Em 2014, o mercado brasileiro acumulou mais de 3 milhões de automóveis comercializados e se manteve como um dos cinco maiores (e mais importantes) do planeta. Não é de se estranhar, portanto, que fabricantes e importadoras sigam investindo no país e preparem diversas novidades para desembarcar no em nosso país este ano.
Uma das mais aguardadas, como pôde ser visto no Salão do Automóvel, é o Jeep Renegade, que vai inaugurar a fábrica do grupo FCA Fiat Chrysler em Goiana, PE. Mas, antes de lançar o seu primeiro SUV compacto feito no país, a empresa terá de investir em uma rede sólida de concessionárias, a fim de garantir a distribuição e, principalmente, o atendimento pós-venda do Renegade. Ou seja, terá de correr contra o tempo.
E, mesmo com a retração do mercado registrada em 2014, o segmento de SUVs (compactos e médios) deverá seguir crescendo, e contará com novidades para todos os gostos — e bolsos —, e, melhor ainda, não será o único.
Modelos interessantes também estrearão entre os sedãs, como a dupla que ilustra estas páginas. Seguindo os passos do rival Mercedes Classe C, Audi A4 e BMW Série 3 também ganharão visual renovado este ano, sendo que o segundo deverá chegar ao mercado antes, em julho, após uma reestilização. Já o A4, cuja renovação será mais profunda, provavelmente fará a sua estreia no Salão de Frankfurt em outubro. E ambos têm chances de chegar ao mercado nacional no segundo semestre, até o fim do ano.
Outro modelo que passará por importantes mudanças será o Ford Focus. Tanto hatch quanto sedã passarão a exibir, finalmente, o estilo global da marca, no qual se destaca a bem dimensionada grade dianteira (com clara inspiração nos britânicos Aston Martin).
Na parte interna o carro também ganhará mudanças, mas nada muito impactante. A Ford, aliás, reserva outras atrações para os brasileiros, como a picape Ranger reestilizada, que passará a ostentar o atual padrão estético dos utilitários da marca, e a chegada dos novos Everest (um SUV grande, feito sobre a base da Ranger, com capacidade para até sete ocupantes), que virá para disputar espaço com o Chevrolet Trailblazer e Edge, além do aguardado esportivo Mustang, que finalmente será vendido oficialmente no país nas versões cupê e conversível.
Falando novamente em utilitários — e não há como deixar de citá-los, já que representam o segmento que mais cresce em todo o mundo — outro lançamento muito aguardado será o do VW Tiguan, que deverá surgir em setembro. Mas, antes de se animar, é bom saber que a nova geração do crossover deverá ser ligeiramente maior, preparando terreno para a chegada de um SUV menor e mais simples, baseado no Taigun (cuja versão conceitual foi apresentada pela primeira vez no Salão de São Paulo de 2012).
Outro modelo que promete dar o que falar é o recém-apresentado Mercedes-Benz GLE Coupé (confira a avaliação exclusiva na página 70). Com desenho claramente inspirado no BMW X6, o SUV-cupê da marca da estrela de três pontas promete esportividade aliada à capacidade off-road nunca antes vista em um modelo da marca.
Compactos também terão vez
Embora sejam responsáveis pela maioria dos automóveis vendidos no país, os modelos compactos, com raras exceções, quase sempre passam despercebidos pelo público. Imagine então quando se trata de um modelo de origem chinesa, grupo que não conseguiu, até o momento, reverter a má fama que adquiriu.
Esse será um dos principais obstáculos enfrentados pela Chery, cuja fábrica em Jacareí, SP, passará a fornecer os modelos Celer (hatch e sedã) com visual renovado para a rede de concessionárias, em lugar do modelo vindo da China.
Contrariando a lógica, a tendência é de que o carro nacional seja mais caro que o chinês, devido aos incentivos governamentais no país oriental, além dos encargos menores que a Chery recolhe por lá. Em contrapartida, a nova fabricante instalada no Brasil promete entregar um modelo mais bem adaptado às condições e ao gosto dos consumidores brasileiros. As novas gerações do subcompacto QQ e do seu SUV, o Tiggo 5, serão outros destaques.
Novidades na linha GM
Outra fabricante que promoverá mudanças é a General Motors, cujo Celta finalmente ganhará um sucessor. Mas não se trata de uma geração mais moderna, e sim de um projeto totalmente novo. Com estreia prevista para julho, na Europa, o Opel Karl será a base do “novo Celta”, cujo nome ainda não foi definido. Com estilo moderno e dimensões próximas das do VW up!, o Karl — que será apresentado no próximo Salão de Genebra, em março — utiliza motor 1.0 tricilíndrico. Ou seja, seria a opção perfeita para o mercado nacional, onde rivalizaria com Ford Ka e Fiat Uno, além do já citado VW up!.
O empecilho é o preço. Se no Velho Continente, o Karl deverá custar menos de 10.000 euros, no Brasil um valor equivalente (R$ 30.000) o tornaria inviável. A solução, assim, deverá ser criar um modelo mais simples (e barato) a partir da estrutura do pequeno Opel. Se o resultado ficará bom? Teremos de aguardar para saber. O mais provável é que o modelo seja lançado por aqui apenas em 2016.
Ainda no segmento dos pequenos, outra marca que promete fazer barulho é a Geely. Depois de chamar a atenção com o sedã EC7, a fabricante chinesa (proprietária da Volvo, vale lembrar) pretende ampliar a sua participação no mercado com seus compactos. O GC2, o carro “com cara de panda”, que chamou a atenção no Salão do Automóvel, será vendido por menos de R$ 30.000, oferecendo motor 1.0 de 3 cilindros e um bom pacote de itens de série, como já se tornou comum entre os chineses. Já a versão aventureira do modelo, a GX2, terá motor 1.5 e, obviamente, custará mais caro.
As japonesas se movimentam
Este ano deverá ser crucial para a Toyota. Embora a marca siga liderando o segmento dos sedãs tranquilamente com o Corolla, o desempenho abaixo do esperado da linha Etios ainda incomoda. Um remédio poderia ser o lançamento do Vios, sedã que é construído sobre a base do Etios e é vendido em alguns mercados da região Ásia-Pacífico, como Malásia e Indonésia.
Com linhas bem mais modernas e agradáveis que as do modelo que lhe cede a plataforma, além do porte um pouco maior, o Vios também pode ser um concorrente de peso para o Honda City. Além da estrutura, o Vios compartilhará o conjunto motriz do Etios (motor 1.5 16V e câmbio manual de 5 marchas), mas devidamente ajustado para o seu tamanho e peso.
Ainda no segmento dos sedãs médio-compactos, a Nissan prepara a chegada do New Versa, a nova geração do três-volumes derivado do March. Anteriormente previsto para 2014, o modelo acabou atrasando devido a problemas logísticos, e, assim, só deverá desembarcar por aqui — inicialmente trazido do México — em março.
Já a Honda, após investir pesado na construção da nova fábrica em Itirapina, SP, e em um parque eólico no Rio Grande do Sul para garantir o fornecimento de energia elétrica para a unidade de Sumaré (também no interior paulista), fará sua grande aposta no crossover HR-V. E se depender do sucesso que o modelo fez junto aos visitantes do Salão do Automóvel, a fabricante nipônica terá motivos para comemorar. Sem falar que esse Honda também poderá ser um rival do Jeep Renegade, embora ainda não se saiba se o modelo contará com opção de tração integral. O motor, pelo menos, está definido: será o 1.8 16V usado no Civic, capaz de gerar 140 cv. As opções de câmbio previstas são uma manual, provavelmente de 6 marchas, e uma automática.
Outra marca japonesa que prepara novidades para este ano no Brasil é a Suzuki. Mas não será a nova geração do Grand Vitara, que chegará ao mercado no exterior em abril. A novidade no país será o S-Cross, exibido no Salão do Automóvel e que terá como principal atração um sistema de tração integral denominado All Grip, que, segundo a fabricante, “interpreta” a condição da pista e ajusta a distribuição de potência às rodas de acordo com a necessidade. Tudo automaticamente e em frações de segundos. O grande apelo do modelo, porém, será a utilização urbana.
Familiares também
Um segmento que já viveu dias melhores e pode voltar a brilhar é o dos modelos familiares. A BMW aposta tanto nisso que passará a oferecer por aqui o Série 2 Active Tourer, outro destaque do Salão do Automóvel. Equipado com motor 2.0 turbo de 231 cv e câmbio automático de 8 marchas, o veículo oferece boas dimensões internas e capacidade para cinco ocupantes. Mas, a sua principal novidade não é tecnológica, mas sim, “histórica”, já que se trata do primeiro modelo da marca equipado com tração dianteira. Para a maioria do público isso é apenas um detalhe, mas muitos aficionados pela marca consideram um pecado mortal.
Outro familiar que desembarcará no país será a nova geração do Citroën C4 Picasso (nas versões normal e Grand), lançada na Europa em 2013 e que só agora chegará ao país, equipada com motor 1.6 turbo (THP) e câmbio automático de 6 marchas. A data do lançamento, porém, ainda não está confirmada.
Novidades entre as picapes
Apesar do grande número de SUVs e de crossovers previstos para serem lançados este ano, outra categoria de utilitários também terá novidades, a das picapes. A maior atração deverá ser o modelo desenvolvido pela Renault a partir do Duster. Apresentado pela fabricante no Salão do Automóvel como conceito e batizado de Oroch, o modelo agradou e deverá entrar em produção no decorrer deste ano para ocupar o espaço entre as picapes compactas e as médias. Embora não tenha revelado dados técnicos, por se tratar de um show-car, o mais provável é que a futura picape utilize os mesmos motores da linha Duster, ou seja, 1.6 e 2.0 flex, sendo que a versão topo de linha deverá contar com tração integral.
Entre as picapes médias, além da já citada Ford Ranger, outra que terá seu visual modernizado será a VW Amarok. Ainda não se sabe, porém, se as alterações se limitarão a uma reestilização estética e novos equipamentos ou se contemplarão uma mudança mais profunda. De qualquer forma, o motor turbodiesel 2.0 e os câmbios manual e automático não deverão ser alterados.
Ainda na Volkswagen, além das outras novidades já confirmadas, como o lançamento do Jetta produzido no Brasil e da chegada da sua versão station (Jetta Variant), outro modelo que desembarcará aqui será o Passat, que chegou à oitava geração no mercado europeu.
Para quem ainda não o viu, é bom avisar: mesmo tendo sido completamente renovado, o sedã (um dos modelos mais vendidos da marca na história) não traz qualquer revolução visual ou inovação marcante. Ao menos não sob o ponto de vista estético.
A razão para isso é que a fabricante alemã preferiu apostar na tradição. Sob a carroceria, porém, o novo Passat traz, como principal novidade, a famosa plataforma modular MQB. No Brasil, o modelo deverá contar com o 2.0 TFSI, mas com duas opções de potência: 200 cv ou 280 cv (no topo de linha).
A Kia Motors do Brasil, que ainda tenta ter uma fábrica no Brasil, terá duas novidades este ano: o novo Sorento, que chega bem mais requintado ainda no primeiro semestre e a minivan Carnival, igualmente luxuosa, mas que deve demorar um pouco mais para chegar ao mercado nacional.
A Mercedes-Benz, por sua vez, além do superesportivo AMG GT, deverá lançar a nova geração do citadino smart nas versões fortwo e forfour, que compartilha componentes com o novo Renault Twingo. Como se vê, o ano promete bastante. Bom para as fabricantes e, principalmente, para os consumidores, que terão muitas opções.