Minha dúvida é sobre a barra anti-rolagem dianteira, que o povo costuma chamar de barra estabilizadora, em um buggy com plataforma de Fusca. Em um Fusca, até faz algum sentido, mas em um buggy, com a metade do peso na dianteira? Os americanos costumam retirar a tal barra de seus buggies, alegando que a suspensão passa a ser independente. Tirei do meu há uns 40 anos e não sinto falta dela. Mas gostaria da tua opinião como um dos jornalistas que mais entende de carros neste país.
Carlos Vaz da Silva
Uma coisa que a maioria das pessoas imagina é que a barra antirrolagem é elemento integral da suspensão: não é, exceto na suspensão McPherson de conceito original, em que a barra é também elemento de localização longitudinal da roda, como no Simca Chambord e nos Fiat 147 e Uno até 1989.
A função precípua da barra antirrolagem é o que seu nome diz, controlar ou reduzir a rolagem do veículo nas curvas. Apenas isso. Mas ao fazê-lo ocorre mudança de comportamento do cerro nas curvas. Por exemplo, um eixo que não tem barra, ao se adicionar uma a rolagem diminui, mas aquele eixo passa a desgarrar mais do que antes e dependendo da intensidade do desgarre, equilibra o carro. O eixo desgarra mais porque a transferência de peso para a roda externa nas curvas aumenta com a barra.
Foi por isso que o Fusca, nascido sem a barra, recebeu uma em 1960. Passou a sair menos de traseira, uma vez que a dianteira passou a sair mais.
No seu buggy, a barra é aconselhável só no caso de você achar que ele tem tendência a escapar de traseira. Caso não, ela é totalmente dispensável.
Quando eu corria de Opala eu retirava a barra antirrolagem traseira. Além de o carro ficar mais neutro (apesar de rolar mais), a menor transferência de peso para a roda traseira (motriz) externa me resultava em maior aderência na roda interna, evitando quase completamente perda de tração, o que me permitia acelerar antes.
O motivo de os americanos retirarem a barra é para aumentar o curso da suspensão — a barra sempre o limita um pouco — o que é melhor no off-road. Mas mesmo com a barra no lugar a suspensão é independente. Bobagem pura, dizer que sem a barra “a suspensão passa a ser independente.
Veículos off-road sofisticados, como os Land Rover, têm sistema de desacoplar a barra para trafegar em terreno acidentado justamente para garantia de contato das rodas com o solo.
Note que a barra compensadora na suspensão traseira do Fusca, com as pontas cada uma virada para um lado, tem função inversa à da barra antirrolagem. Ela existe exatamente para fazer o carro rolar mais e, com isso, a roda interna aumentar a pressão sobre o solo e, desse modo, diminuir a tendência a sair de traseira.
No Correio Técnico da Revista CARRO, você pode esclarecer suas dúvidas sobre o funcionamento do veículo, legislação, equipamentos e por aí vai, respondidas por nosso consultor técnico, Bob Sharp. Envie suas dúvidas para bob@revistacarro.com.br informando nome completo e cidade/estado de residência.
Obrigado pela resposta e pelos esclarecimentos. Mas criastes um problema: quero manter a dianteira sem a barra, mas fiquei com vontade de colocar na suspensão traseira!
Como sempre, preciso e direto!