O 29º Salão do Automóvel de São Paulo, que abre para a imprensa nesta terça-feira (8) e ao público em geral na quinta (10), acontece sob a sombra de um aparente paradoxo: o Brasil nunca fabricou (ou importou) carros tão bons quanto os atuais, mas também nunca vendeu tão pouco nos últimos dez anos.
Se o evento de 2014 foi apelidado de “Salão da Crise”, o que começa esta semana é o segundo capítulo do mesmo drama, com personagens tentando levar a história para um final feliz (por ora, imaginável apenas no futuro).
Dois anos atrás, no entanto, o que se chamava de “crise” era a retração das vendas totais de carros e utilitários novos ao nível do salão retrasado: em 2014, o total de emplacamentos foi de 3.328.707 unidades, praticamente o mesmo número de 2010 (3.328.864). Neste 2016, o que se lamenta é a queda das vendas a um nível próximo ao do salão de uma década atrás: em 2006 foram vendidos 1.832.471 de carros e utilitários novos no Brasil; este ano, até o final de outubro, foram 1.613.818. Todos os números são da Fenabrave/Renavam.
Um outro paradoxo é que boa parte das montadoras, velada ou abertamente, apoiou o impeachment e aposta no governo de Michel Temer e Henrique Meirelles (ministro da Fazenda) para reverter a crise — embora seus anos de glória (quantitava e qualitativa) tenham sido, todos, sob os governos do Partido dos Trabalhadores. Entre erros e acertos, as gestões de Lula e (principalmente) Dilma Rousseff legaram ao Brasil carros melhores e um parque industrial infinitamente mais moderno; o outro lado da moeda é que o produto final ficou assustadoramente caro.
NOVO ENDEREÇO
A organização do Salão do Automóvel de São Paulo espera cerca de 750 mil visitantes nos dez dias de evento, mais ou menos o mesmo público de 2014. Praticamente todas as marcas vendidas no Brasil estarão lá, menos a sueca Volvo e a chinesa JAC.
Veja como chegar:
Uma boa notícia é a mudança de endereço: depois de décadas no Anhembi, pavilhão tradicional mas ultrapassado e abafado, será realizado no São Paulo Expo, no início da rodovia dos Imigrantes (zona sul), um espaço maior (são 90 mil m², ante 74,5 mil m² do Anhembi), climatizado e com estacionamento abundante (cerca de 15 mil vagas, 4.500 delas cobertas e com acesso direto à mostra). É outro paradoxo: em meio à maior crise recente no setor automotivo, sua principal vitrine recebeu um upgrade.
A equipe da Motorpress vai contar tudo do salão: haverá transmissões ao vivo no Facebook e fotos no Instagram; reportagens mais aprofundadas, vídeos e galerias em seus sites (você pode ver aqui ou aqui) e alertas pelo Twitter. Além disso, o catálogo oficial do evento tem a assinatura da editora e estará à venda (R$ 15) no estande da Motorpress (próximo aos de Porsche e BMW). Ao comprá-lo, o leitor ganha o direito de utilizar um simulador de F1 da AC Design e fazer fotos ao lado das modelos e de carros de corrida que estarão no local.
O catálogo também será oferecido como aplicativo, com download liberado e gratuito nas lojas Apple Store e Google Play a partir das 12h de quarta-feira (9).
AS ESTREIAS
Talvez o principal début deste salão seja o mundialmente inédito Honda WR-V. Ainda que tenha de dividir os holofotes com a décima geração do Civic no estande da marca japonesa, a novidade é tratada como um SUV que se posicionará abaixo do HR-V para competir com Renault Duster e Ford EcoSport, com preço entre R$ 79 mil e R$ 85 mil. O trem-de-força é o mesmo do Fiat (motor 1.5 de 116 cv e câmbio CVT), mas a Honda insiste que não se trata de mera versão esportivada do monovolume — este, nem os jornalistas especializados já viram.
O Toyota C-HR ainda não foi lançado comercialmente em nenhum país do mundo, mas deve chamar muita atenção em sua primeira exibição no Brasil (ele já apareceu no Salão de Genebra). Será mais uma opção no segmento dos SUVs compactos, além de mais uma sigla para ser decorada…
A General Motors mostra a nova geração do Chevrolet Cruze hatch (denominada Sport6), antes mesmo de ela começar a ser vendida nos Estados Unidos (ao Brasil, chega em 2017, vindo da Argentina). O motor é o mesmo 1.4 turbo do sedã.
O Renault Kwid integra um pacotão de novidades da marca francesa, que inclui o Captur (em versão nacionalizada, com plataforma diferente do carro europeu) e o Koleos (importado). Segundo a Renault, todos eles são SUVs, embora o Kwid tenha a missão de substituir o Clio, um hatch de entrada, e meça apenas 3,68 metros. Ele será fabricado em São José dos Pinhais, no Paraná.
Além da tradicional visita do superesportivo GT-R (já com visual renovado), a Nissan apresenta a nova geração da picape Frontier, a ser importada inicialmente do México e depois fabricada na Argentina — compartilhando plataforma com a Renault Alaskan e a Mercedes-Benz Classe X.
A Hyundai Caoa vai lançar a nova geração do Tucson, a ser montada no Brasil, em Anápolis (GO). Com isso, passa a oferecer uma gama de SUVs composta por três modelos que, no exterior, são desdobramentos de um só: o Tucson “antigo”, o ix35 renovado (que aposentou o primeiro Tucson em outros mercados) e o New Tucson (turbo e somente a gasolina), que substituiu o ix35. Já a Hyundai Motor Brasil, que responde pelos carros fabricados em Piracicaba (SP), lança o SUV compacto Creta, cuja base é emprestada do Elantra. Deve ser a outra atração bombástica do evento.
Ainda sobre os sul-coreanos, a Kia vai mostra a nova geração do Rio. A marca anunciou em 2014 que venderia o carro no Brasil, importado do México — mas isso só deve acontecer mesmo em 2017.
CARROS DOS SONHOS
Além do já citado Nissan GT-R, a lista das “paradas obrigatórias” dos visitantes no salão inclui o estande da Ford, com o novo superesportivo GT; da Land Rover, que mostrará o Range Rover Evoque Cabrio; e da Porsche, com o novíssimo Panamera, que passou por renovação no design e é produzido sobre nova arquitetura.
A Audi, entre outras atrações, exibe o R8 V10 Plus, representante da nova geração do modelo inspirado nos bólidos de Le Mans. A Fiat vai mostrar o 124 Spider, charmosa variação italiana do roadster Mazda Miata (não é um carro de performance, mas também é onírico). E a importadora de luxo Via Itália promete mostrar o primeiro SUV da Maserati, o Levante.
Redação da Motorpress debate o salão:
SERVIÇO COMPLETO
29º Salão Internacional do Automóvel de São Paulo
Data: 10 a 20 de novembro
Horário: 10/11, das 14h às 22h (entrada até 21h); De 11/11 a 19/11, das 13h às 22h (entrada até 21h); 20/11, das 11h às 19h (entrada até 18h)
Local: São Paulo Expo
Endereço: Rodovia dos Imigrantes, km 1,5, Água Funda, São Paulo (SP)
Preço (sem taxa de conveniência): R$ 40 (primeiro dia); R$ 70 (dias úteis e último domingo); R$ 95 (finais de semana, feriado e emenda de feriado). Estudantes e idosos pagam meia-entrada. Criaças com até cinco anos de idade não pagam.
Onde comprar: www.salaodoautomovel.com.br
Estacionamento: R$ 40, no local, período de 12h; ou R$ 30, na avenida Miguel Estéfano, 2.659, com transfer gratuito. Número total de vagas: 15 mil (preço para carros de passeio)
Metrô mais próximo: Jabaquara, Linha 1-Azul do Metrô. Distância do pavilhão: 800 metros. Haverá traslado gratuito para o pavilhão
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Participam da cobertura: Caio Bednarski, Claudio de Souza Florencio, Hector Vieira, Hugo Porfírio, Leonardo Barboza, Renan Senra, Rodrigo Ribeiro, Wilson Toume e Foggy (vídeos)