Não é uma prática muito comum entre as fabricantes, mas algumas delas têm por hábito realizar encontros com jornalistas especializados para apresentar as tecnologias e as tendências nas quais estão trabalhando. O Carro Online fez parte de um seleto grupo de publicações brasileiras convidadas para participar do Honda Meeting 2013, realizado em Tochigi, no Japão, no qual a empresa apresentou diversas novidades que serão utilizadas ao longo dos próximos anos nos veículos do grupo.
O evento foi bastante movimentado e contemplou desde inovações na área de motores e câmbios até mais detalhes sobre a sofisticada eletrônica dos sistemas de condução autônoma.
De tudo o que foi visto em um dia inteiro de apresentações, o que chegará mais brevemente aos automóveis da linha Honda e Acura são os novos motores 1.0, 1.5 e 2.0, todos dotados de turbocompressor, injeção direta de combustível e comando de válvulas variável, dentre outros recursos para reduzir o atrito e melhorar a eficiência.
Como ainda estão em fase final de desenvolvimento, a Honda não divulgou os números finais de potência e de torque, mas o 1.0 entregará algo em torno de 120 cv, o 1.5 por volta de 180 cv e o 2.0 poderá alcançar até 300 cv, como constatamos em uma unidade do Civic Type R. Mas, em modelos sem apelo esportivo, a potência deverá limitar-se a cerca de 280 cv.
Assim, está clara a intenção da Honda de adotar de vez o downsizing de motores, uma estratégia que, até então, parecia distante das principais fabricantes japonesas. “Para se adequar às normas de emissão cada vez mais rígidas, como a Euro 6, que entrou em vigor este ano na Europa, o uso do turbo e da injeção direta para extrairmos cada vez mais potência e torque de um motor de menor deslocamento, além do estímulo à propulsão híbrida, são os caminhos que vislumbramos daqui para a frente. Mas é claro que, nessa migração, ainda restará espaço para alguns V6”, explicou Yasunori Oku, gerente-geral de desenvolvimento de tecnologia da Honda.
Outras novidades que também contribuirão para a economia de combustível serão os novos câmbios de dupla embreagem, desenvolvidos pela Honda, com 7 e 8 marchas. O primeiro deverá ser instalado em veículos híbridos e estará presente na nova geração do Fit Hybrid. A principal inovação dessa caixa é contar com o motor elétrico acoplado, reduzindo as dimensões do conjunto e, consequentemente, tornando-o ideal para modelos pequenos.
Além do sistema i-DCD (intelligent Dual-Clutch Drive) presente no Fit Hybrid, a Honda anunciou outras duas variações, o i-MMD (intelligent Multi-Mode Drive) e o SH-AWD (Super Handling All-Wheel-Drive). O i-MMD é aplicado em modelos de porte médio e conta com dois motores elétricos acoplados ao câmbio. Já o SH-AWD é destinado a automóveis grandes e une um V6 a combustão, dois propulsores elétricos no eixo traseiro e o mesmo câmbio de 7 marchas do Fit Hybrid. A ideia é oferecer o desempenho de um automóvel com motor V8, porém mais econômico e, de quebra, com tração integral.
O i-MMD estreará na nova geração do Accord nos EUA, enquanto o SH-AWD será aplicado no Acura RLX, um dos sedãs topo de linha do grupo. Já a caixa de dupla embreagem e 8 marchas com conversor de torque ainda não tem um modelo definido para ganhar as ruas.
Outra saída da Honda para conciliar baixo consumo com desempenho é reduzir o peso dos veículos com o uso de CFRP (plástico reforçado com fibra de carbono) e GFRTP (termoplástico reforçado com fibra de vidro). A princípio, pelo que foi apresentado no Honda Meeting, os materiais serão utilizados em grande parte no piso da carroceria. Segundo os estudos, a novidade proporciona uma redução de 30% no peso do carro, resultando em uma melhora de 40% no desempenho e uma economia de 20% no consumo de combustível.
Por fim, para perseguir a sua meta de um “mundo sem acidentes”, a Honda prepara uma série de dispositivos a serem instalados em seus carros que, no futuro, farão parte do carro autônomo da marca. Entre esses recursos destacam-se as câmeras de visão lateral com maior amplitude, radares para a detecção de objetos e de pedestres e os sistema de comunicação “V2V” (veículo a veículo). Nos próximos anos, a Honda realizará os primeiros testes em áreas urbanas com seus automóveis que “dispensam o motorista”, algo que, por uma questão de infraestrutura, infelizmente, está distante do Brasil.
Carro autônomo
No primeiro contato, o carro capaz de se deslocar sem qualquer intervenção do motorista surpreende: é rápido nas manobras e “antecipa” o perigo que está oculto, como uma moto no cruzamento ou um veículo no ponto cego.
Estrutura mais leve
A Honda já prepara uma carroceria com amplo uso de novos materiais, como o CFRP e o GFRTP: o alívio de peso é notório, o que resulta em melhor desempenho e menor consumo de combustível.
Nova classe de híbridos
Combinando o novo câmbio de dupla embreagem e 7 marchas aos motores aspirados de 1.5 e 2.0 l, além do ou 3.5 V6, a Honda terá três tipos de powertrain híbrido: o i-DCD (intelligent Dual-Clutch Drive) para modelos compactos como o Fit, o i-MMD (intelligent Multi-Mode Drive) para carros médios e o SH-AWD (Super Handling All-Wheel-Drive) para veículos de maior porte, como o sedã Acura RLX. Segundo a fabricante, o SH-AWD permite que o modelo entregue desempenho similar ao de um modelo V8, porém com mais economia e a vantagem da tração integral. Também pode ser usado em esportivos.
Transporte pessoal
Japão e alguns países da Europa discutem a criação de uma nova categoria de veículos que contemplará apenas modelos elétricos para transporte individual. Pensando em atender essa demanda, a Honda apresentou o MC-ß. Com apenas 2,49 m de comprimento e 1,28 m de largura, ele pode atingir até 70 km/h.