1030 cv em jogo: AMG GT S enfrenta 911 Turbo

Ventosa do GPS de medição colocado na parte interna do para-brisa, antena instalada no teto do veículo — felizmente, ele é de aço no 911 Turbo e permite fixar o equipamento com ímãs, já que as portas, para-lamas e capô são de alumínio — e estamos prontos para iniciar o teste. Com 1.596 kg, o Porsche é 33 kg mais leve que o seu rival e, como se não bastasse, ainda possui motor com mais potência e torque (520 cv e 72,4 mkgf, contra 510 cv e 66,3 mkgf) que o do concorrente. 

Mas calma lá! Não vá imaginar que, por conta desses números, o duelo mais aguardado do ano já esteja resolvido. Afinal, o Mercedes-AMG não vai entregar os pontos tão facilmente. É o que deixa claro o inebriante ronco oriundo da dupla saída de escapamento, lembrando que se trata de um moderníssimo V8 biturbo de 4,0 litros, contra o veterano (mas ainda imponente) 3.8 de seis cilindros horizontais contrapostos do 911. É preciso respeitar os mais velhos, lembre-se! O AMG GT aposta também na nova geração do câmbio de sete marchas com dupla embreagem para garantir o melhor desempenho na pista de testes.

A primeira avaliação na longa reta de 2.400 m de extensão é a de aceleração, e o resultado impressiona positivamente. Os oito cilindros respondem de forma imediata à pressão no acelerador e parecem chegar ao êxtase nas 7.000 rpm. O visor digital do equipamento de medição, então, exibe belos números. São 3s6 para acelerar de 0 a 100 km/h e 11s5 para atingir 200 km/h! Marcas respeitáveis, sem dúvida.  

E o Porsche? Bem, embora o estilo do 911 seja praticamente o mesmo há tempos, ninguém pode dizer que o carro é discreto, mesmo na cor prata, como a unidade avaliada. O motor boxer com dois turbos de geometria variável produz um som abafado, mas que impressiona durante as arrancadas — nas quais o modelo ainda conta com o auxílio do controle de largada. É verdade que os dois turbos precisam de um pouco mais de tempo para proporcionar o melhor desempenho ao 911 em relação ao AMG GT, mas isso não chega a prejudicar o seu comportamento.

Prova disso é que o Porsche precisou de apenas 3s1 para acelerar de 0 a 100 km/h e de 10s9 para atingir 200 km/h. Ou seja, um triunfo incontestável do 911, que, assim como o Mercedes, conta com câmbio robotizado de dupla embreagem e sete marchas, sendo que a última se destina a economizar combustível, embora os dois contem com desacoplamento da embreagem ao trafegar em velocidade constante.

O Porsche ainda se mostrou mais eficiente que o AMG, registrando 10,3 km/l de consumo médio, contra 9,4 km/l do rival. Nas provas dinâmicas (e no teste do slalom, principalmente), o Mercedes deu o troco, mostrando-se mais equilibrado.

PRAZER A BORDO DOS GT
Falando em equilíbrio, neste aspecto os dois cupês alemães se destacam. Com comprimento ligeiramente maior, o Mercedes passa a impressão de ser mais difícil de ser controlado, mas isso não se confirma na prática. Quer dizer, o motorista precisa abusar bastante até que o sobre-esterço apareça. E vale lembrar: é bonito ver um carro “saindo de traseira” e o motorista o controlando, girando a direção no sentido contrário. Mas, além de significar perda de tempo (no caso de corridas), a manobra é muito arriscada e pode resultar em acidentes graves. 

Não é à toa que o Porsche, com seu comportamento absolutamente neutro, graças à tração integral e às rodas traseiras esterçantes, brilha, principalmente nas curvas contornadas em maior velocidade. O aspecto negativo é o conforto — como em todo esportivo de verdade, vale lembrar —, principalmente ao se trafegar sobre pisos irregulares. 

No fim, o 911 Turbo mostrou-se mais agradável de ser conduzido, além de exibir desempenho ligeiramente superior. O AMG GT S, em compensação, é um pouco mais amigável no uso urbano. O problema do primeiro é que, por tudo que oferece, ele custa 30 798 euros a mais que o rival. É uma diferença muito alta, ainda mais levando-se em conta que a distância que separa os dois modelos não é tão grande e que, em termos de qualidade percebida, o modelo da estrela de três pontas impressiona mais do que o da égua empinada.

No somatório, a vitória ficou com o Mercedes, mas por uma diferença muito apertada. Porém, se o aspecto financeiro for levado em conta, a vantagem se torna bem maior.