Suzuki GS 120: chegou com um preço popular e com toda a qualidade Suzuki. Por quê? Lançada para brigar diretamente com a Pop, mas oferecendo muito mais equipamentos e requinte por um preço inferior. É tabelada em R$ 5.136
Honda Pop 100: lançada no início de 2007, ainda é o modelo mais barato da Honda. Por quê? A já conhecida e consolidada moto de entrada da marca da asa aposta na simplicidade, robustez e é uma das mais vendidas do Brasil. Nas lojas por R$ 4.400
São dois modelos e apenas uma proposta: locomoção barata. Colocamos frente a frente a Honda Pop 100 e a Suzuki GS 120 para dizer a você os pontos altos e baixos de cada uma. Os preços sugeridos pelas fabricantes são bem próximos, mas as características de cada uma nem tanto. Qual será que se saiu melhor?
Supondo que você ainda não possui uma moto, está cansado de usar o transporte público ou até mesmo uma bicicleta, possui cerca de R$ 5.000 disponíveis e decide se motorizar. O que fazer? Bem, poderia recorrer ao mercado de veículos usados, carros bem velhos etc. ou comprar uma moto 0 km. Sim, os modelos em questão ficam nesta faixa de preço. A Pop 100 pode ser sua por R$ 4.400 e a GS 120, por R$ 5.136, valores sugeridos pelas marcas. Apesar de oferecerem propostas parecidas e custarem quase o mesmo preço, elas não podiam ser mais diferentes uma da outra, a começar pelo design.
Enquanto a Pop nos faz lembrar uma mobilete pela “magreza”, a GS tem o mesmo estilo de uma moto urbana convencional, como estamos acostumados a ver. Isso se deve também ao fato de a Pop ter sido baseada na Biz, uma cub, o que implica outros aspectos que não ajudam, como o bocal do tanque embaixo do banco e o tanque reduzido, de apenas 4 litros. A GS, com seu formato de moto, tem um tanque convencionalmente posicionado à frente do assento, com capacidade para 9,2 l. Além de requerer menos visitas ao posto de gasolina, o bocal é de fácil acesso.
No quesito equipamentos, a pequena Honda também apanha da nova rival. Enquanto o condutor da GS conta com indicador de marchas, afogador no punho, lampejador de farol alto, botão corta-corrente, trava de guidão no contato da chave e um extremamente útil hodômetro parcial, o piloto da Pop tem que lembrar de quantos quilômetros ele tinha rodado a última vez que abasteceu, se abaixar para acionar o afogador ou travar o guidão.
Para desligar o motor, só mesmo virando a chave, e ainda terá de lembrar da marcha que está engatada e usar só a buzina, mesmo quando um lampejador resolveria. Pois é, a Pop faz jus ao conceito de moto “pelada”. Todavia, o que mais faz falta é o hodômetro parcial, somado à ausência de um indicador de combustível. A autonomia de aproximadamente 160 km não agrada.
Agora vamos ao que mais interessa: o comportamento destes modelos em seu habitat natural, a selva urbana. As duas se saíram bem nesse aspecto, mas evite, sempre que possível, vias com limite de velocidade superior a
70 km/h, pois estes modelos não foram desenvolvidos para tal uso.
As duas têm “pegada” muito semelhante, e acompanham tranquilamente o fluxo até os 70 km/h. O peso pluma da Pop (apenas 85 kg) compensa os 15 cm³ a mais do motor da GS. A Suzuki gera 7,34 cv a 8.080 rpm e 0,8 kgf.m de torque a 5 940 rpm enquanto a Pop produz 5,5 cv a 6 950 rpm e 0,62 kgf.m a 4.430 giros. Esses dados diferem dos divulgados pela fábrica, pois foram extraídos da roda traseira em nosso dinamômetro.
A potência do extra do motor da GS não fez diferença na velocidade final, ambas estacionam seus velocímetros próximos aos 90 km/h indicados. A essa velocidade, vantagem para a Pop, que se manteve estável enquanto a GS mostrou-se mais arisca e sensível a qualquer movimento no guidão.
O consumo ficou na casa dos 37,5 km/l para a Suzuki e 40,9 km/l para a Honda. Apenas com o piloto, ambas encaram ladeiras tranquilamente, mas sofrem com a garupa ocupada. As duas trafegam pelo trânsito parado com muita facilidade, possuem excelente ângulo de esterço e uma posição confortável de condução, que facilitam ainda mais as manobras e o controle.
Passando pela buraqueira, ficou nítido um dos pontos fortes da pequena Honda: as suspensões. Enquanto a GS não faz questão de esconder que trafegamos em piso irregular, a Pop aparentava alisar o piso, sem nunca permitir a perda do contato dos pneus com o chão e sem transmitir tanto os impactos ao condutor. Projetada para trafegar em regiões que sequer contam com asfalto, a “pé de boi” da Honda mostrou-se perfeitamente adaptada ao solo brasileiro. Nas frenagens, mais uma vez a Pop mostrou mais eficiência em relação à GS.
O câmbio de quatro marchas é invertido nas duas, isto é, a marcha seguinte é sempre selecionada com um toque para baixo no pedal, enquanto as reduções são feitas com um toque para cima ou um toque de calcanhar na parte posterior do pedal. Isso pode atrapalhar no início quem vem de uma moto convencional, mas não leva muito tempo para a adaptação. Bom para os iniciantes, pois o sistema é de fácil manuseio.
As marchas são bem escalonadas nas duas, mas na Pop a relação final é ligeiramente mais curta, o que contribui para a sensação de ela ter a mesma força que a GS. Nesse ponto, a Pop leva vantagem porque seu câmbio é rotativo, ou seja, quando se está parado, mesmo que a quarta marcha esteja engatada, basta um toque abaixo para voltar à primeira. Na GS isso não acontece, e é preciso reduzir para terceira, segunda e aí, sim, engatar a primeira.
No final, podemos concluir o seguinte: se você preza pela praticidade, quer uma moto realmente com cara de moto e não abre mão de equipamentos básicos, fique com a Suzuki. Agora, se você quer um modelo mais robusto, tecnicamente mais acertado, mas que é desprovido de apelo estético e pequenas comodidades que fazem uma grande diferença no cotidiano, fique com a Pop. Agora é com você.
Em quatro palavras
Cidade: A maior oferta de equipamentos na GS vence aqui. A trava de guidão no contato da chave e o hodômetro parcial fazem muita falta na Pop. Ambas têm excelente agilidade no trânsito e trafegam pelos carros como uma bicicleta.
1º Suzuki GS 120
2º Honda Pop 100
Diversão: a ciclística mais refinada da Pop inspira mais confiança e garante mais prazer de condução. O peso muito reduzido, a relação final mais curta, as suspensões bem acertadas e os freios melhores não deram chance para a GS.
1º Honda Pop 100
2º Suzuki GS 120
Consumo: o modelo da Honda foi superior quando avaliado o consumo de combustível. Rodou 40,9 km com um litro de gasolina. Em autonomia, porém, a GS se sai melhor, já que seu tanque tem maior capacidade em relação ao da Pop.
1º Honda Pop 100
2º Suzuki GS 120
Garupa: as suspensões garantem aqui mais um ponto para a Pop. Elas lidam melhor com o peso extra do garupa, assim como os freios mais fortes. O assento mais longo e largo da Honda também acomoda melhor o passageiro.
1º Honda Pop 100
2º Suzuki GS 120
Conclusão:
1º Suzuki GS 120
2º Honda Pop 100
São dois modelos que concorrem diretamente na questão preço, mas as características de GS e Pop são bem diferentes. Em comum, apenas o fato de serem o que há de mais básico no universo das motocicletas e terem a proposta de ser um meio de transporte barato e econômico, ponto. A Pop foi criada propositadamente simples ao extremo para encarar qualquer condição de terreno e tolerar maus tratos. A GS, por sua vez, perde um pouco em eficiência mecânica, mas ganha em conveniência e justifica melhor o valor investido.
Comentário técnico: Ambos os modelos foram desenvolvidos com foco na simplicidade e, consequentemente, baixo custo de manutenção. Os pequenos (e robustos) motores ainda são alimentados por carburador, gastam pouco combustível mas entregam o desempenho mínimo para rodar com segurança por ruas e avenidas. “Culpa”, em parte, dos rigorosos limites de emissões, que exigem escapes bem restritivos. Os freios são a tambor, menos eficientes que os discos, mas de menor custo na hora de fabricar e manter.
Ficha técnica: Honda Pop 100
Motor monocilíndrico, 4T, arrefecimento a ar, OHC, 2 válvulas; Cilindrada 97,1 cm³; Câmbio manual 4 marchas; Embreagem multidisco em óleo; Suspensão dianteira garfo telescópico; Suspensão traseira duplo amortecedor; Freio dianteiro tambor; Freio traseiro tambor; Comprimento • 1 819 mm; Entre-eixos • 1 216 mm; Altura do assento • 749 mm; Tanque • 4 litros.
Ficha técnica: Suzuki GS 120
Motor monocilíndrico, 4T, arrefecimento a ar, OHC, 2 válvulas; Cilindrada 113 cm³; Câmbio manual 4 marchas; Embreagem multidisco em óleo; Suspensão dianteira garfo telescópico; Suspensão traseira duplo amortecedor; Freio dianteiro tambor; Freio traseiro tambor; Comprimento • 1 900 mm; Entre-eixos • 1 215 mm; Altura do assento • 766 mm; Tanque • 9,2 litros.