Versão eletrificada custa R$ 159,9 mil, tem motor 1.0 turbo sem delay de 130 cv e bons equipamentos, embora falte um ADAS mais refinado
A Peugeot não construiu um histórico favorável no Brasil, em razão de episódios em que consumidores ficaram sem o suporte esperado no passado. Esse cenário começou a mudar em 2019, quando a marca passou a integrar a Stellantis. A partir disso, houve avanços nos veículos da fabricante francesa, com a padronização de plataformas, sistemas e motores alinhados às soluções adotadas por Fiat e Jeep, que já conhecem muito bem o gosto e o mercado brasileiro. Com esse movimento, os principais produtos da montadora passaram por renovação, iniciada pelo Peugeot 208 e estendida ao Peugeot 2008, que recentemente recebeu um sistema híbrido semelhante ao utilizado em Fiat Pulse e Fiat Fastback.
Nesse contexto, o 2008 GT Hybrid, avaliado pela Revista Carro, apresenta uma explicação mais clara sobre o funcionamento da tecnologia eletrificada, melhorando o que a Fiat não fez no Pulse e Fastback, contando com preço promocional, reduzido de R$ 181.990 para R$ 159.990, um desconto de R$ 22 mil.
O SUV compacto é equipado com motor 1.0 turbo de até 130 cv e, devido ao sistema híbrido leve, não apresenta atraso nas acelerações e retomadas. O pacote de equipamentos é amplo, embora o conjunto de assistências à condução não seja tão completo quanto o de alguns concorrentes.
Funcionamento do sistema híbrido leve
O sistema combina o motor 1.0 turbo de três cilindros, com 130 cv e 20,4 kgfm, a um câmbio CVT com simulação de sete marchas. A arquitetura MHEV inclui uma bateria de íons de lítio de 0,8 kWh posicionada sob o banco dianteiro e um motor elétrico de 12 volts acoplado à transmissão. Esse componente assume as funções de alternador e motor de partida, contribuindo para reduzir a demanda do motor a combustão e para a recuperação de energia em frenagens e desacelerações.
A assistência elétrica atua principalmente em partidas e retomadas, auxiliando o funcionamento do start-stop e garantindo o suporte a sistemas como direção elétrica e ar-condicionado em paradas breves. O gerenciamento é automático e não exige intervenção do motorista.
Nos modelos da Peugeot, o quadro de instrumentos informa de forma direta quando o sistema está em regeneração, em apoio ao motor térmico ou sem atuação. A central multimídia exibe o fluxo de energia, permitindo acompanhar o uso da bateria. Em relação aos veículos da Fiat, a leitura das informações é mais clara. A estratégia reflete um ajuste da Stellantis para ampliar a compreensão do funcionamento do sistema híbrido leve.
Uso diário e consumo
Em testes realizados em trechos urbanos e rodoviários ao longo de sete dias, o consumo médio variou entre 8 km/l e 14,4 km/l com etanol, conforme o tipo de uso. No trânsito urbano, o sistema híbrido leve mostrou melhor aproveitamento em arrancadas e em condições de tráfego intenso, com recuperação de energia nas frenagens. Em rodovia, o câmbio CVT manteve o motor em rotações mais baixas, favorecendo a eficiência.
Apesar das informações exibidas no painel sobre o funcionamento do sistema, o desempenho do conjunto mecânico é equivalente ao de Fiat Pulse e Fiat Fastback equipados com o motor T200. A direção elétrica apresenta respostas diretas, enquanto a suspensão, com calibração específica, prioriza o uso urbano sem prejuízo da estabilidade em velocidades mais elevadas.
Equipamentos
A versão GT mantém o padrão visual do Peugeot 2008 nacional. O modelo traz faróis full LED com projetores, grade na cor da carroceria, teto panorâmico e o emblema “Turbo 200 Hybrid” na tampa traseira.
No interior, o i-Cockpit 3D reúne painel digital configurável e volante compacto com comandos integrados. A central multimídia de 10 polegadas oferece espelhamento sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. O sistema MyPeugeot permite acesso remoto a dados como autonomia, consumo e revisões. O funcionamento da multimídia foi aprimorado, assim como a resolução da câmera de ré.
No pacote de segurança, o 2008 GT Hybrid conta com seis airbags, alerta de colisão, frenagem automática de emergência, assistente de farol alto, reconhecimento de placas, alerta e correção de faixa e monitoramento de fadiga. O modelo não dispõe de controle de cruzeiro adaptativo.
Concorrentes e posicionamento
Todas as versões do 2008 utilizam transmissão automática com o motor T200, mas o sistema híbrido leve é exclusivo da versão GT Hybrid. O preço oficial é de R$ 181.990, com ofertas promocionais que podem reduzir o valor para R$ 159.990, o que representa um desconto de R$ 22 mil.
Produzido na Argentina, o 2008 GT Hybrid disputa espaço no segmento de SUVs compactos, enfrentando Nissan Kicks, Chevrolet Tracker, Hyundai Creta e Volkswagen T-Cross nas versões mais equipadas, além dos chineses BYD Song Pro, que sai por R$ 189,9 mil, e GWM Haval H6 One, que custa R$ 199 mil. Porém, os veículos vindos da China tem outro tipo de tecnologia híbrida, oferecendo autonomia para rodar mais longe, e se o Peugeot não tiver em promoção vale a pena os modelos da BYD e GWM, que também são mais equipados e potentes.
Em relação aos outros modelos produzidos no Brasil, o principal diferencial é a adoção do sistema híbrido leve, voltado a consumidores que buscam eletrificação com menor custo de entrada. Por outro lado, a tecnologia MHEV oferece ganhos mais limitados de economia quando comparada a híbridos convencionais e plug-in, presente nos modelos chineses. Nesse cenário, a Stellantis se beneficia do fato de soluções mais avançadas estarem concentradas em veículos premium ou de origem chinesa, segmento que ainda enfrenta resistência de parte do mercado, apesar do crescimento nas vendas no Brasil.








