Olhando por fora é difícil notar as mudanças do novo Mercedes-AMG CLA 45. A versão esportiva do sedã com jeito de cupê da marca acompanhou a reestilização de sua versão “civil”, mas a maior novidade não é visível nem aos olhares mais atentos. Já poderoso antes, o seu motor 2.0 turbo agora tem 21 cv extras, totalizando 381 cv – índice que o eleva ao propulsor dessa cilindrada mais potente do mundo.
O “sedã esportivo de bolso” chegou sem alarde ao Brasil, e CARRO ONLINE testou o modelo com exclusividade no lugar mais adequado possível: o autódromo de Interlagos, em São Paulo. E a novidade recebeu até a companhia de sua versão de corrida, que participa da categoria Mercedes-Benz Challenge.
Antes da volta rápida, porém, vale relembrar as mudanças do Mercedes CLA 2017 e, por tabela, do hatch Classe A. A dupla de compactos está no meio de seu ciclo de vida e passou por mudanças bem discretas. Na frente os faróis mantiveram o formato, mas receberam um novo arranjo de luzes e agora, no Brasil, usam apenas LEDs. O mesmo aconteceu com as lanternas, e as partes inferiores dos para-choques foram levemente redesenhadas.
Por dentro as mudanças foram ainda menores. Alguns materiais receberam novas cores e o sistema multimídia agora oferece espelhamento Apple CarPlay. A tela de 8 polegadas, porém, continua fixa no painel e não é sensível ao toque – o que atrapalha bastante o uso do software do iPhone. Mas esse detalhe é quase irrelevante para um CLA com o símbolo da AMG na alavanca do câmbio (robotizado de dupla embreagem).
DAS RUAS PARA A PISTA
A avaliação rápida do novo CLA 45 envolveu o translado do carro da fábrica da Mercedes em São Bernardo do Campo (SP) até o autódromo de Interlagos, onde iria ocorrer uma etapa do Mercedes-Benz Challenge. O percurso permitiu observar como o esportivo se comporta no ambiente que irá frequentar a maior parte do tempo e onde ele realmente pode ser aproveitado.
Como quase todo AMG, o CLA tem a suspensão mais dura e pneus de perfil baixo, itens que não mudaram na reestilização. Na pista de corrida isso é ótimo, mas fora dela o motorista desse Mercedes precisa de cuidado redobrado em valetas, lombadas e buracos. É sério: com o asfalto lunar brasileiro, cada rua é uma armadilha em potencial para o para-choque baixo e os caríssimos pneus 235/35 R19.
O passeio tenso é ligeiramente facilitado pela eletrônica, que no CLA 45 oferece diferentes perfis de condução. No modo “normal”, o sedã é fácil de guiar, com respostas mansas do acelerador, trocas de marcha em rotações baixas, escapamento silencioso e até start-stop para poupar combustível.
Mas esse não é o propósito primordial de nenhum carro preparado em Affalterbach, então tão logo o CLA 45 entrou no asfalto do Autódromo José Carlos Pace, seus inúmeros recursos eletrônicos foram configurados para modos mais permissivos – e divertidos.
Neles, o ronco do escape quádruplo fica abafado e grave a ponto de fazer muita gente duvidar da presença de um “modesto” 2.0 de quatro cilindros sob o capô. O câmbio, já eficiente, faz trocas ainda mais rápidas, acompanhadas de estampidos secos no escapamento, enquanto a direção recebe menos assistência e o acelerador fica sensível como em um carro de competição.
Nessa situação o CLA 45 não deve muito para seus “irmãos” de competição. Mesmo com pneus de rua, ele tem um comportamento neutro até em curvas rápidas, com uma leve tendência de sair de traseira, já que o sistema de tração integral prioriza o eixo dianteiro, deixando os pneus posteriores mais propensos a escorregarem até receberam força do motor.
Truques como a vetorização por torque e controle de largada garantem o máximo de aproveitamento do novo CLA 45, capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 4s2, valor 4 décimos abaixo da versão antiga de 360 cv. Todos esses valores são os divulgados pela fábrica; CARRO ONLINE levará o modelo para a pista de testes em breve para confirmar os índices.
Seja em curvas curtas, longas ou retas, o CLA 45 entrega a desempenho visceral típico dos AMG, mas em uma embalagem ligeiramente mais prática e em conta do que no C 63 S. Não que ele seja acessível, no entanto. Seja no aspecto físico ou financeiro, o sedã de teto baixo, espaço interno modesto no banco traseiro e preço de R$ 338.900 exige malabarismos no bolso e na coluna para poder ser aproveitado ao máximo. Achou caro? O valor ainda é menos do que se gasta para correr uma temporada completa do Mercedes-Benz Challenge, sem incluir o preço do carro de competição, nem eventual gastos com colisões.