Texto e fotos: André Schaun
Com ótima dirigibilidade e visual renovado, o automático de entrada da Jeep ainda carrega velhos fantasmas
Há cinco anos, a Jeep estava na crista da onda em vendas globais, fechando o ano com 1.017.019 emplacamentos, um aumento de 39% em relação a 2013, a maior diferença positiva de um ano para o outro na história da marca até então. O Brasil teve uma parcela de contribuição praticamente imperceptível nesses mais de 1 milhão de vendas, já que o modelo mais vendido em terras tupiniquins foi o Cherokee, com 2.325 veículos, oferecida apenas na versão Limited, por R$ 174.900. Mas 2015 prometia ser uma avalanche de vendas com o lançamento do Renegade.
Apresentado ao público brasileiro no Salão do Automóvel de 2014, o SUV compacto causou alvoroço no público. “Para você fazer história”, esse era o slogan nas campanhas publicitárias do Renegade antes de inciar as vendas. O SUV compacto foi apresentando em forma de poema, despertando aquela sede pela vida, pela natureza e pela juventude, como algo revolucionário, que servia tanto para a cidade quanto para aventuras. A estratégia da marca, que pertence ao Grupo Fiat Chrysler Automobiles (FCA), era a seguinte: lançar um carro da Jeep acessível e torná-lo popular no Brasil. E não é popular entre aspas, é realmente popularizar uma marca que até então era sinônimo de 4×4 para quem busca adrenalina e de SUV para uma classe social mais privilegiada.
Produzido em Goiana, Pernambuco, o Renegade foi o primeiro modelo, depois da junção Fiat Chrysler, a ser fabricado no Brasil. O lançamento foi em março de 2015, partindo dos R$ 69.900, na versão Sport 1.8 fl ex, ou seja, mais de R$ 100 mil mais barato que o Cherokee. E o tiro da marca foi certeiro, em oito meses de venda o Renegade fechou o ano de 2015 com 39.187 carros nas ruas, sendo o segundo SUV mais vendido do país, atrás somente do Honda HR-V que emplacou 51.155. Neste mesmo ano a Jeep bateu o recorde de vendas mundiais de 2014, com 1.237.583 veículos; 22% a mais que o ano anterior.
O tempo passou, e o Renegade viveu altos e baixos – principalmente depois da chegada do seu irmão maior, o Compass, que foi líder no segmento de SUVs em 2017 e 2018 –, mas sempre fechou os anos com vendas superiores a 38 mil; tendo seu auge em 2016, quando emplacou 51.563 modelos. E depois de três anos e meio no mercado, finalmente o Renegade ganhou sua primeira reestilização, em outubro do ano passado.
Ligeiro tapa no visual!
Seu visual bem diferenciado dos principais rivais – Honda HR-V, Hyundai Creta, Nissan Kicks e Ford EcoSport – foi mantido, ganhando pequenas alterações para deixá-lo um pouco mais ousado.
O para-choque dianteiro foi remodelado, a grade frontal ganhou novo desenho, mantendo as tradicionais sete fendas, mas agora levemente alargadas; os faróis continuam circulares, mas com design interno diferente. As versões com motor flex ganharam o para-choque das opções a diesel, melhorando o ângulo de entrada, ide 20 para 27 graus. As versões Limited e Trailhawk ganharam faróis com LEDs, incluindo luzes de rodagem diurna integradas em formato de argola.
Na traseira as mudanças foram ainda mais discretas, o puxador do porta-malas agora está em posição mais elevadas; antes do facelifi t essa abertura ficava em uma fenda logo acima do para-choque.
No interior também não se pode dizer que houve uma mudança muito considerável. O console central ganhou algumas alterações para oferecer mais espaço aos passageiros e teve reposicionamento de alguns botões. O multimídia, que perdeu a moldura com a inscrição “Since 1941”, com tela tátil de 8,4 polegadas – exceto no Sport, que é de 5” –, tornou-se de série tanto no Renegade Longitude – flex e diesel – quanto nos Limited flex e Trailhawk, sendo a maior da categoria; o sistema é compatível com Android Auto e Apple CarPlay. O SUV também recebeu entrada USB para os ocupantes do banco traseiro e o porta-malas ganhou 47 litros, totalizando 320 litros. Além disso, ganhou opções de rodas de 17 a 19 polegadas.
Redução de preço no Brasil, turbinada no exterior!
Um dos grandes destaques que veio junto com essa reestilização foi a redução de preço na versão automática de entrada, a Sport, que antes era R$ 91.490 e foi para 83.990; mas com a entrada de 2019 o preço foi reajustado para R$ 85.990.
Testamos exatamente essa versão Sport 1.8 automática de 6 marchas, que deve representar metade das vendas do modelo, pelo menos é o que espera a fabricante. Antes de tudo vale ressaltar que nenhuma versão teve alteração em relação a motor, portanto, a Sport 1.8 continua com os mesmos 139 cv de potência e 19,3 kgfm de torque, com etanol no tanque.
Em outros países, o Renegade ganhou mudanças na mecânica, com a introdução dos motores turbo, que devem chegar por aqui: 1.0 de 3 cilindros de 120 cv de potência e 19,3 kgfm de torque, e o 1.3 de quatro cilindros de 150 ou 180 cv de potência, os dois com 27,5 kgfm de torque. Informações extra oficiais dão conta que a versão 1.3 chega às concessionárias ainda em 2019.
Como anda
A opção de entrada do SUV compacto conta com auxílios ao motorista, como controles de estabilidade e tração, controle de estabilidade para trailer, controle anti capotagem, e assistente de partida em rampas. Traz freio a disco nas quatro rodas, encosto de cabeça e cinto de três pontos para os cinco ocupantes e engates Isofix para dois bancos infantis. Airbags, só os obrigatórios dianteiros.
Essa pouca agilidade faz as marchas mais curtas do câmbio serem usadas com mais frequência resultando em rotações mais altas para entregar um desempenho mais empolgante ao motorista. A consequência disso é um consumo elevado, registrando média de 6,5 km/l (etanol) na rodagem urbana, o que é bem elevado. Já em percurso rodoviário, a média foi de 8,8 km/l. Mas as maiores qualidades do Renegade continuam melhores do que nunca. Sua suspensão
independente nas quatro rodas, do tipo McPheron garante um conforto incrível aos passageiros e encara qualquer buraco, solo irregular, lombada e valeta tranquilamente, oferecendo uma ergonomia excelente para quem está dirigindo e realizando manobras suaves e precisas com a direção eletroassistida. A sensação de robustez e imponência dentro do SUV compacto também desbanca qualquer um de seus principais concorrentes.