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Você sabe o real papel da bobina de ignição?

Bobina de ignição é o componente responsável por multiplicar a tensão de bateria para gerar a centelha nas velas

Na matéria: Velas: Para explosões perfeitas, ressaltamos a importância de velas e cabos de ignição para o motor, mas essas peças não teriam função alguma sem o trabalho da bobina. A bobina de ignição tem a função de receber o sinal de alimentação da bateria e transformá-lo em alta tensão, que será enviada às velas para produzir a centelha que dará início à queima da mistura ar-combustível. Com a evolução dos motores, esse componente passou por vários formatos e conceitos através do tempo, mas o princípio básico de funcionamento é o mesmo.

A transformação de baixa para alta tensão é possível através do princípio da indução eletromagnética. A bobina contém dois circuitos elétricos: primário e secundário. A alimentação da bateria chega ao primário com alta corrente e baixa tensão (de 12 V a 14 V). A variação da corrente no primário gera uma variação no fluxo magnético da bobina, induzindo a alta tensão no circuito secundário, que atinge entre 20 e 30 mil Volts.

Aguentando o tranco

Bobinas costumam durar mais do que velas e cabos de ignição, mas não é por isso que deve se abusar da sorte. O principal fator de deterioração das bobinas é justamente o desgaste das velas de ignição, que pode ser natural ou provocado por outros problemas que se reflitam na câmara de combustão.

O professor de engenharia da FMU e consultor técnico das revistas O Mecânico e CARRO, Fernando Landulfo, enumera que problemas como resistência excessiva dos cabos e abertura dos eletrodos das velas maior que o normal (por desgaste ou não) sobrecarregam a bobina e provocam aumento da tensão de disparo. Ocorrências no motor como mistura muito pobre e pressão de compressão muito alta têm o mesmo efeito.

Já se a resistência dos cabos de ignição estiver muito baixa e eletrodos das velas muito fechados, causam instabilidade de funcionamento nesses respectivos componentes e diminuem a tensão de disparo da bobina. Da mesma forma, segundo Landulfo, mistura muito rica e pressão de compressão baixa também afetam a ignição pelo mesmo caminho.

E quando a bobina se desgasta, sintomas como falhas de marcha lenta, falhas de aceleração e retornos de chama no coletor de admissão podem significar que o componente da ignição precisa ser substituído. Fugas de corrente pela carcaça da bobina podem indicar trincas no componente, algo que somente é solucionado com sua substituição por uma peça nova.

E quando há mais de uma bobina?

Dentro do sistema de ignição, as bobinas são o elemento mais caro. Em sistemas com bobinas duplas ou individuais (com ou sem cabo), quando uma delas apresenta problemas, isso quer dizer que as outras também podem estar com desgaste avançado, e que em breve deverão ser substituídas.

Por isso, quando uma das quatro bobinas falhar, a recomendação é trocar todas elas para evitar que o carro volte à oficina com os mesmos sintomas de falha em uma bobina diferente. Para garantir a vida útil das bobinas, é preciso manter as velas de ignição em bom estado e conferir se a abertura dos eletrodos está correta, afirma Landulfo. “Peça também para verificar periodicamente o estado e a resistência dos cabos de alta tensão (cabos de velas) e aceitar a substituição se a resistência ficar excessiva. É necessário garantir também que a mistura ar/combustível esteja na proporção correta e evitar choque térmico na carcaça das bobinas”, explica o especialista.

E se você é daqueles que gosta de mexer no carro em sua garagem, um alerta importantíssimo: nunca tire o cabo de vela com o motor em funcionamento para verificar se há tensão entre a bobina e a vela. Conforme informações do departamento de assistência técnica da fabricante NGK, isso pode provocar danos irreversíveis ao catalisador e sonda lambda. Isso porque, quando o cabo é retirado, a tensão não é transmitida à vela, que, portanto, não produz a centelha e não faz a ignição da mistura ar-combustível dentro do cilindro.

Essa mistura não queimada sai do cilindro pela(s) válvula(s) de exaustão e vai parar no catalisador. Como o catalisador trabalha em temperaturas de 300°C ou mais, a mistura entra em combustão ao ter contato com a peça, elevando ainda mais a temperatura na região e danificando as colmeias. As sondas lambdas podem ser afetadas pelo aumento de temperatura porque, na maioria dos veículos, estão bem próximas ao catalisador. Um prejuízo bastante considerável.

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