Inédita versão FreeStyle substitui a aventureira Trail e inaugura mudanças na mecânica e no visual do Ford Ka
A Ford decidiu fatiar o lançamento da linha 2019 do Ka, atual best-seller da marca no Brasil. A inédita versão FreeStyle, de proposta aventureira, é responsável por estrear as novidades visuais e na mecânica do hatch compacto. A chegada às lojas está prevista para meados de julho, com lançamento das configurações convencionais em seguida.
O FreeStyle substitui a antiga versão aventureira Trail. Na dianteira, o para-choque ganhou desenho inédito, com nichos dos faróis de neblina em forma de C. A grade é do tipo colmeia e traz pintura na cor cinza, além de passar a ostentar o logotipo da Ford no centro.
Na lateral, ele mantém os apliques em plástico ao redor das caixas de roda e ganha pintura na capa dos retrovisores na mesma cor da grade. Além disso, diferentemente do antecessor, os racks agora são funcionais e suportam até 50 kg de carga. As rodas, de 15 polegadas, têm novo desenho e pneus de asfalto, enquanto o Trail vinha de fábrica com tipo misto.
O para-choque traseiro traz recortes que conversam com a frente. Apesar de não parecer, as lanternas foram redesenhadas, com foco na diminuição do arrasto aerodinâmico na parte de trás do carro.
Do lado de dentro, a grande estrela é a central multimídia Sync 3, com tela sensível ao toque de seis polegadas e meia. Ela tem comandos bastante intuitivos e compatibilidade com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto, mas não traz GPS integrado. As duas entradas USB no console têm 2,5 ampères cada, o que permite carregamento mais rápido do celular.
O restante da cabine manteve o visual já conhecido da atual geração do Ka, mas ganhou novas aplicações de cores. A superfície do painel e a parte central do console são em plástico injetado marrom, enquanto o revestimento do teto e das colunas vêm na cor preta. O quadro de instrumentos é exatamente a mesma peça do Ka atual, assim como o volante, que não possui revestimento em couro. A cabine destaca-se pelo bom espaço interno e quantidade de porta-objetos.
Outras exclusividades do FreeStyle são os bancos que mesclam tecido e couro, as soleiras nas portas e os tapetes de borracha na cabine e portamalas (de 257 litros de capacidade). Encontrar a melhor posição de dirigir fi cou mais fácil com a regulagem de altura do banco do motorista, que passa a vir de série em toda a linha Ka. O ajuste elétrico dos retrovisores é outro item inexistente no Trail que passa a equipar o FreeStyle.
Transplante de coração
Debaixo do capô, o Freestyle traz agora o mesmo 1.5 três-cilindros flex do EcoSport. Produzido em Taubaté (SP), o motor gera 136 cv no Ka (1 cv a menos que no SUV) a 6.500 rpm e 16,1 kgfm a 4.750 rpm (mesmo torque, mas com entrega 250 rpm depois).
O compacto também recebe o mesmo câmbio automático de seis marchas do modelo maior. Ele é do tipo convencional, com conversor de torque, e traz opção de trocas manuais por meio de uma tecla no pomo da alavanca. No hatch, entretanto, as relações foram alongadas em relação ao SUV.
Além do câmbio de seis marchas, o Ka FreeStyle estreia uma nova caixa manual de cinco marchas, feita em Taubaté, cerca de 9 kg mais leve que a anterior e na qual até a ré é sincronizada.
Na pista de testes, a versão automática do Ka acelerou de 0 a 100 km/h em 12s – o EcoSport FreeStyle com o mesmo conjunto mecânico foi 0s3 mais rápido na mesma prova. Já nos ensaios de retomada de 60 a 120 km/h e 80 a 120 km/h, o hatch compacto saiu-se ligeiramente melhor (13s2 e 9s1 ante 13s2 e 9s4, respectivamente).
A suspensão continua do tipo McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira e está um pouco mais baixa na comparação com o Trail. São 188 mm de vão livre do solo, ante 200 mm do antigo aventureiro. Os amortecedores, buchas e molas foram recalibrados. A bitola traseira cresceu 30 mm, assim como o diâmetro da barra estabilizadora dianteira.
Como nosso contato ficou restrito à pista, o teste de consumo foi feito em ciclos pré-definidos para cidade e rodovia. Neles, a média foi de razoáveis 6,8 km/l e 10,5 km/l, na ordem, com etanol. Depois do desempenho ruim do Ka nos testes
de colisão do Latin NCAP (onde obteve zero de cinco estrelas possíveis), a Ford ressalta que promoveu reforços estruturais na carroceria do compacto, com aplicação de aços mais nobres nos pilares laterais, assoalho e teto.
Conclusão
Por Gustavo de Sá
O antigo Ka Trail respondia por menos de 5% das vendas da gama Ka, de acordo com dados da consultoria Jato Dynamics. E a chegada do FreeStyle não deverá mudar muito esse cenário. Por isso, as modifi cações que estrearam no
aventureiro deverão ajudar a conquistar mais consumidores quando forem estendidas às versões convencionais, especialmente pela adição de dois itens muito valorizados pelo mercado: central multimídia com tela tátil e câmbio automático. O reforço no pacote de segurança do Ka também é bem-vindo, desde que seja mantido após o lançamento.
*Texto publicado originalmente na edição 296 (Junho/2018) da Revista CARRO
> Confira a tabela completa com os números do teste em pista: