Se no mercado geral das picapes médias a Chevrolet perdeu a liderança para a Toyota Hilux, o subsegmento das flex ainda pertence, com folga, à S10. Em 2016, a versão flex dominou as vendas de picapes médias, com 57% de participação. Para manter sua soberania e, de quebra, ameaçar a rival japonesa, a Chevrolet S10 flex ganhou, neste mês, uma inédita versão com câmbio automático.

Chevrolet S10 Flex ganhou versão automática

A nova arma da marca chega em momento oportuno. Segundo uma pesquisa realizada pela própria Chevrolet, 87% dos consumidores afirmam que suas próximas picapes terão câmbio automático. Considerando os modelos flex, somente a Hilux oferecia trem-de-força bicombustível com caixa automática até o mês passado. 

Partindo de R$ 107.990, a S10 2.5 automática reforça a Chevrolet nesta briga entre as flex para atender a necessidade do público que “busca praticidade e precisa de uma picape robusta e tecnológica, porém mais acessível que a versão diesel”, conforme definiu Hermann Mahnke, diretor de marketing da General Motors do Mercosul.

Visualmente, apenas posições dos emblemas mudaram

O câmbio automático adotado na S10 flex é o mesmo de seis marchas da versão 2.8 turbodiesel. Ainda que o test-drive da picape tenha sido em circuito fechado, o traçado desnivelado e com curvas fechadas permitiu avaliar a sincronia do câmbio com as coordenadas do pé direito do motorista, e o resultado foi satisfatório. Trabalhando com o motor 2.5 de 206 cv e 27,3 kgfm de torque, a caixa apresenta um comportamento agradável, com trocas rápidas e suaves, mas o acelerador também merece destaque.

Uma das novidades estreadas pela S10 flex automática é o novo mapeamento acelerador, inspirado na Chevrolet Colorado, vendida nos Estados Unidos. O recurso permite que o pedal extraia mais desempenho do motor em carga menor de pressão: com 20% de curso, a S10 gera 0,6 g de aceleração. Na prática, é como se o câmbio estivesse sempre num modo “esportivo”, pois há mais agilidade com menos esforço. 

Câmbio de seis marchas é o mesmo da versão diesel

Considerando que o público-alvo das picapes flex circula boa parte do tempo em vias urbanas,  o comportamento da S10 flex automática é ideal para obter respostas rápidas em saídas de semáforos e trocas de faixas. Em rodovias, contudo, é possível que a pouca reserva de potência em situações em que o condutor recorra ao “kickdown” prejudique o prazer ao dirigir. Isso porque, ao pisar fundo no acelerador numa ultrapassagem, a entrega de potência não será significativamente maior – o que pode causar certa frustração. 

Na pista de testes os resultados obtidos pela picape foram bons. Na prova de aceleração de 0 a 100 km/h, a versão LTZ 4×4 avaliada precisou de 11s24 para concluir a prova. O número não surpreende tanto quanto os 9s5 declarados pela fabricante para a versão 4×2, mas garantem um bom patamar para o modelo em sua categoria. Se compararmos com a versão manual da S10 4×4 flex, a variante automática foi apenas um segundo mais lenta nessa prova.

Motor dianteiro L4 2.5 longitudinal continua gerando 206 cv

Em compensação, como já era de se esperar, a versão automática deu um banho na manual em retomadas: de 80 a 120 km/h, a S10 precisou de 8s19, ante aos 14s07 da manual. Outra vantagem do câmbio automático sobre o manual é fazer o motor trabalhar em rotações mais baixas: a 120 km/h o quatro-cilindros está em 2.800 rpm na manual e 2.250 rpm na automática. Tal benefício só não se refletiu em mais conforto aos ocupantes, devido ao pneu mais largo da S10 automática, o que prejudicou o nível de ruído. Nesta mesma velocidade, a versão manual produz 65,1 decibéis, frente a 68,1 db da automática.

O único quesito preocupante no teste da S10 foi o fading dos freios. A distância de 41,13 m percorrida para frear de 100 km/h a zero está entre as melhores do segmento, mas o fading apresentou discrepância de 14 m entre a melhor e a pior frenagem (54,91 m), com o veículo carregado com 200 kg. O desempenho é tão ruim que obteve nota zero em nossa tabela de avaliação.

Acabamento interno da S10 é ponto positivo da picape

Além do novo câmbio, a S10 flex automática também estreou melhorias estruturais que serão adotadas nas versões diesel da picape. A principal delas é um novo tipo de coxim de fixação da cabine com o chassi. O elemento elástico foi reforçado para reduzir a inclinação da cabine e contribui sensivelmente para a estabilidade do utilitário em curvas acentuadas.
 
CUSTO COM BENEFÍCIO
Como citamos no início, os preços da Chevrolet S10 flex automática partem de R$ 107.990 pela versão LT 4×2 (a 4×4 custa R$ 116.990). Nesta configuração, a picape é equipada com itens de série interessantes, como capota marítima, controlador de velocidade, direção com assistência elétrica, sensor de ré e central multimídia MyLink.

Ficha técnica da Chevrolet S10 Flex automática

Já a LTZ 4×4, topo de linha, é oferecida por R$ 129.990, R$ 3.080 mais barata que a rival Hilux SRV 4×4, e conta com itens exclusivos em picapes médias flex, como alerta de saída de faixa e de colisão frontal. O pacote inclui ainda sistema de partida remota, controle de estabilidade, sensor frontal e luzes diurnas (DRL) em LEDs. A mesma lista de itens está disponível de série para a opção LTZ 4×2, que custa R$ 122.990.

Medições realizadas no Campo de Provas da Cruz Alta, em Indaiatuba (SP)

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