A fabricante não divulga, mas, na prática, estamos diante do primeiro VW Golf reestilizado da história. Sim, pois estamos falando do modelo que é vendido na Europa e em outros mercados ao redor do planeta (no Brasil a chegada dele ainda não foi confirmada, mas é improvável, pelo menos a curto prazo). Esqueça, portanto, a geração “quatro e meio”, lançada em 2007, já que se tratou de uma exclusividade do mercado brasileiro.
Visualmente, a impressão é de que este Golf “sete e meio” mudou pouco em relação ao anterior – que foi lançado em 2012. Mas, acredite, de acordo com a VW, isso foi proposital, já que o desenho do Golf é um de seus principais predicados, e a fabricante quis transmitir a impressão de continuidade ao modelo, em vez de ruptura (o que pode ocorrer apenas na próxima mudança de geração do carro).
A aparência de sobriedade é reforçada pela presença dos faróis de LED, que custam 1.085 euros (de série apenas na versão Highline) e “aposentam” as luzes de xenônio. Faz mais sentido, porém, investir 2015 euros e levar o pacote completo de iluminação com LEDs, que inclui luzes de condução diurna e faróis auxiliares. Aliás, vale lembrar que o novo Golf não conta mais com lâmpadas convencionais, já que as lanternas também utilizam LEDs em todas as versões.
Ainda na parte externa, os mais atentos perceberão mudanças nos para-choques. No traseiro, aliás, agora há saídas de escapamento falsas em algumas versões, a fim de realçar o caráter esportivo do modelo.
Avaliamos o renovado Golf na versão com o novo motor 1.5, que vai substituir o 1.4 turbo (similar ao oferecido no Brasil), que, até a conclusão desta edição, não tinha preço fixado. Mas a expectativa é que ele custe algumas centenas de euros a mais que o anterior. São ótimos 150 cv e 25,5 mkgf à disposição.
A Volkswagen, porém, explica que o novo motor não teve apenas a cilindrada aumentada. Ele foi totalmente revisto, tanto que recebeu a denominação “Evo”. O detalhe que mais chama a atenção é o turbo de geometria variável, sistema que só a Porsche vinha utilizando há mais tempo em motores a gasolina. A VW, porém, deseja massificar o uso desse equipamento e vai lançar a versão Bluemotion do novo Golf com um motor 1.5 Evo de 130 cv.
Tudo isso parece muito interessante, mas, e na prática, como se comporta o renovado hatch? Bem, se você faz parte do fã-clube do motor 1.4 TSI, pode respirar aliviado. O 1.5 TSI Evo não se difere muito do anterior e seu comportamento deve agradar, principalmente nas retomadas de velocidade, no que o novo turbocompressor proporciona respostas mais rápidas.
A unidade que avaliamos possuía câmbio manual de seis marchas, que será de série nessa versão. Em breve, os consumidores poderão optar por uma caixa robotizada de dupla embreagem e sete marchas que, de acordo com a fabricante, pode proporcionar economia de até 10% no consumo de combustível. Mas o câmbio manual vai bem no Golf. O manuseio é agradável e as trocas ocorrem sempre com rapidez e precisão. Pena que, nessa configuração, a VW deixe de oferecer alguns sistemas eletrônicos de assistência ao condutor.
Os primeiros quilômetros do nosso teste não são promissores. Há muito congestionamento e demoramos além do previsto até chegar à estrada. Uma vez na rodovia, porém, conseguimos acelerar um pouco mais e sentir o que o novo motor tem a oferecer.
Basta pressionar o acelerador com um pouco mais de força, porém, para perceber que, mesmo em baixas rotações, a recuperação de velocidade ocorre rapidamente, mostrando a elasticidade que o turbo de geometria variável proporciona. Mas o melhor é que, ao manter o pé no pedal, os giros vão subindo de maneira uniforme. Como se costuma dizer, a aceleração é “lisa”. A impressão é que nenhum consumidor normal precisa de mais do que esse motor oferece.
Outro aspecto positivo é que, caso o motorista deseje, também pode adotar um padrão de condução mais tranquilo. Foi o que fizemos em seguida e o motor 1.5 TSI Evo permitiu rodar tranquilamente em sexta marcha. Muito bom!
RETOQUES INTERNOS
Não houve grandes mudanças na parte interna. O quadro de instrumentos digital (opcional) é a atração que salta aos olhos, mas a nova central multimídia Discover Pro (2.385 euros) merece ser destacada. Com uma tela de 9,2”, o sistema traz, pela primeira vez em um modelo compacto, o controle gestual, que permite comandar uma série de operações do equipamento de áudio, do telefone ou do navegador apenas por gestos. Para quem não gostar – ou ficar confuso – ainda existem botões, além da tela tátil, mas é difícil imaginar que alguém não vá se apaixonar pela nova tecnologia. De resto, a cabine não teve mudanças, e isso é bom. Afinal, o espaço continua sendo suficiente para quatro adultos e a posição de dirigir segue merecendo elogios.
Em suma, o VW Golf “sete e meio” traz um motor a gasolina totalmente reformulado, modernizado e mais eficiente, além de um encantador sistema de infoentretenimento e novos sistemas de assistência ao condutor. Tudo isso “embalado” por um visual levemente renovado, mas que ainda agrada e conquista consumidores.
Quer base melhor para seguir no topo da lista dos modelos mais vendidos em diversos mercados no mundo? Tudo bem, os críticos de sempre vão argumentar que o hatch mudou pouco, mas os fãs do Golf responderão que a maioria deles não deseja uma revolução, e sim que o carro continue tão bom quanto sempre foi. Essa, pelo menos, é a explicação da Volkswagen, e foi o que ela fez com seu best-seller.