Após a chegada do Corolla híbrido flex, o Toyota Prius ainda faz sentido no mercado brasileiro?
Com a iminência da chegada do Corolla híbrido flex, o Prius parecia ter perdido o sentido no portfólio da Toyota no Brasil. Mas a marca tratou de atualizar o sedã de visual incomum antes mesmo da chegada da nova geração do líder de vendas entre os médios. Importado do Japão, o Prius aposta no estilo fora do comum e no baixo consumo de combustível para continuar como uma alternativa ao “irmão” nacional. Vale a pena?
A linha 2019 do Prius traz o mesmo visual reestilizado que estreou nos Estados Unidos no final do ano passado. A dianteira possui arranjo, digamos, mais “convencional”. Os faróis principais perderam a extensão em direção ao para-choque, enquanto os faróis de neblina abandonaram o formato triangular para adotar desenho circular.
A mecânica continua exatamente a mesma, formada pelo motor 1.8 a gasolina de ciclo Atkinson com 98 cv e 14,4 kgfm e outro motor elétrico de 72 cv e 16,6 kgfm – a potência combinada é de 122 cv. O câmbio é automático do tipo continuamente variável (CVT), sem simulação de marchas.
Em relação à linha anterior, o porta-malas ganhou 30 litros extras de capacidade, graças à adoção de estepe do tipo temporário – ao todo, são 442 litros. O acesso é facilitado pelo arranjo da tampa traseira, que eleva junto os dois vidros.
O Prius oferece uma experiência diferente para quem o dirige pela primeira vez. Com acionamento eletrônico, a manopla de câmbio fica no painel. Não há alavanca de freio de estacionamento, e ele não é do tipo eletromecânico: para acioná-lo, é preciso pressionar um obsoleto pedal na região do apoio de pé. A marcha a ré funciona sempre no modo elétrico – o que exige que ela esteja carregada ao andar para trás em lugares íngremes – e a visibilidade para trás requer algum tempo de adaptação pelo vidro traseiro bipartido.
Na aceleração de zero a 100 km/h, o Prius precisou de 12 segundos – o Corolla Altis Hybrid fez a mesma prova em 11s3. Nas retomadas, o modelo importado inverteu o jogo sobre o sedã nacional: foram 11s9 na passagem de 60 a 120 km/h, ante 12s3 registrados pelo Corolla. Se os números de desempenho passam longe de empolgar, os dados de consumo de gasolina mostram a razão de ser do Prius: as médias de 21,2 km/l na cidade e 19,2 km/l em ambiente rodoviário permitem que a autonomia chegue próxima dos 900 km com um único tanque cheio. O Corolla, testado com etanol, fez média PECO de 14,3 km/l.
Corolla Hybrid e Prius estão posicionados muito próximos na gama. Enquanto o sedã nacional parte de R$ 124.990 e chega a R$ 130.990 com o pacote opcional de condução semiautônoma, o importado é vendido em pacote fechado por R$ 128.530. Apesar de ter preço de revisões até 30 mil km ligeiramente menor na comparação com o Corolla (R$ 1.367 x R$ 1.529), o Prius tende a ser mais caro de manter no longo prazo devido à quantidade de peças importadas. Prós e contras elencados, o cenário fica mais favorável ao sedã produzido em Indaiatuba (SP).
Fotos: Renan Senra