Matéria especial Truques veículos PCD

Fabricantes adotam de rodas de ferro a limite de opção de cores para manter modelos na faixa de preço que permite isenção total

 

 

O mercado de vendas diretas disparou nos últimos anos, puxado especialmente pela alta na procura por versões específicas para o público PCD (Pessoas com Deficiência). Estes consumidores possuem direito a isenções fiscais na compra de veículos zero-quilômetro, desde que observados alguns critérios – veja aqui quem pode requerer o benefício.

Para isenção total de IPI e ICMS, o veículo deve ter valor de tabela de até R$ 70 mil. Acima disso, não há abatimento do ICMS. É justamente para se enquadrar neste limite que diversas fabricantes acabam recorrendo à tática de simplificar ao máximo a lista de itens de série e acabamento de alguns modelos. Essa prática atinge especialmente os SUVs compactos, que costumam ter preço básico acima dessa faixa nas versões regulares.

Entre os “truques” usados pelas fabricantes estão a adoção de rodas de ferro, retirada do equipamento de som/multimídia e até a limitação de cor da carroceria a uma única opção. Além de reduzir o custo de produção do modelo, a remoção de equipamentos desejados pelos consumidores acaba estimulando a venda de acessórios originais nas concessionárias.

Veja abaixo cinco exemplos comuns de redução de custos nos veículos PCD:

1 – Remoção do tampão do porta-malas

Item relativamente simples e barato, o tampão do porta-malas (também conhecido como bagagito) virou item prioritário na lista de redução de custo das fabricantes para os modelos PCD. Carros como Hyundai Creta Attitude, Volkswagen T-Cross Sense, Renault Captur Life e Nissan Kicks não trazem a peça, que custa, em média, entre R$ 150 e R$ 200 no mercado independente.

VW T-Cross Sense PCD

Este é o ângulo mais fácil de identificar um VW T-Cross Sense, que não traz tampão traseiro

2 – Adoção de rodas (bem) mais simples

A mudança no desenho e tamanho de rodas é uma alteração importante e comum entre versões regulares. Para as configurações PCD, entretanto, a regra é simplificar ao máximo, adotando soluções inexistentes (até então) na gama convencional dos modelos. No Renault Captur Life, por exemplo, a marca trocou as rodas de 17 (única medida disponível nas outras versões) por um conjunto de 16 polegadas. E mais: as rodas são exatamente as mesmas da primeira geração do Duster, já descontinuada. No caso do Peugeot 2008 Allure e do Ford EcoSport SE Direct, as marcas optaram por rodas de aço de 15 polegadas com calotas. Já nos Honda Fit e City Personal, a redução de custos chegou ao extremo: ambos vêm com rodas de aço pretas, sem calotas.

Roda de ferro Honda City Personal PCD

Honda City e Fit Personal deixam de lado as calotas e “assumem” as rodas de ferro

3 – Ausência de câmeras e sensores de estacionamento

Além de aumentar a comodidade, os sensores de estacionamento e câmera de ré podem ser considerados itens de segurança, já que permitem melhor monitoramento do entorno do veículo na hora de manobrar. Mesmo sendo bons aliados de pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida ao volante, estes itens foram suprimidos da lista de série de modelos como VW T-Cross Sense, Nissan Kicks e Hyundai Creta, entre outros.

Traseira Nissan Kicks s Direct PCD

Nissan Kicks possui sensores de ré e até câmeras 360°, mas não no acabamento S Direct

4 – Retirada de rádio/central multimídia

Não é segredo para ninguém que as centrais multimídia são objeto de desejo para compradores de carros zero-quilômetro, que buscam cada vez mais conectividade quando estão ao volante. Porém, conectividade não é argumento de venda para algumas versões PCD, que vêm sem central multimídia e nem mesmo um simples sistema de áudio/rádio com bluetooth. É o caso de Renault Captur Life, Hyundai Creta Attitude e os Honda Fit e City Personal.

Interior Honda City Personal PCD

Honda City Personal até traz comandos de som no volante, mas… Cadê a multimídia?

5 – Oferta de cores reduzida

Outro “truque” para simplificar os modelos PCD é a redução na oferta de cores para a carroceria, com foco nas opções mais vendidas. Isso barateia o custo de produção e também evita o custo de estoque prolongado de carros com cores sem demanda. A estratégia é adotada pela Volkswagen com o T-Cross Sense, disponível somente nos tons preto, branco e prata. No Captur Life, a medida é ainda mais extrema: a cor branca é a única disponível (ante 8 tons nos demais acabamentos), com opção de teto na cor preta por valor extra. Por outro lado, muitas vezes as cores metálicas não são cobradas à parte pelas fabricantes, pois isso poderia fazer o valor de tabela ultrapassar o “teto” de R$ 70 mil.

Renault Captur Life PCD

Cor branca é a única disponível para o Renault Captur PCD; nas demais versões, há 8 opções

Fotos: Divulgação

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