Avaliação: Novo Audi Q3 herda do passado somente motor e o nome

Importada da Hungria, segunda geração do utilitário esportivo
está maior e mais refinada

 

O investimento maciço em SUVs é estratégia-chave não só para os fabricantes chamados “generalistas”, mas também para o segmento premium. Não por acaso, os utilitários esportivos estão entre os principais lançamentos da Audi para este ano. O primeiro a puxar a fila é a nova geração do Q3, que chega às concessionárias este mês – na sequência virão o elétrico e-tron (maio) e o Q7 reestilizado (segundo semestre).

Lançada mundialmente em 2011, a primeira geração do Q3 carecia de uma renovação completa. Agora importado da Hungria, o SUV deixa para trás a plataforma PQ35 (a mesma do Golf de quinta e sexta gerações) para adotar a matriz MQB do Grupo Volkswagen. Com isso, o novo Q3 está 97 mm mais comprido (4.484 mm ao todo), 25 mm mais largo (1.849 mm) e 77 mm maior na distância entre eixos (2.680 mm) – a altura foi reduzida em desprezíveis 2 mm (1.585 mm).

O ganho em dimensões traduz-se em maior espaço interno para ocupantes e bagagens – no porta-malas, a capacidade cresceu 70 litros, chegando a bons 530 l. E ele pode ficar maior com a ajuda dos bancos traseiros corrediços, que vêm de série em todas as versões. O lado negativo do porte maior é que o Q3 ficou 175 kg mais pesado – passou de 1.405 kg para 1.580 kg (em ordem de marcha).

Mesmo com a massa extra, o novo Q3 manteve o mesmo conjunto mecânico do modelo anterior, formado pelo motor 1.4 TFSI de 150 cv e 25,5 kgfm (agora somente a gasolina) e câmbio automatizado de dupla embreagem (S tronic) e seis marchas, sempre com tração dianteira.

Rodamos com a versão Black, topo de gama, por um trajeto entre São Paulo e Campos do Jordão (SP) que mesclou trechos de cidade, estrada e até mesmo off-road leve. A calibração de suspensões do novo Q3 mostrou maior compromisso com o conforto do que na geração anterior, sem deixar de lado o bom controle de oscilação da carroceria em curvas.

Apesar do torque máximo surgir a apenas 1.500 rpm, o desempenho em acelerações e retomadas não chega a empolgar. A “culpa” é da relação peso-potência desfavorável na comparação com o antecessor: são 10,5 kg/cv no novo Q3, ante 9,4 kg/cv no antigo. Dados de fábrica indicam aceleração de zero a 100 km/h em 9s3 e velocidade máxima de 207 km/h. Mesmo com tração sempre dianteira e pneus 100% asfalto, o Q3 surpreendeu pela facilidade com que venceu os trechos de terra do test-drive.

Na cabine, o logotipo das quatro argolas no volante é o único elemento de ligação entre a primeira e segunda gerações. O Q3 deu um salto em estilo, acabamento e ergonomia. Os destaques são a central multimídia MMI (agora com tela tátil de 8,8 polegadas) e o quadro de instrumentos digital de 10,2 polegadas, item que somente o Q3 não possuía no atual line-up da Audi. Há quatro entradas USB (duas à frente e duas atrás), sendo três delas do tipo USB-C. Na versão Black, um pacote opcional de luzes customizáveis permite escolher entre 30 diferentes cores.

A renovação do Q3 deve fazê-lo assumir novamente a ponta como SUV mais vendido da Audi, posto ocupado atualmente pelo Q5. Fora “de casa”, entretanto, a concorrência será mais forte, com a artilharia dos mais potentes Lexus UX 250h (181 cv), Volvo XC40 (190 cv) e BMW X1 (192 ou 231 cv), além da segunda geração do Mercedes-Benz GLA, prevista para estrear por aqui até o fim do ano. A carta na manga da Audi, entretanto, será a oferta do motor 2.0 TFSI (com opções de 190 cv e 230 cv) e da tração quattro, conjunto que dará nova alma ao menor SUV da marca no Brasil.

Versões e equipamentos

A segunda geração do Q3 estreia no Brasil em três versões: Prestige (R$ 179.990), Prestige Plus (R$ 189.990) e Black (R$ 209.990). O acabamento de entrada traz de série seis airbags, sensores de chuva e crepuscular, rodas de 17 polegadas, bancos em couro sintético, sensores de estacionamento na dianteira e traseira, central multimídia MMI, faróis em LED e câmera de ré.

A intermediária Prestige Plus acrescenta ar-condicionado digital de duas zonas, quadro de instrumentos digital de 10,2 polegadas, chave presencial, botão de partida do motor, pacote de luzes ambiente, porta-malas com abertura e fechamento sem o uso das mãos, retrovisores rebatíveis eletricamente, faróis full LED, lanternas em LED com luzes dinâmicas e rodas de 18 polegadas. O teto solar elétrico é o único opcional, por R$ 8.000 extras.

No topo da gama, a versão Black avaliada adiciona bancos dianteiros esportivos com revestimento em alcantara e ajustes elétricos, teto solar elétrico, volante de base reta e sistema de estacionamento automático. Entre os opcionais, destaque para controle de cruzeiro adaptativo (R$ 8.000), pacote de luzes internas customizáveis (R$ 3.500) e acabamento alcantara colorido (laranja, marrom ou cinza, R$ 4.000). Entre os equipamentos, ausências sentidas são as de sensores de pontos cegos e sistema de monitoramento de faixa de rodagem, itens não disponíveis nem como opcionais.

Fotos | Divulgação/Audi