A histórica visita do papa Francisco a Cuba, nesta semana, marcou a primeira vez em que um carro fabricado no Brasil foi usado como papamóvel, apelido dado aos modelos adaptados usados pelos pontífices em seus deslocamentos durante visitas oficiais. Na falta de um carro hecho en Cuba, Francisco usou uma picape Peugeot Hoggar.

Aparentemente, o papa curtiu o passeio na Hoggar
O modelo deriva do 207 nacional e foi desenvolvido e fabricado no Brasil. Sem fôlego para competir com Fiat Strada, Volkswagen Saveiro e Chevrolet Montana, teve vida curta e saiu de linha sem deixar sucessor (nem saudades).

A Hoggar usada por Francisco não recebeu blindagem especial e tinha as laterais abertas. Pintada no tradicional branco usado pelos veículos oficiais do Vaticano, ganhou estrutura tubular para permitir ao papa que ficasse em pé sobre a caçamba, que comporta até 742 kg. 

Não foi a primeira vez, porém, que Francisco andou num carro nacional. Em sua visita ao Brasil, em 2013, o pontífice fez o trajeto do aeroporto ao centro do Rio de Janeiro no banco de trás de um Fiat Idea comum, que não pode ser considerado um papamóvel. O veículo, cedido pela fabricante, foi guardado e será exposto no futuro museu da marca no país. A Fiat também comemorou o uso de um 500L pelo papa em sua visita aos Estados Unidos, logo após a passagem por Cuba.

Site da Peugeot cubana: tem 308, o que não tem é preçoPOR QUE PEUGEOT?
A filial brasileira da marca francesa disse que foi pega de surpresa pela cena de Francisco passeando numa Hoggar. A hipótese é que o governo de Raúl Castro, maior cliente do mercado de automóveis em Cuba, seja o dono da picape.

A Peugeot tem uma loja em Havana, a qual (obviamente) trabalha com importação e anuncia até modelos que não existem em nosso mercado, como o 108, o atual 308 europeu, o 301 e até o crossover 4008. O problema é que, apesar da relativa abertura econômica, os carros são fortemente taxados em Cuba (algo que pode mudar com a reaproximação comercial da ilha com os EUA) e têm seus preços definidos pelo governo. Quando as vendas da Peugeot começaram por lá, em 2014, um sedã 508 custava mais de US$ 200 mil.

À época, os valores exorbitantes foram alardeados por publicações de propaganda anticastrista sediadas na Flórida, que apontaram — com razão — que um carro comum custava em Cuba o mesmo que um Lamborghini em Miami.

No Brasil, onde era feita, Hoggar não aguentou Strada, Saveiro e Montana

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