O declínio das station wagons no Brasil, onde são conhecidas como peruas, é algo documentado com números. No longínquo agosto de 2006, os emplacamentos do segmento chegavam perto de 53.600 unidades dos 15 modelos listados no relatório da associação das concessionárias e do Renavam. Dez anos depois, a mesma fonte indica pouco menos de 7.500 vendas de peruas, somando 11 modelos (alguns residuais, como a Toyota Fielder, versão station do Corolla).  
  
O consenso entre os especialistas é que os crossovers e os SUVs com propostas cada vez mais urbanas e familiares (e menos “utilitárias”, no sentido de disposição para trabalho duro) tomaram o lugar das peruas, oferecendo “vantagens” como posição elevada de dirigir e robustez.

O A4 Avant mantém as mesmas medidas do sedã

Se é assim, o renovado Audi A4 Avant (R$ 187.990), que chega ao nosso mercado cerca de um ano após o lançamento na Europa, é o exemplo perfeito do que há de “errado” com as stations, ao menos para os brasileiros. Com 1,70 m de altura, tive dificuldades para entrar na cabine, de tão baixo que é o teto (1,43 m); e a distância em relação ao piso pede um cuidado extra ao se deparar com lombadas e valetas que seria dispensável ao volante de um SUV. Essas medidas são exatamente as mesmas do sedã A4, que também usa a plataforma modular MLB (para motores longitudinais) do grupo Volkswagen.

Porta-malas da versão familiar do A4 possui 505 litros de volume

É verdade que o alemão médio é bem mais alto que eu – mas ele nunca precisa entrar afobadamente no carro com medo de assalto ou para escapar do flanelinha, correndo o risco de bater a cabeça na lateral do teto. E as vias europeias tratam bem os modelos de rodagem mais refinada.

Quando nos convencemos de que o problema é o lugar, e não o tipo de carro, fica fácil apreciar a station média da Audi (a grande é a A6 Avant), dotada do motor 2.0 TFSI (turbo) de 190 cv, câmbio S-tronic de sete marchas, Drive Select com quatro modos de condução, quadro de instrumentos digital (veja uma das telas acima) e sutilezas charmosas e/ou gentis – como a luzinha vermelha do limpador traseiro, a cobertura interna do porta-malas (de bons 505 litros) que se recolhe sozinha, a finíssima tela que protege a cabine quando o teto solar (opcional) está aberto… Tudo isso na atual embalagem-padrão da Audi, marcada pelo inconfundível conjunto óptico com assinatura de LED e grade frontal hexagonal.

Acabamento interno segue o padrão de design e refinamento do sedã

Quanto à dirigibilidade, sem surpresas: direção precisa, motor vigoroso, suspensão a gosto do freguês e silêncio numa cabine com elegância típica de uma perua – se ela for da Audi.

Ficha técnica e medições do A4 Avant Ambiente 2.0 TFSI

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