SUV quer roubar vendas de Jeep Compass e Kia Sportage; dirigibilidade e qualidade de construção surpreendem
Se a primeira impressão é a que fica, o CAOA Chery Tiggo 7 dá a pinta de ser o modelo que vai acabar com o preconceito contra carros chineses em nosso mercado. Desenvolvido com participação decisiva da engenharia brasileira, é o terceiro SUV lançado pela parceria em menos de 12 meses. Montado em Anápolis (GO) na mesma linha de produção do Hyundai New Tucson e do quase-aposentado IX35, chega às concessionárias em duas versões, T (R$ 106.990) e TXS (R$ 116.990). Seu alvo é bem claro: a fatia de mercado aberta pelo Jeep Compass para os SUVs médios de maior custo-benefício.
Com 4,50 metros de comprimento, 1,83 m de largura e 1,67 de altura, o Tiggo 7 é ligeiramente maior que o Compass. Posto lado a lado com outros SUVs de porte semelhante, o modelo da CAOA Chery revela que tem personalidade em seu desenho externo, com linhas que valorizam a impressão de tamanho. Só há um pormenor no para-choque traseiro recuado, que deixa a extremidade inferior da tampa do porta-malas exposta a possíveis danos em colisões traseiras na região da placa.
Internamente, o visual é simples e funcional, mas de cara fica evidente a evolução da qualidade de construção dos veículos Chery com a parceria da CAOA. A montagem das peças e os materiais utilizados no Tiggo 7 colocam seu habitáculo no mesmo nível de qualidade dos outros dois veículos da marca Hyundai com os quais divide a linha de montagem goiana.
Desenvolvimento brasileiro
A calibração do trem de força foi feita em solo brasileiro para adequar as respostas de aceleração ao comportamento esperado pelo consumidor local. “O chinês tem uma forma completamente diferente de dirigir do nosso. Ele sai da inércia muito devagar. Além disso, as estradas lá são muito planas. Por isso, deixamos o carro com respostas mais rápidas”, afirma o executivo.
Os freios estavam entre os pontos de maior atenção no desenvolvimento do SUV. O diretor de engenharia explica que alterações foram feitas para deixar a frenagem mais firme e responsiva. Os pneus Pirelli Scorpion Verde (225/65R17 na versão T e 225/60R18 na TXS) são locais e foram testados com a Bosch em conjunto com os auxílios eletrônicos, como o ABS e os controles de estabilidade e tração.
Na transmissão, a CAOA Chery optou no Tiggo 7 por um câmbio de dupla embreagem da Getrag desenvolvido na Alemanha e fabricado na China. Antes que você possa se lembrar do malfadado Ford Powershift, Leonardo Lukacs explica que se trata de uma geração mais avançada dessa tecnologia, com uma calibração diferente na unidade de gerenciamento da transmissão. “Trouxemos engenheiros da Getrag alemã e da Getrag chinesa para ajudar na calibração para o Brasil”, conta Leandro. “A escolha pelo câmbio de dupla embreagem foi pela performance e pela tecnologia. Houve um debate interno há uns dois anos sobre se usaríamos cambio CVT ou dupla embreagem. Por ser um carro maior, queríamos um câmbio mais forte, com uma pegada mais voltada para o nosso mercado. Queríamos oferecer o melhor que a gente podia”, afirma o executivo.
Primeiro contato
No test-drive de 200 km oferecido pela fabricante no CAOA Chery Tiggo 7 TXS, em praticamente todos os aspectos, o novo modelo sino-goiano não deixou a desejar em quase nada se comparado ao que é oferecido no mercado de SUVs nessa faixa de preço, seja no acabamento, espaço interno, desempenho, dirigibilidade e conforto de rodagem.
O isolamento acústico é uma grata surpresa: em velocidade de cruzeiro, há pouco ruído do motor e de rolagem dos pneus. O motor 1.5 turbo trabalha tranquilo em velocidades de cruzeiro (2.500 rpm a 120 km/h) e desenvolve bem nas faixas mais baixas de rotação, mostrando o bom trabalho da adequação de desempenho ao gosto brasileiro. Há dois modos de condução, “Eco” e “Sport” (sem trocadilhos), acionados por botão no painel e que alteram o comportamento do trem de força para privilegiar economia ou performance.
Não foi possível medir os números de desempenho, frenagem e consumo de combustível. Mas em relação ao último item, segundo os dados do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular do Inmetro, o Tiggo 7 tem pequena vantagem ao Compass 2.0 flex. Para o modelo da CAOA Chery, os números apontam consumo em regime urbano de 6,6/9,7 km/l (etanol/gasolina) e de 7,6/10,9 km/l em percurso rodoviário. Já o Jeep consome 6,1/8,8 km/l na cidade e 7,5/10,8 km/l na estrada.
Mas o melhor do Tiggo 7 testado foi a suspensão, que curiosamente se manteve inalterada em relação ao modelo vendido na China, sem modificações seja em altura do solo ou na carga de molas e amortecedores. Considerando que se trata de um SUV, a carroceria não rola excessivamente e o equilíbrio entre estabilidade nas curvas e conforto de rodagem impressiona. Ajuda bastante para esse resultado o fato da suspensão traseira ser independente, do tipo multibraço four-link. As imperfeições do solo só não são ainda mais filtradas por causa dos pneus de perfil baixo (225/60R18).
Durante o jantar de lançamento do modelo em São Paulo (SP), o CEO da CAOA, Marcio Alfonso, revelou expectativas bastante realistas quanto aos resultados das vendas da marca: a previsão para 2019 é emplacar 38 mil veículos, somados os cinco modelos hoje à venda e mais dois lançamentos previstos (o SUV Tiggo 8, de sete lugares, é o próximo a chegar). Alfonso disse ainda que o objetivo não é competir em volume de produção com outras fabricantes de automóveis estabelecidas no país, até porque não tem capacidade instalada para tal, mas sim oferecer produtos competitivos, de qualidade e com valor agregado. Apesar de ter sido um primeiro e breve contato, o Tiggo 7 parece atender a todos esses requisitos e pronto para alçar voos mais altos.
:: Ficha Técnica – CAOA Chery Tiggo 7 ::
MOTOR
Tipo: 1.5L VVT Turbo iFlex
Número de cilindros: 4 em linha
Cabeçote: Em Alumínio
Nº de válvulas: 16
Potência máxima – cv/RPM: 150 Etanol / 147 Gasolina @ 5,500 rpm
Torque máximo – kgfm/RPM: 21,4 (Etanol / Gasolina) @ 4,000 rpm
Taxa de compressão: 9,5 : 1
Injeção Eletrônica: MPI (Mult Point Injection)
Tipo de ignição: Eletrônica digital mapeada incorporada ao sistema de injeção
Combustível: Etanol / Gasolina
SISTEMA DE TRANSMISSÃO
Tipo: dupla embreagem (DCT) 6 marchas
Relações de transmissão
1ª – 4,214
2ª – 2,238
3ª – 1,302
4ª – 1,021
5ª – 0,907
6ª – 0,702
Ré – 3,487
Relação final
1. 4,158 (1/2/5/6)
2. 4,647 (3/4/R)
Tração: Dianteira
PESOS E CAPACIDADES
Tanque de combustível: 57 Litros
Porta malas (SAE/VDA): 414 / 1100 litros
Número de Ocupantes: 5 Passageiros
DIMENSÕES
Comprimento do veículo: 4.505 mm
Largura do veículo: 1.837 mm
Altura do veículo (vazio): 1.670 mm
Altura do solo: 160 mm
Distância entre-eixos: 2.670 mm
Bitola dianteira: 1.550 mm
Bitola Traseira : 1.550 mm
Balanço dianteiro: 888 mm
Balanço traseiro: 912 mm
SISTEMA DE DIREÇÃO
Direção: Assistência elétrica progressiva
SUSPENSÃO
Dianteira: McPherson independente com molas helicoidais, amortecedores telescópicos pressurizados e barra estabilizadora
Traseira: Multi-link independente com molas helicoidais, amortecedores telescópicos pressurizados e barra estabilizadora
SISTEMA DE FREIOS
Tipo: Sistema de Freio Antitravamento (ABS) com Distribuição Eletrônica da Força (EBD)
Dianteiro: Discos ventilados
Traseiro: Discos sólidos
RODAS e PNEUS VERSÃO T
Rodas: Liga leve (alumínio) 17 x 6,5J
Pneus: 225/65R17
RODAS e PNEUS VERSÃO TXS
Rodas: Liga leve (alumínio) 18 x 7,5J
Pneus: 225/60R18