completo após apenas pouco mais de quatro anos de vendas no Brasil. Para compensar possíveis polêmicas causadas pelo visual e encarar rivais como T-Cross e Tracker, o novo SUV da Hyundai aposta em motorização turbo e equipamentos de série inéditos na linha.
O Hyundai Creta de segunda geração será vendido em quatro versões (Comfort, Limited, Platinum e Ultimate), duas opções de motores (1.0 turbo e 2.0 aspirado) e apenas uma de câmbio (automático de seis marchas). A pré-venda tem início nesta quarta-feira (25), com entrega das primeiras unidades prevista para meados de setembro. Preços partem de R$ 107.490 e podem chegar a R$ 146.990 – confira aqui os equipamentos de série e preço de cada versão.
A mudança no visual é um ponto marcante desta geração, já que os únicos pontos de semelhança com o antecessor são o formato externo da grade e a coluna dianteira retilínea na cor preta. As alterações feitas para o Brasil em relação ao novo ix25 chinês suavizaram os traços, com novos elementos na grade e tampa traseira sem terceira luz de freio integrada. Ainda sim, como no HB20, o resultado deve dividir opiniões. Para quem prefere o modelo anterior, a boa notícia é que o Creta com visual antigo continuará à venda em versão única (Action 1.6 2022).
O Creta continua a ser feito na mesma plataforma do antecessor, que teve a nomenclatura global atualizada de PB para K2. Todos os painéis externos da carroceria são novos, mas a Hyundai não detalhou se houve melhoria na segurança, como a adoção de maior porcentagem de aços nobres. Nas medidas externas, o SUV ficou 10 mm mais comprido (4.300 mm ao todo), 10 mm mais largo (1.790 mm) e 20 mm maior na distância entre eixos (2.610 mm). A altura permaneceu a mesma, com 1.635 mm.
Cabine reformulada
Do lado de dentro, o novo Creta 2022 traz painel totalmente redesenhado, com áreas bem definidas para motorista e passageiro. O volante possui quatro raios e base reta em todas as versões, enquanto o quadro de instrumentos traz tela digital colorida de 7” (a partir da versão Platinum) para condensar informações do velocímetro e computador de bordo – conta-giros, temperatura do líquido de arrefecimento e marcador do nível de combustível continuam com ponteiros analógicos.
A central multimídia traz tela widescreen de 10,2 polegadas a partir da versão Platinum e conta com espelhamento de Android Auto e Apple CarPlay via cabo. Com boa resolução e respostas ágeis, a tela possui integra possibilidades de configuração do carro e é compatível com o sistema de conectividade remota BlueLink, que estreou no HB20 2022.
O espaço para ocupantes continua bom na dianteira e traseira, com destaque para a área para os ombros e joelhos dos ocupantes na segunda fileira de bancos. Apesar do maior porte em comprimento, o porta-malas teve redução no volume, passando de 431 litros no antigo para 422 l neste novo modelo (9 litros a menos). Mesmo com assoalho alto do compartimento de cargas, o estepe é do tipo temporário (medidas 155/90R16) em todas as versões do novo Creta.
O acabamento da cabine não impressiona e mantém o nível do antecessor, com plásticos rígidos e encaixes apenas regulares das peças. Apesar de emular uma faixa de costura pespontada no painel, não há materiais emborrachados ou em couro na cabine do novo Creta 2022 – a única exceção são os apoios de braço nas portas (além do revestimento dos bancos a partir da Platinum). As combinações de cores podem variar entre preto, marrom/preto ou bege/marrom, de acordo com a versão.
Como anda o novo Creta com motores 1.0 turbo e 2.0?
Quando a primeira geração do Creta estreou no Brasil, havia poucos concorrentes diretos com motores turbo. Essa parcela cresceu nos últimos anos, com a chegada de rivais como Citroën C4 Cactus THP, Volkswagen T-Cross, Nivus, Chevrolet Tracker, Honda HR-V Touring e Caoa Chery Tiggo 5X.
Com isso, a Hyundai aposta as fichas no novo motor 1.0 TGDI, o mesmo três cilindros turbo flex utilizado no HB20, que produz 120 cv de potência a 6.000 rpm e 17,5 kgfm de torque a 1.500 rpm com etanol ou gasolina. Disponível nas versões Comfort, Limited e Platinum, este motor é o sucessor do 1.6 e deverá responder por 90% das vendas do novo Creta, segundo a Hyundai.
Os 10% restantes das vendas ficarão concentrados na versão topo de linha Ultimate, sucessora da Prestige, que mantém o motor 2.0. Este ganhou atualizações para redução de atrito interno e melhoria da eficiência em até 8%, de acordo com a fabricante. Rebatizado de 2.0 Smartstream, gera 167/157 cv de potência a 6.200 rpm e 20,6/19,2 kgfm 4.700 rpm – aumento de 1 cv e 0,1 kgfm com etanol ou gasolina. Para toda a linha, o câmbio é sempre automático de 6 marchas e a tração, somente dianteira.
Nosso contato com o novo Creta 2022 aconteceu na pista do Haras Tuiuti, no interior de São Paulo. Começamos nosso test-drive a bordo da versão Platinum 1.0, a mais cara com este motor. O SUV mostra notável evolução dinâmica em relação ao antecessor, com respostas mais diretas da direção e rolagem mais contida da carroceria em curvas graças à nova calibração do conjunto de suspensão (que manteve o arranjo do tipo McPherson, na dianteira, e por eixo de torção, na traseira).
Ainda que menos potente que o antigo 1.6 (130/123 cv), o novo motor 1.0 entrega boas respostas graças ao torque ampliado em até 1,5 kgfm e ao peso em ordem de marcha menor (1.359 kg no antigo Limited 1.6 x 1.270 kg no novo Platinum 1.0). Com isso, a aceleração de 0 a 100km/h melhorou, passando de 11,9 segundos no 1.6 para 11,5 segundos no 1.0, com etanol, de acordo com dados de fábrica. A velocidade máxima agora é de 180 km/h (ante 172 km/h no antecessor).
Ainda que o torque máximo do 1.0 surja a 1.500 rpm, as respostas mais convincentes aparecem acima das 3.500 rpm. Em rotações elevadas, o ruído do motor invade a cabine sem muita cerimônia, característica que poderia ser repensada em um modelo na faixa de R$ 135 mil. Novidade desta geração é a presença de borboletas para trocas de marcha no volante. Porém, as mudanças por elas mostraram-se lentas, especialmente nas reduções. Esta versão conta com botão seletor de modos de condução (Normal, Eco e Sport), que alteram parâmetros do motor, câmbio e direção.
Além do ganho em desempenho, a grande vantagem do Creta 1.0 turbo em relação ao 1.6 aparece no consumo, com médias de 8,3 km/l na cidade e 8,7 km/l, na estrada, com etanol (dados do Inmetro). Para efeito de comparação, o antigo modelo registrava médias de 7,1 km/l e 8,2 km/l, na ordem, com o mesmo combustível. Com gasolina, o novo Creta 1.0 turbo alcança as marcas de 11,6 km/l (urbano) e 12 km/l (rodoviário), ante as médias de 10,1 km/l e 11,3 km/l do antecessor.
Já a bordo do Creta Ultimate 2.0, a entrega de força é mais linear, graças à natureza do motor de aspiração atmosférica. Com até 47 cv a mais e apenas 30 kg extras na comparação com o 1.0, o topo de linha tem bom desempenho, com aceleração de 0 a 100 km/h em 9,3 segundos (0,4 segundo mais ágil que o antigo Prestige 2.0), segundo a fábrica. A velocidade máxima é de 180 km/h.
Com pneus de 18 polegadas e perfil mais baixo, o novo Creta 2.0 entrega controle ligeiramente melhor da carroceria em curvas. Outro aspecto positivo do SUV é a capacidade de frenagem ampliada em todas as versões, graças aos freios a disco também no eixo traseiro, boa evolução em relação aos freios a tambor usados até então. A partir da Platinum, o acionamento do freio de estacionamento é eletromecânico, por botão, com a função adicional de retenção automática (auto hold).
O consumo do novo Creta 2.0 mostra redução na comparação com o antigo, com médias de 7,7 km/l e 8,7 km/l (cidade/estrada), com etanol, ante 6,9 km/l e 8,2 km/l no antecessor. Com gasolina, as marcas são de 10,9 km/l (urbano) e 12,4 km/l (rodoviário) no modelo 2.0 2022, ante 10 e 11,4 km/l na geração anterior.
O Creta Ultimate é o único da gama a trazer o pacote de recursos de assistência à condução, chamado de Smart Sense. Isso inclui alerta de colisão, frenagem autônoma de emergência com detecção de veículos, pedestres e ciclistas, controle de cruzeiro adaptativo, monitoramento de pontos cegos via câmera, detector de fadiga do motorista, assistente de permanência e centralização em faixa de rodagem e farol alto automático.
Ainda que tenha evoluído em refinamento construtivo, o novo Creta 2022 poderia corrigir pontos como a ausência de pintura no cofre do motor e face interna do capô e a utilização de limpadores de para-brisa com estrutura de metal. Entre as ausências sentidas, estão a de retrovisor eletrocrômico (mesmo na versão de topo) e a de iluminação no porta-luvas. Ainda assim, o modelo mostra boas soluções como abas para conter o celular no lugar durante o carregamento por indução, múltiplas visualizações do sistema de câmeras 360º e saídas de ventilação para o banco traseiro.
A segunda geração do Hyundai Creta mostra boa evolução em pacote de equipamentos, eficiência e desempenho. Com aumentos entre R$ 10 mil e R$ 29 mil em relação à gama anterior, o modelo foca nas versões mais vendidas dos rivais com motores turbo. Se o visual reformulado irá conquistar novos clientes, só o tempo irá dizer. Mas uma coisa é certa: com ciclo de vida cada vez mais curto, a próxima mudança do Creta poderá surgir ao mesmo tempo em que uma nova geração do seu celular é apresentada.
Fichas técnicas – Novo Hyundai Creta 2022
• DADOS DE FÁBRICA |
Hyundai Creta Platinum 1.0 turbo 2022 |
Motor | Dianteiro, transversal, 3 cilindros em linha, turbo |
Cilindrada | 998 cm³ |
Potência | 120 cv (E/G) a 6.000 rpm |
Torque | 17,5 kgfm (E/G) a 1.500 rpm |
Câmbio | Automático de 6 marchas, tração dianteira |
Suspensão (dianteira / traseira) | Indep. McPherson/Eixo de torção |
Pneus e rodas | 215/60R17 |
Freios (dianteira / traseira) | Disco ventilado/Disco |
Peso (kg) | 1.270 |
Comprimento (mm) | 4.300 |
Largura (mm) | 1.790 |
Altura (mm) | 1.635 |
Entre-eixos (mm) | 2.610 |
Volume do porta-malas (litros) | 422 |
Tanque de combustível (litros) | 50 |
Preço básico | R$ 135.490 |
• CONSUMO |
Hyundai Creta Platinum 1.0 turbo 2022 |
Consumo Inmetro | |
Cidade (E/G) | 8,3 / 11,6 km/l |
Rodovia (E/G) | 8,7 / 12 km/l |
Média PECO (etanol)
(55% cidade/45% rodovia) |
8,5 km/l |
Autonomia (etanol) | 425 km |
• DADOS DE FÁBRICA |
Hyundai Creta Ultimate 2.0 2022 |
Motor | Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha |
Cilindrada | 1.999 cm³ |
Potência | 167/157 cv (E/G) a 6.200 rpm |
Torque | 20,6/19,2 kgfm (E/G) a 4.700 rpm |
Câmbio | Automático de 6 marchas, tração dianteira |
Suspensão (dianteira / traseira) | Indep. McPherson/Eixo de torção |
Pneus e rodas | 215/55R18 |
Freios (dianteira / traseira) | Disco ventilado/Disco |
Peso (kg) | 1.300 |
Comprimento (mm) | 4.300 |
Largura (mm) | 1.790 |
Altura (mm) | 1.635 |
Entre-eixos (mm) | 2.610 |
Volume do porta-malas (litros) | 422 |
Tanque de combustível (litros) | 50 |
Preço básico | R$ 146.990 |
• CONSUMO |
Hyundai Creta Ultimate 2.0 2022 |
Consumo Inmetro | |
Cidade (E/G) | 7,7 / 10,9 km/l |
Rodovia (E/G) | 8,7 / 12,4 km/l |
Média PECO (etanol)
(55% cidade/45% rodovia) |
8,1 km/l |
Autonomia (etanol) | 405 km |
Fotos: Frasnelli Studio/Hyundai e Gustavo de Sá/Revista CARRO
Qual carro que você tem ?
Ótima reportagem.
Pequenas falhas difíceis de aceitar pelo valor do carro.
O motor 1.0 não me convenceu pelo consumo/potência/ torque e alto custo da tecnologia (ok a tem garantia)
Eu escolheria o 1.6 antigo mas o bom msm é no ‘novo” 2.0
Cada um tem sua opinião, achei que mudou para melhor, deu um ar futurista.
O carro é feio que dói.
Realmente decepcionante, consumo para um carro 1.0 turbinado ainda muito alto, especialmente em estrada, um motor ainda barulhento e trepidante com inclinação de carroceria em curvas.
Além disto design da frente ruim e das lanternas traseiras muito ruim.
Não me agradou mesmo, tal como o HB20 que ficou desagradável.